“Simplesmente Acontece” e uma crônica natalina.

Passei este Natal numa noite muito agradável em família. Considerando como foi o ano passado, essa experiência foi especialmente gratificante. Estar com minha mãe, a família do meu irmão, meu sobrinho, sua esposa e até a cachorra dele me trouxe imensa alegria. Além disso, sinto satisfação ao pensar que a pessoa que amo também dedicou um tempo para pensar em mim nesta data tão significativa; ela, provavelmente, esteve com a família e reservou um momento para lembrar de mim, creio eu. Às vezes, fico melindrado, talvez por estar mal acostumado a pensar que ela pensa em mim quase que diariamente. Assim, quando não tenho sinais dela, sinto-me triste e abatido.

Hoje também foi dia de ganhar presentes. Como de costume, ganhei livros do meu irmão, que costuma escolher obras que ele mesmo gostaria de ler futuramente. Sabendo que livros são sempre um bom presente para mim, porque sabe que eu sempre acabo os lendo, ele gosta de me presentear. Sinto gratidão, especialmente considerando o custo dos livros no Brasil. Os três livros que ganhei foram: a biografia do Nelson Ned, escrita por André Barcisnki; a biografia do Homem do Sapato Branco, precursor do jornalismo sensacionalista no Brasil na época do "Aqui e Agora", que não é da minha época, mas isso não impede que eu conheça. Por último, o livro sobre o imbróglio do Rei Roberto Carlos com seu biógrafo, que juridicamente impediu a publicação de uma biografia não autorizada. Embora sejam livros interessantes, que enriquecem meu conhecimento geral, sinceramente, eu nunca os compraria para ler se não fossem presentes.

Após a agradável noite em família, e seguindo minha tendência recente de assistir comédias românticas, decidi finalmente assistir "Simplesmente Acontece", um dos filmes favoritos da pessoa que amo. Ao assisti-lo, compreendi por que ela gosta tanto. É uma comédia adolescente leve e divertida que aborda um tema delicado: a gravidez indesejada na fase pré-adulta. Além disso, a história explora como Rosie cuida de crianças, um tema que ela aprecia, e o fato de Alex ser médico contribui para que ela se identifique com a trama.

No entanto, mesmo apreciando esses elementos, considero o filme pouco verossímil em alguns aspectos. A relação entre Rosie e seu melhor amigo de infância, Alex, que só se desenvolve amorosamente no início de suas vidas adultas, parece pouco real. Na minha visão, a relação deles seria mais como a de irmãos ou primos que sempre foram criados juntos, tornando a dinâmica deles até um tanto incestuosa. Desde o início, o filme sugere que há um amor além da amizade entre eles. Outro ponto que me parece pouco plausível é o fato de, logo no início, tanto Alex quanto Rosie despertarem interesse dos melhores pretendentes em seus ambientes, apesar de não serem particularmente populares. Tanto Rosie quanto Alex conseguem os parceiros mais atraentes em todo o colégio. Além disso, a gravidez de Rosie logo na primeira relação, na primeira noite que encontra o cara, da maneira que ocorreu, não parece verossímil. Isso fica evidente pelo fato de que, ao engravidar, a simples atendente da farmácia onde ela compra o teste de gravidez, que se torna uma das melhores amigas dela no futuro, serve como amiga, consolo e auxiliar na gravidez.

Com a gravidez, Rosie se despede do seu sonho de estudar hotelaria em Boston, junto com Alex, que irá estudar medicina. Rosie passa a criar sua filha, Katie, como mãe solteira, mas isso não a impede de continuar se relacionando com Alex, mesmo à distância, e nada além da simples amizade. Com um tempo já estabelecido em Boston, Alex manda uma passagem para Rosie, que, por outro lado, trabalha como mera camareira em hotel. Chegando lá, ela é apresentada à noiva de Alex e recebe a notícia de que ela está grávida. No jantar de apresentação, há uma desavença, e Rosie denuncia a vida vazia que Alex está levando, acreditando que está subindo socialmente. Rosie retorna para casa.

Mesmo com a discussão, eles continuam se correspondendo. Rosie envia uma carta para Greg, o pai de Katie, que mostra ser um bom pai. Rosie e Greg casam-se. Alex é convidado, mas não comparece. Alex separa-se no dia do casamento de Rosie, pois descobriu que sua mulher o traía com um artista plástico; portanto, seu filho não é dele. Posteriormente, Greg também se mostra um adúltero, e Rosie rompe com ele. Nesse ínterim, Alex manda uma carta para Rosie, confessando seus sentimentos, mas a carta só chegou ao conhecimento de Rosie muito tempo depois, porque Greg a escondeu. Ao tentar restabelecer contato, ela descobre que Alex está novamente com Bethany, com quem ele perdeu a virgindade, e eles pretendem se casar em breve.

Parece que é difícil fazer as coisas certas, não? Que o destino sempre está pregando peças nos dois. Mesmo assim, Rosie tenta ir no casamento de Rosie antes do padre anunciar marido e mulher, mas, de novo, o destino não é favorável, e ela chega tarde demais. Mas ela resolve fazer um belo discurso no casamento deles, e aqui é o ponto mais alto do filme, onde ela enaltece a importância da amizade de Alex e como a escolha do parceiro para nossa vida é uma das escolhas mais importantes que tomaremos. Ela acaba finalmente se "declarando" para ele.

A seguir é o momento derradeiro do filme, no qual o amigo de Katie, Toby, a beija, e a menina, assustada, sai correndo, porque ela acreditava que ambos eram só amigos, relação muito parecida com a de Rosie e Alex. Alex fala para a filha de Katie que eles formam um belo casal e se ela não aceitar o Toby, tomará uma decisão que se arrependerá para sempre. Ela aceita o garotinho. Agora, só faltam Rosie e Alex ficarem juntos, não é? Mas como, se Alex é casado?

Rosie consegue então realizar o seu sonho de comprar um hotel, com o dinheiro da venda da sua antiga casa. Alex vai visitá-la na inauguração.

E daí o que se segue adiante é previsível. Alex pergunta a Rosie se ela quer finalmente ir ao baile com ele, e os dois se beijam pela segunda vez, mas, desta vez, sem Rosie estar bêbada.

Bom, acabei contando o filme todo, mas não importa, pois quem possivelmente será a única pessoa que irá me ler até aqui já deve tê-lo visto mais de uma vez. O filme não é lá exatamente uma masterpiece, mas me proporcionou horas muito divertidas, além de fazer com que eu me sinta mais próximo da pessoa que tanto amo. Assisti-lo foi como uma confirmação de que ela tem bom gosto. Mas fica a pergunta: por que eu demorei tanto para vê-lo? Preconceito? Bom... estou arrependido. E a lição que fica é que sim, é possível que sua esposa seja ao mesmo tempo sua mulher e a melhor amiga

Dave Le Dave II
Enviado por Dave Le Dave II em 25/12/2023
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