Liberation - filme 2 - Breakthrough (1968) - direção: Yuri Ozerov

Neste segundo filme da série dirigida por Yuri Ozerov as batalhas entre alemães e russos, nazistas e comunistas soviéticos, após o ocorrido no Kursk, sucedem-se intensas, ferozes, em Kiev. Os soviéticos atravessam o rio Dnieper, com jangadas rústicas compostas de toras de madeira e por meio de cabeças-de-ponte (pontes improvisadas, de metal, sobre barcos, ao largo do rio). Os soviéticod usam de artimanhas para ludibriar os alemães, pistas falsas, avançam por um certo ponto do rio Dnieper, atraindo para este ponto a atenção dos alemães, enquanto, por outro ponto, atravessam o rio e os surpreendem. Tem papel fundamental em tão ingente tarefa Sergei Tsvetayev (N. Olyalin), que testemunha a morte de Sashka (S. Nikomenko), no bosque, logo após fugirem dos alemães passando pela vila de Lyutezh. Eram eles e outros russos iscas que os comandantes soviéticos usaram para despistarem os nazistas. Recebem os soviéticos, de Stálin (Bukhuti Zakariadze), a ordem de tirar das mãos dos nazistas Kiev, o que eles fazem até a data aprazada. Enquanto a guerra, no campo de batalha, às margens do rio Dnieper, prossegue sangrenta, os anglo-americanos avançam pela Sicília. Às cenas protagonizadas pelos britânicos e americanos alude-se; mas não são exibidas. E Hitler (Fritz Diez), enraivecido por causa dos reveses que seu exército sofrera em Kursk, e Mussolini (Ivo Garrani), abatido, amedrontado, indeciso, tímido, amedrontado, diante de seu congênere nazista, discutem, preocupados com o trágico destino dos italianos na Sicília. E o rei da Itália empreende a prisão de Mussolini, que é resgatado, numa façanha arriscada, dir-se-ia heróica, por Otto Skorzeny (F. Piersic), a mando de Hitler. E segunda discussão se dá entre os dois aliados, o alemão a se impôr ao italiano.

Ao final, encontram-se, em Teerã, Stálin, sempre sereno e ponderado, Roosevelt (S. Jaśkiewicz), sempre sorridente, e Churchill (Y. Durov), sempre a carregar um charuto à boca. E discutem os três a possibilidade de se abrir segunda frente de batalhas, na França, sugere Stálin, na Iugoslávia, propõe Churchill.

Quero destacar, aqui, a batalha que se desenrola na vila de Lyutezh, russos a fugirem, pelas suas ruas, de bombardeios alemães, que despejam, de aviões, bombas; morrem muitos russos. É um episódio de beleza visual extraordinária.

Embora o filme trate dos horrores da guerra, o diretor Yuri Ozerov não descura da estética; pode-se falar de uma estética da guerra, uma estética cinematográfica, que cativa e deslumbra quem ao filme dedica atenção. Exibe o filme a feiúra da carnificina, mas sem deixar de sensibilizar as pessoas para o que há de mais feio, de mais horrendo, de mais tétrico. Não expõe, do corpo humano, sangue e órgãos a espirram-se, para todos os lados, sempre que alvejados por algum projeto ou objeto qualquer em cenários visualmente repulsivos - o que é comum nos filmes americanos recentes, de guerra, de outro gênero qualquer.

É o filme espetáculo narrativo, cinematográfico, estético, visual.

Ao final, à meia-noite do dia 31 de Dezembro de 1943, os russos, em marcha por região coberta de neve, comemoram o alvorecer do ano de 1944.

... e a guerra continua...

Ilustre Desconhecido
Enviado por Ilustre Desconhecido em 23/10/2021
Código do texto: T7369616
Classificação de conteúdo: seguro