Azkaban

AZKABAN
Miguel Carqueija

A franquia de Harry Potter, baseada nos livros de Johanna K. Rowling, é uma das mais bem sucedidas da história do cinema e com certeza rivalizou vantajosamente com franquias de Hollywood. Como se sabe, o cinema inglês é em média bem melhor que o norte-americano.
O terceiro episódio é movimentado, trágico e bastante sombrio. Há pouca distância entre a fantasia de Harry Potter e o cinema de terror. Por outro lado, apesar da qualidade superior da história (com personagens marcantes e muito bem delineados) não devemos perder de vista o aspecto mórbido da trama e também a ausência de religião. Deus é o grande ausente, sequer mencionado — substituído pela bruxaria (o “além” se resolve aqui mesmo, eis que os fantasmas circulam livremente por Hogwarts, ou habitam os quadros).
No mundo dos bruxos concebido por J.K. Rowling aparentemente não há lugar para outros assuntos. Nesse mundo dentro do mundo não se ouve falar em problemas sociais e sequer em agricultura. Como se rege a economia? Até o esporte é um bruxedo — o quadribol, disputado apenas pelos meninos. Não se ensina senão bruxaria.
Apesar disso a história é envolvente. Anuncia-se que certo criminoso de fama, Sirius Black, fugiu da prisão de Azkaban e ele estaria envolvido com o assassinato dos pais de Harry Potter. Aqui se nota claramente que Harry Potter, agora com 13 anos, não é um santo, quando declara colérico a sua disposição de matar Sirius.
Ronny Weasley parece mais interessado em proteger seu rato Perebas, que acaba se revelando a identidade secreta de um dos vilões, numa solução algo ridícula. O Professor Snape poderia ser um personagem de filmes de pavor; sua sinistrose é altamente desenvolvida. O personagem Professor Lupin é o lobisomem — e seu nome é por demais revelador — só que é um lobisomem por demais deformado.
O drama se concentra no caso do hipogrifo Bicuço, que Hagrid mostra à turma na entrada da Floresta Negra. Harry consegue fazer amizade com ele, mas o insuportável Draco Malfoy (draco=dragão) provoca o bicho e é por ele atacado. Fazendo um cavalo de batalha, ajudado pelo pai, consegue que o animal seja condenado á morte. Isso resultará na cena que, de longe, é a melhor do filme — o soco espetacular que Hermione Granger dá em Draco, depois de chamá-lo de “barata asquerosa”.
Segue-se a arrojada aventura em que, utilizando um “vira-tempo”, Hermione arrasta Harry para reverter os acontecimentos, evitando a execução do Bicuço e com a sua ajuda libertando Sirius Black, cuja inocência torna-se clara para os heróis.
No fundo o melhor aspecto em “Harry Potter” é a valorização da amizade e da lealdade, na ligação entre Harry Potter, Hermione Granger e Ronny Weasley, unidos em meio aos mais tenebrosos perigos.

Rio de Janeiro, 23 de dezembro de 2018.

FICHA TECNICA
Apresentação: Warner Bros. Pictures. Inglaterra, Heyday Films/1492 Pictures, 2004. Supervisão de J.K. Rowling. Produção: David Heyman, Chris Columbus e Mark Radcliffe. Direção: Alfonso Cuarón. Roteiro de Steve Kloves, baseado no romance de J.K. Rowling. Título original: “Harry Potter and the prisioner of Azkaban”. Música: John Williams.
Elenco:
Daniel Radcliffe................................Harry Potter
Emma Watson..................................Hermione Granger
Rupert Grint.....................................Ronny Weasley
Alan Rickman...................................Severo Snape
Robbie Coltrane..................................Rubeo Hagrid
Richard Griffits.....................................Tio Vernon
Fiona Shaw...........................................Tia Petúnia
Maggie Smith.......................................Minerva McGonagall
Tom Felton...........................................Draco Malfoy
Gary Oldman........................................Sirius Black
Michael Gambon..................................Alvo Dumbledore
David Thewlis........................................Remo Lupin
Emma Thompson..................................Sibila Trelaw