O quarto filme do Tio Maneco

O QUARTO FILME DO TIO MANECO
Miguel Carqueija

Resenha de “Os porralokinhas”. Gabo Filmes, Rui Farias Produções, Lereby, Borboletas na Barriga e Universal Studios do Brasil, 2007. Produção: Rui Farias. Direção: Lui Farias. Roteiro: Lui Farias, Melanie Dimantas, Riva Farias, Bernardo Guilherme.
Elenco:
Miguel Rômulo....................................Bena
Rafael...................................................Macarrão
Maria Mariana Azevedo.......................Lulu
Maitê Lima...........................................Manu
Heloísa Perissé.....................................Priscila Escarlete
Lúcio Mauro Filho................................Pierre Caiman
Flávio Migliaccio..................................Tio Maneco
Márcia Cabrita.....................................Guerda
Denise Fraga........................................Magali
Dani Valente........................................Cacau
Antonio Calloni....................................Beto
Paulão Duplex.....................................Baby
Patrick de Oliveira...............................Kalu
Maria Clara Gueiros............................Aeromoça
Clóvis Bueno.......................................Pajé

Eu creio que não assisti o seriado de tv onde Flávio Migliaccio fazia o Tio Maneco, o homem que gostava de levar os sobrinhos para aventuras absurdas e contra a vontade dos respectivos pais. Mas vi os três filmes de longa-metragem dos anos 70, exibidos na televisão muitos anos depois. Eram divertidos.
Ressuscitar o personagem ainda vivido por um Migliaccio envelhecido três décadas, ou seja, três décadas desperdiçadas, não foi uma ideia tão boa assim. O personagem está irreconhecível e o argumento não tem pé nem cabeça, terminando com um “non sense” que sugere ser tudo história contada pela amalucada Priscila Escarlate, a mulher do passado misterioso que afinal participa aos trancos e barrancos dos apuros dos dois garotos e das duas meninas.
O próprio Tio Maneco participa pouco e nem se entende direito o seu desejo de atrair para a selva sobrinhos-netos que ele nem conhece, só para reviver o passado de aventureiro aliciador de sobrinhos. Ele teria permanecido esse tempo todo na selva junto com os índios com medo de enfrentar os pais dos sobrinhos , tornando-se assim uma lenda.
O resultado final é melancólico, sem brilho, com poucas piadas aproveitáveis além de absurdos como a excursão de crianças à floresta onde descem de pára-quedas, coisa impensável no mundo real. Quanto ao muiraquitã encantado do pajé e o feitiço lançado sobre o vilão, que vai aos poucos virando réptil e quer se livrar da maldição, nem de longe convencem como argumento.

Rio de Janeiro, 2 de fevereiro de 2020.