Análise do filme Amor Fluido, de André Zaady

Assisti ao filme Amor Fluido, escrito e dirigido por meu amigo cineasta, André Zaady, e que está disponível gratuitamente no canal Livres Filmes Brasil, no YouTube.

Trata-se de um longa LGBT independente, que apesar dos poucos recursos, tem uma trama bem envolvente. Narra a história conflituosa de um triângulo amoroso entre um rapaz que se considera bissexual, sofreu grandes traumas na infância, mas que tem caráter duvidoso e se envolve sexual e afetivamente com uma mulher e um gay, na verdade uma drag queen com muitos trejeitos. Hugo, o rapaz bi, engana e mente covardemente sobre seu romance tanto para Duda (a drag), quanto para Scarlet. A verdade só é revelada quase no final e Duda toma uma atitude precipitada (essa foto revela exatamente que atitude foi). Olhando por um viés positivo, o filme merece aplausos pela ousadia em abordar temas muito polêmicos em tempos tão sombrios em que o conservadorismo avança a passos largos, tem muita cena de sexo e nudez sem pudores, deu visibilidade à cultura LGBT e mostrou uma protagonista empoderada sobre seu corpo (no caso da Scarlet) ainda que a tornando vilã aos olhos do público, tem uma bela fotografia, edição e trilha sonora. Nesse quesito André está de parabéns, por ter conseguido obrar milagre com pouco recurso.

As críticas negativas existem e não são poucas: as atuações são meio caricatas e canastrões beirando o improviso; o roteiro é muito conveniente para levar a certas situações chaves (ou então não haveria trama, conflito) e o que considero mais evidente: a figura do homem com pinta de hétero, macho, desprovido de qualquer indício de homossexualidade foi exaltada o filme inteiro, e o personagem Duda tem uma vida pautada nas frustrações amorosas e parece precisar de um tipo como Hugo na sua vida, para que ele possa ser feliz. E o desfecho provou isso. Apesar das ressalvas, é um bom filme e merece ser prestigiado.