Anomalisa

Michael Stone um palestrante de meia idade que apesar de bem-sucedido carrega um ar melancólico devido a insatisfação de sua vida pessoal. Devido a uma apresentação em sua agenda terá de passar a noite numa cidade por onde abandonou a garota que talvez tenha sido o único amor de sua vida e a volta a este lugar faz muitos arrependimentos virem à tona. Mesmo sendo casado atualmente, envolto por um sentimento de nostalgia e remorso ele cede as tentações e telefona pra velha amiga a fim de marcar um encontro, o que dará início a uma noite de pré-apresentação mais longa do que o esperado.

Minhas impressões

Simplesmente fantástico! Profundamente tocante, explora de uma forma muito cristalina e delicada a questão da satisfação humana, a procura pela felicidade no exercício de amar alguém e ser amado. A antiga namorada de Michael ilustra um típico caso daqueles amores juvenis no qual você se imagina como seria sua vida se tivesse se casado com aquela determinada pessoa, por exemplo: a primeira namorada. No entanto, a atual realidade já não propícia essa oportunidade e os sentimentos em suma são apenas vestígios de algo passado. Diferentemente, Lisa representa o presente, uma possibilidade de ser feliz no agora. A forma como Michael a “vê” ouvindo apenas o seu tom de voz, a ternura a qual ele a trata ignorando o problema dela de baixa autoestima e a admiração que ela tem por ele, esboçam um sentimento recíproco que parecesse que eles finalmente encontraram o amor verdadeiro, mas o filme que já tem uma atmosfera depressiva interrompe esse clima de romance trazendo uma ótica ultra-pessimista em relação ao amor, mostrando a total efemeridade desses sentimentos.

Recheado de passagens belíssimas, um destaque para a cena na qual Lisa canta “girls just wanna have fun”, mostrando um singelo ato de intimidade entre estranhos e o contraste na forma melancólica como ela canta em relação a letra da canção.