O Sepulcro Indiano (Das Indische Grabmail - 1959) - de Fritz Lang

Nesta segunda e última parte do romance do arquiteto alemão Harald Berger (Paul Hubschmid) com a dançarina Seetha (Debra Paget) há uma sucessão de episódios de estontear, e prender a atenção de, quem acompanha a aventura, que se desenrola em capítulos alternados de dois cenários, que se cruzam: os protagonizados por Harald Berger e Seetha e os que ocorrem no palácio do marajá Chandra (Walter Reyer), capítulos, estes, divididos entre os animados por Chandra e o casal Rhode, Walter (Claus Holm) e Irene (Sabine Bethmann), e os que envolvem Ramigani (René Deltgen) e o príncipe Padhu (Jochen Brockmann).

Chandra, enraivecido, insiste em exigir de Walter Rhode a construção de um sepulcro, que serviria, era seu desejo, de túmulo para Seetha, mas o arquiteto não tinha a intenção de construí-lo, todavia, prisioneiro no palácio do marajá e desejoso de saber o destino de Harald Berger, seu cunhado, resigna-se, não a cumprir a ordem de Chandra, mas a conservar-se em Bengala para descobrir que fim levara o irmão de sua esposa. Enquanto os Rhodes, com o talento que fez a fama de Sherlock Holmes, investigam o caso que muito os intriga, e colhem informações que os deixam apreensivos, e tiram de um esquivo e amedrontado Asagara (Jochen Blume), que se via num dilema enervante - ou dedicava lealdade ao marajá, seu senhor, ou a Harald Berger, seu amigo - alguns dados que lhe aumentam as suspeitas acerca das intenções de Chandra, Ramigani, o irmão mais velho do marajá, trama a remoção de seu irmão do trono de Bengala, com a ajuda, indispensável, do príncipe Padhu, que, orgulhoso, não queria ver uma dançarina ocupando uma posição, a de esposa de Chandra, que outrora pertencia à sua falecida irmã, Marani. Harald Berger e Seetha viviam numa vila, em fuga, caçando-os Ramigani, e vem a serem por ele capturados. Seetha é levada ao Palácio de Chandra; e Harald Berger ao calabouço. Sucedem-se os episódios; desenrola-se a trama. A apreensão de Ramigani é visível; e ele se ocupa de criar o ambiente apropriado ao casamento de Chandra e Seetha, e para executar o seu plano precisaria do apoio do príncipe Padhu, o que ele teria se persuadisse Chandra a desposar Seetha, mas Chandra não pretendia casar-se com ela, pois sabia que ela, ao contrário do que ouvia de Ramigani, fugira com Harald Berger sem que este a coagisse à fuga. É interessante o cinismo de Ramigani, que, ao mesmo tempo que planeja a perdição de seu irmão, fá-lo acreditar que ele, Ramigani, o ama e quer-lhe a felicidade ao lado de Seetha. E Harald Berger, acorrentado, no calabouço, só, luta pela sobrevivência, e é bem-sucedido em seu ingente esforço, em nenhum momento, embora adversa a sua situação, seu ânimo vindo a esmorecer. E a história, enfim, chega ao episódio derradeiro, o do ritual de casamento de Chandra e Seetha, quando se dá a intervenção do sacerdote Yama (Valéry Inkijinoff), que se opunha ao enlace matrimonial entre o marajá e a dançarina e não apoiava a ação traiçoeira de Ramigani e Padhu, mas que, ao opor-se a Chandra, foi de auxílio imenso aos dois ladinos inimigos dele. E entra em cena o general Dagh (Guido Celano). E todos vivem felizes para sempre. Todos, não; o arquiteto alemão e a dançarina, sim - o que não surpreende ninguém; e não estou, aqui, a revelar nenhum segredo escondido a sete chaves, afinal, os heróis, em romance de tal gênero, o destino sempre os presenteia com a felicidade.

E adiciono dois pontos, que me chamaram a atenção: o destino de Chandra, para mim inusitado, que muito me surpreendeu; e a ausência de uma explicação para a origem de Seetha, se era ela de pai irlandês - tal suspeita em suspenso em O Tigre de Bengala.

É O Sepulcro Indiano uma aventura com reviravoltas verossímeis, todas a formar uma arquitetura dramática muito bem elaborada.

Ilustre Desconhecido
Enviado por Ilustre Desconhecido em 08/10/2021
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