Speak no Evil (2022) - Crítica com spoilers

O filme conta a história de um casal dinamarquês, que recebe um convite de um casal que conheceram numa viagem para passar uns dias na casa de campo na Holanda. As coisas vão ficando esquisitas e cabe ao casal decidir a forma como as coisas vão ocorrer.

O longa é dirigido por Christian Tafdrup, que eu nunca vi um filme dele, mas eu gostei do trabalho dele nesse, ele sabe onde posicionar bem a câmera, pra criar paralelos, como na cena do jantar, onde a menina tá de costas, tem a reação da mãe da menina e da outra mãe da outra família, isso cria uma rima lá no final. O roteiro, é bem desenvolvido, ele precisava ser bem desenvolvido. Quase meia hora de filme e sem nenhuma gota de sangue e só levando o filme com terror psicológico, com certeza não é pra qualquer um e ele consegue. Atuações, são boas, mas o Morten Burian foi o melhor, faz um cara super fraco, teve a cena da dança, que ele precisa fazer alguma coisa e as palavras sendo engolidas enquanto ele as diz, eu achei genial.

A maior parte do filme ele fica nesse terror psicológico, de anfitrião inconveniente e a visita que fica entre "falo ou não falo?". Acho também que tem momentos de tensão um pouco artificiais e esse recurso vem sendo bastante usado, que é uma dica da trilha sonora. Por exemplo, uma cena comum, deles caminhando no campo e a trilha sonora sombria, cria a tensão, mas também tira o elemento surpresa, ela não deixa a gente ser enganado, esse é um dos pontos que deixa a revelação previsível.

O filme tem um plot twist previsível, mas eu desconfio que era proposital, era pra todo mundo ficar tipo "tomara que eu esteja errado" e na parte da revelação, me deu uma revolta. Era a primeira coisa que eu pensei quando o menino mostra que não tem língua, claramente era pra avisar o cara, mas como ele é um banana. Porém, da pra entender algumas burrices, pela cultura europeia, dessa coisa de ser a melhor visita possível sem chatear os donos da casa, tem isso em muita comédia britânica e Game of Thrones.

No final esse filme é sobre o momento de agir e saber aproveitar as oportunidades, acho que muitas vezes eu vou me pegar pensando "será que pego a chave ou deixo minha filha ser levada?". É engraçado pensar que eles morreram por um coelho de pelúcia e a culpa foi nem da criança, como um bom inseguro que é, o cara quis se provar, da maneira mais conveniente e burra possível.

Não é uma coisa que me afetou tanto, mas o enredo tem um furo bem gritante. Aquela cena do casal falando pro outro casal amigo que iam viajar pra Holanda, visitar umas pessoas que só viram uma vez, já se explica por si só, além da foto na geladeira.

Speak no Evil, é um estudo de personagem, se é da maneira que eu to pensando (do plot twist ser previsível propositalmente), é um roteiro bem inteligente, mas se não, eles podiam ter melhorado mais no mistério ou eu que sou muito viciado em Scooby-Doo. Me lembrou muito o filme A visita (2015), com as inconveniências sendo evoluídas por parte dos anfitriões e Funny Games (1997), pela família sendo torturada psicologicamente e o final bem niilista.

Hoganes Molva
Enviado por Hoganes Molva em 03/04/2023
Código do texto: T7755050
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