O AMOR NO CINEMA

Sem dúvida que o amor sempre foi e será o tema mais versado na sétima arte.

Do tempo do cinema mudo, ficou célebre o amor desesperado de John Gilbert, que consta ter-se suicidado, por Greta Garbo recusar os seus desígnios amorosos. Pior foi saber que o coração da diva sueca, o icebergue, pendia mais para o seu próprio sexo. Ela foi sempre um enigma, até morrer.

Sem dúvida que “E tudo o vento levou”, (1939), permanecerá como o mais famoso filme de amor da história do cinema, seus protagonistas ficarão para a eternidade ligados às suas personagens: Vivien Leigh, Clark Gable, Olivia de Havilland e Lesley Howard. No ambiente fortemente racista do Sul (de que ainda permanecem algumas reminiscências), a história cruza a guerra civil e os quatro vivem amores fortes, salpicados pelo infortúnio, e termina de forma épica, com palavras de esperança.

Para a história do cinema também ficará “Casablanca”, (1942), um triangulo amoroso com espionagem pelo meio e Humphrey Bogart e Ingrid Bergman a mostrarem todo o seu talento. Ficam na memória algumas cenas, nomeadamente a canção tema, plena de simbolismo, “As time goes by” e o final do filme, no aeroporto.

Entre outros filmes onde a complexidade do amor é bem exposta, cito Ossessione, um filme italiano filmado em 1943, que então foi fortemente censurado pelas autoridades, realizado pelo conceituado realizador Luchino Visconti e baseou-se na obra de James M. Cain, adaptando a história de um triângulo amoroso à paisagem rural italiana.

Um remake foi feito em 1946, desta vez rodado na América do Norte e protagonizado pelos atores do momento – John Garfield e Lana Turner - e que retoma o mesmo tema: um affair, um triângulo em que o marido é o elo mais fraco, o crime e depois o castigo. Não por acaso, o filme chamou-se “O Destino bate à porta”.

Em 1981, já rodado a cores, foi feito o último remake, desta vez com o título “O carteiro toca sempre duas vezes”, foi protagonizado por Jack Nicholson e Jessica Lange e resultou num filme com cenas "calientes", muito para além do argumento original. Artisticamente é o mais fraco dos três.

O melodrama mais conhecido será, sem dúvida, “O grande amor da minha vida” (1957), com Gary Grant e Deborah Kerr.

Um galã e uma cantora de clubes noturnos têm um romance a bordo de um cruzeiro que faz a travessia da Europa para Nova Iorque. Como ambos são comprometidos com outras pessoas, combinam separar-se ao chegar a Nova Iorque e reencontrarem-se seis meses depois no Empire State Building. Terry sofre um acidente que não lhe permite comparecer ao encontro, o que leva Nicky a pensar que ela já não o ama e que se terá casado com o antigo namorado. Este filme constitui o paradigma daquilo que na realidade o ciúme e a falta de confiança podem causar.

África Minha (Out of Africa) (1985), realizado por Sydney Pollack, foi protagonizado por Robert Redford e Meryl Streep e baseou-se na autobiografia da dinamarquesa Karen Blixen.

A baronesa é apresentada como uma mulher forte e determinada que dirige uma plantação de café no Quénia e se apaixona por África e também por um caçador aventureiro (R. Redford). Num mundo de homens de negócios, consegue conquistar a admiração dos seus

rivais.

São famosas as maravilhosas paisagens e também a cena final em que leões ficam junto da campa do caçador, como que lhe prestando uma última homenagem.

“Titanic” (1997) ficou famoso pelos espetaculares meios técnicos utilizados na sua rodagem e também pelo desempenho de Leonard di Caprio e de Kate Winslet. O fio amoroso desenvolvido ao longo do filme e o trabalho seguro do realizador James Cameron – filmar um filme catástrofe não é tarefa fácil – fizeram dele um dos maiores sucessos de bilheteira de sempre.

Outro filme de Meryl Streep, “As pontes de Madison” (1995), realizado e também protagonizado por Clint Eastwood (Robert Kinkaid), alcançou as luzes da fama. Este desempenha o papel de um fotógrafo freelance ao serviço da National Geographic, que tem por missão fixar em imagens as célebres pontes de madeira daquele condado rural. Fortuitamente, encontra uma dona de casa, vulgar por aquelas paragens, Meryl Streep (Francesca), que tem o marido ausente de casa e a empatia entre eles leva ao romance. A análise íntima das personagens é soberba, sobretudo da interpretada por Meryl, frustrada pelo seu isolamento face aos sonhos que sempre alimentou.

A luta interior sobre o que decidir para o futuro, o marido e os filhos, leva-a a decidir-se pelo conforto e o comodismo.

Muito interessante é também a história paralela, quando os filhos descobrem três livros de memórias da mãe e assim ficam a par do devaneio da progenitora.

Por último, cito o filme mais recente.

Nicholas Sparks escreveu uma série de romances, sempre com grande sucesso, e viu onze deles adaptados a cinema. De todos o mais famoso é “Palavras que nunca te direi” (1999), protagonizado por Kevin Costner e Robin Wright. Esta, no papel de uma jornalista editora, descobre uma estranha mensagem numa garrafa na praia. Decidida a procurar o autor daquelas palavras, parte numa viagem de auto-descoberta.

Este filme também constitui uma homenagem a Paul Newman, pois foi o seu último filme.

Muitos outros filmes poderiam figurar nesta lista, no entanto prevaleceu o meu gosto pessoal.

Se ainda não viram todos, aproveitem pois não darão o tempo por perdido.

Ferreira Estêvão
Enviado por Ferreira Estêvão em 31/01/2019
Reeditado em 31/01/2019
Código do texto: T6564201
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