O GAMBITO DA RAINHA

(Netflix). Uma série inesquecível que prende a atenção do início ao fim. É baseada no livro homônimo de Walter Trevis e conta a história de Beth Harmon (Anya Taylor-Joy), uma menina órfã que se revela um prodígio no Xadrez.

Aos 22 anos ela está prestes a se tornar a maior enxadrista do mundo, mas para que o sucesso aconteça, ela precisa lutar contra o vício. E quanto mais aprimora suas habilidades no tabuleiro, mais o álcool e as drogas lhe parecem tentadores.

Ambientada nos anos sessenta a história é marcante e recheada de personalidades ultra complexas. O roteiro é ótimo. Achei os diálogos super bem construídos, sem deixar brechas, pelo menos eu não vi nenhuma.

E tem as roupas... ah, as roupas! além de esplêndidas, retratam com primor o amadurecimento que acontece em todas as fases pelas quais a protagonista vai passando, desde a menina invisível até o glamour da enxadrista de sucesso.

Beth Harmon é um gênio, um prodígio no Xadrez. Sua personalidade é forte e perspicaz e sua capacidade de memorizar os lances é impressionante. Mas apesar do talento extraordinário, a série mostra que a protagonista tem suas dificuldades e, como qualquer pessoa normal, tem que lidar com os fantasmas que lhe assombram, incluindo-se aqui a dependência dos calmantes e do álcool. Sem amigos, seu conforto está apenas no Xadrez, esporte que conheceu no orfanato e aprendeu a amar desde criança, mas que, ao mesmo tempo, tornou-se um sofrimento, pois sua obsessão pela vitória exige um sacrifício monumental. Contudo, gênio é gênio e ela vence milhões de obstáculos e conquista seu espaço num mundo totalmente masculino.

Genialidade à parte, gosto de pensar que o amadurecimento da personagem e seu autoconhecimento foram fundamentais para sua ascensão como enxadrista profissional, no meio de tantos homens preconceituosos.

Aplausos para a atriz Anya Tayloy Joy que interpreta Beth Harmon. Não deve ser fácil interpretar um personagem com características tão peculiares.

Nota mil para a "fórmula" do sucesso que a direção conferiu à personagem: apesar de transparecer o preconceito (real) contra a mulher, em nenhum momento o caminho de Beth foi interrompido pelo sexismo: nada de mulheres em perigo, nem de homens psicopatas tentando molestá-la. Tanto o padrasto dela, como o zelador do orfanato eram homens bons. Assim também sua mãe adotiva, Alma, jamais criticou suas posturas e nunca tentou "segurá-la" em casa, para que desistisse do Xadrez.

Adorei o final. Aparece ela, linda e glamurosa, caminhando em território amigo. Está “em casa” e tudo está no seu lugar.

Em tempo: Com o estrondoso sucesso da série, o Xadrez virou o centro das atenções. Pelo menos é o que diz o Google Trends, (ferramenta que mapeia as tendências do que se está buscando – e, consequentemente, conversando on line). Dei uma passada geral pelas redes e os grupos de Xadrez já estão analisando as partidas mostradas na tela. Óbvio que isso era esperado pelos produtores da série, tanto que eles foram a fundo, não só nas jogadas, mas também na história do Xadrez, afinal, é certo que, para quem conhece o jogo, uma produção superficial jamais iria convencer. (Escrevi essa resenha, em 2020, assim que acabei de assistir).

Resumo da ópera: eu que sou amante do Xadrez, acho que a Netflix acertou em cheio com essa série e conseguiu transmitir, lance a lance, a emoção do xadrez! Adorei!

Título original : The Queen’s Gambit

Criado por Scott Frank, Allan Scott

Elenco: Anya Taylor-Joy, Marcus Loges, Janina Elkin

Nacionalidade EUA - 2020

Marli Soares Borges
Enviado por Marli Soares Borges em 31/05/2021
Código do texto: T7268740
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