A DEUSA NEGRA episódio 18: convergência para a batalha final

Já notei há muito que, nos esquemas de fantasia, com frequência os elementos conflitantes são de tal modo importantes que, mesmo inseridos em nosso mundo contemporâneo, importam mais que tudo. Harry Potter, de J.K. Rowling, por exemplo, não se preocupa com o comunismo, a contra-cultura, o Islã ou o neoliberalismo; todo o seu idealismo é combater Voldemort e seus bruxos maus.

Assim, em "Kurokami" (A deusa negra) os problemas do mundo moderno não importam para a Princesa Kuro, e sim combater seu irmão Reishin e todos os que utilizam o Sistema Doppelganger para fazer o mal, venham ou não da Terra Sagrada.

E agora os combates estão se decidindo na própria Terra Sagrada onde Kuro nasceu, como membro da secreta raça "mototsumitama".  Kuro, a "deusa negra" do título da série, é uma figura especial que transmite bondade e em circunstâncias normais é ingênua e infantil, mas sabe que tem o dever de lutar, enquanto seu irmão representa a crueldade.

 

 

Resenha do capítulo 18 (Mudança) do seriado japonês de animação "Kurokami" (A deusa negra). Estúdio Sunrise, 2009. Direção: Tsuneo Kabayashi. Roteiro: Reiko Yoshida. Música: Tomohisa Ishikawa. Com base no mangá sul-coreano de Lim Dall Young (história) e Park Sung Alô (arte), da Editora Square Enix, Revista Young Gangan, em 19 volumes.

Elenco de dublagem:

Primcesa Kuro: Noriko Shitaya.

Keita Ibuki: Daisuke Namikawa.

Punipuni: Yumi Touma.

Exel: Yukari Tamura.

Yakumo: Hirofumi Nojima.

Reishin: Katsuyiki Konishi.

Mikami Hojo:Yuko Kaida.

 

 

"Tenho de pará-lo."

(Princesa Kuro, referindo-se a Reishin)

 

"Eu sacrificaria a minha vida para salvar a vida da Princesa."

(Yakumo)

 

"Vai ser preciso mais do que palavras para nos impedir."

(Princesa Kuro)

 

Apesar do grau de violência de algumas cenas "Kurokami" tem a leveza dos protagonistas principais ou heróis (Kuro e Keita em especial) e a ausência dos fatores crus que tornariam a série pesada, o que é mais comum fora do Japão, inclusive em séries brasileiras. Estou chegando à conclusão de que as séries pesadas, isto é, moralmente ruins, da contra-cultura, refletem especialmente a ausência de bondade nos personagens. Lascívia ostensiva, vocabulário baixo, ódio e violência, uso de drogas, separam essas histórias daquelas que têm mensagem.

"Kurokami" está no lado bom. Há cenas de violência mas Kuro é bondosa e íntegra e só se torna violenta por legítima defesa. Seu senso de dever a leva a se expor diante de perigos contínuos, disposta a ir até o fim. A presença de seu curioso cachorrinho, o Puni-Puni, é um "alívio cômico". Aqui ele se vê motivado até a participar da luta, mordendo a vilã Gowaku, que junto com Tenra manipula os galhos das árvores, quando atacam Kuro e Keita. Mas a própria Kuro diz que não pode perder tempo naquela briga e ela não demora a derrotar aqueles estranhos adversários. Em outro combate, Exel (que deseja vingar a morte de Steiner) vê sua parceira Mikami ser morta na luta com Reishin e sua misteriosa contratante (lembrando que "contratantes" são as pessoas que fazem "contrato" com "mototsumitamas" para unirem poderes nas lutas).

A situação se encaminha para o confronto entre Kuro e Reishin, o impassível, poderoso e arrogante vilão, o irmão renegado de Kuro.

 

Rio de Janeiro, 3 de novembro de 2021.