O ENCOURAÇADO POTEMKIN - SERGEI EISENSTEIN

Obra-prima do cinema, filme de Sergei Eisenstein influenciou vários diretores contemporâneos

Oficializado como a “sétima arte”, o cinema apresentou nos primórdios de sua história, verdadeiras obras-primas que, mesmo depois da consumação de tantas técnicas que ditaram o ritmo da evolução, continuaram sendo cultuadas e veneradas pelos estudiosos e amantes da arte. Atualmente percebe-se que os olhos do mundo estão mais voltados para a indústria cinematográfica norte-americana, diferente do que ocorria no início do século passado, época em que as atenções se dividiam entre as produções de vários países. Foi assim que o cinema russo, vinte anos após o maior episódio político da história do país, presenteou a cinematografia mundial com O Encouraçado Potemkin, uma espécie de homenagem à Revolução de 1905, realizado por um dos mais importantes cineastas de todos os tempos, Sergei Eisenstein.

A ação que move o filme é o motim dos marinheiros que tripulam o navio que complementa o título do mesmo, ancorado na cidade de Odessa, em virtude das péssimas condições de trabalho e higiene. O estopim que dá início à revolução é a constatação de que a carne está contaminada por vermes.

Ao realizar o trabalho, Eisenstein assume uma certa parcialidade, conduzindo o telespectador a uma identificação com a tripulação, ao invés de se colocar em favor da aristocracia exploradora da classe. Para produzir esse efeito, ele apresenta uma montagem em pequenos segmentos, contando a história através de uma série de cenas distintas, aliada a uma narrativa de caráter emocional. Essa posição nitidamente crítica, aliada à utilização de atores não profissionais, caracteriza o filme como uma espécie de trabalho institucional, com os amotinados adquirindo também a simpatia da população de Odessa. Dialeticamente, essa segmentação poderia ser interpretada como uma tragédia grega, dividida em vários atos.

Em tempos em que os efeitos especiais apenas despontavam como simples técnicas de produção, é louvável o esforço do cineasta em atingir seus objetivos com a precariedade tecnológica existente na época. E é aí também que reside a genialidade do realizador.

Com a transformação do conceito de arte ocorrida após a Revolução Industrial, tendo o cinema como o maior exemplo da produção em série ocasionada pela indústria, a obra de Eisenstein pode também se enquadrar nessa característica de reprodução. Por sua importância, o termo “homenagem” define melhor o motivo da utilização de algumas passagens de seus filmes por outros cineastas. Por exemplo, a antológica cena da escadaria de Odessa, um registro brutal da violência com imagens de morte até mesmo entre civis, é uma das mais copiadas pelos sucessores. Brian de Palma, por exemplo, em “Os Intocáveis” – The Untouchables (1987 ), resgata a imagem da mãe com o carrinho que conduz o filho despencando pela escadaria afora. São cenas de apreensão, e a revolta generalizada parece se transferir para o telespectador. É o poder da arte em despertar os sentimentos do observador, mesmo sentimento que o artista revela ao realizar o seu trabalho.

Caso queira adquirir o filme, favor solicitar por e-mail.

COPYRIGHT © TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

Para a aquisição desse texto para fins de qualquer natureza – inclusive para reprodução, trabalhos profissionais ou acadêmicos –, favor entrar em contato pelo e-mail jdmorbidelli@estadao.com.br.

Agradeço se puder deixar um comentário.

JDM

José Donizetti Morbidelli
Enviado por José Donizetti Morbidelli em 16/12/2005
Reeditado em 30/10/2009
Código do texto: T86600
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2005. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.