LEMNISCATA: O ENIGMA DO RIO, de Pedro Drummond

"Há um tesouro escondido no Rio de Janeiro: Lemniscata"

Para os apreciadores de best-sellers que trazem caçadas a tesouros escondidos decifrando pistas, enigmas e mapas, fugas de assassinos cruéis e várias reviravoltas na trama, a opção do momento é o livro Lemniscata: o enigma do Rio. O escritor estreante Pedro Drummond consegue juntar no mesmo caldeirão vários elementos - bem dosados, diga-se por sinal - e tirar um excelente livro.

Pedro Drummond entra no universo literário com dois pés direitos. De sobrenome famoso, é filho do jornalista, político e escritor Olavo Drummond (falecido em 2006) e busca o seu próprio espaço nas letras. Merecido. Não bastasse a herança genética, a experiência pessoal ajudou na empreitada, pois além de ser engenheiro eletrônico especializado em sistemas de segurança, Pedro ainda pilota, mergulha e pratica pára-quedismo. Quem ler o livro verá que ele usou bem os seus conhecimentos na trama.

O autor segue o estilo que tornou famoso o escritor norte-americano Dan Brown (autor de O Código da Vinci e Anjos e Demônios, entre outros) em que há cortes rápidos entre as cenas ocorrendo em lugares diferentes, ambigüidades sutis e propositais para levar o leitor à conclusões equivocadas, enigmas matemáticos ou históricos e lugares famosos como plano de fundo. Acrescente na receita o toque do jovem autor brasileiro com o uso de citações nos momentos certos e terá uma agradável surpresa de leitura em mãos. Outros escritores brasileiros já tentaram imitar Dan Brown, mas Pedro Drummond foi o único até agora a conseguir ir além. Seu livro tem luz própria. Tanto que não seria de se admirar que nos próximos meses o livro fosse traduzido para o inglês ou aparecesse nos cinemas. É algo impressionante quando se trata do primeiro livro de um autor.

A história gira em torno de Lorena Dorff, jovem repórter canadense que mora em Lisboa. Lá, ela descobre que corre perigo de vida e junto com os amigos Luca Tomelli e Thomas Stanton embarca em uma caçada no Rio de Janeiro atrás do pai e tio desaparecidos. Aqui, os três seguem pistas e decifram enigmas descobrindo que a perseguição ocorre por causa de um tesouro escondido na cidade maravilhosa. Observados de perto pelo Hárpia, codinome do egípcio Omar Tarek, não sabem em quem confiar à medida que as pessoas envolvidas vão morrendo. Apesar de Lorena ser a protagonista da história, acompanhar os pensamentos e ações do Hárpia enganando policiais, bandidos, porteiros, pilotos e a própria Lorena é um achado para os fãs do gênero policial.

O título do livro, lemniscata, é o nome dado ao símbolo do infinito, aquele oito deitado, e possui um significado importante na trama. O humor brasileiro aparece nos diálogos (mesmo sendo entre estrangeiros) e podemos concluir que o ar do Rio afeta beneficamente até os de fora. Visitar o Rio é se transformar um pouco em brasileiro. As citações são outra atração à parte. Lorena é fã de citações e sempre acaba encaixando alguma pertinente à conversa. No final do livro o autor lista as citações usadas no decorrer da história, como estas:

"A criança é uma oração que perde a fé no altar do tempo." - Olavo Drummond

"Não vemos as coisas como elas são, mas como nós somos." - Anaïs Nin

"No capitalismo, o homem é explorado pelo homem. No socialismo, é o contrário." - Churchill

O livro tem poucos erros, nada que atrapalhe a diversão. E a culpa não deve ser atribuída ao autor e sim ao revisor. Afinal, alguém que escreve 360 páginas deixará passar um deslize ou outro.

Enfim, em meio a tantas opções de best-sellers apostando no ramo da auto-ajuda, um romance policial bem elaborado e original sempre se destaca entre os demais. Vale a pena procurar este tesouro, seja no Rio de Janeiro ou em uma livraria perto de você.

Retirado de www.jefferson.blog.br