Memórias de Minhas Putas Tristes

Poderia ser mais uma das histórias de atração entre um velho senhor e uma ninfeta jovem, como já escreveu brilhantemente Vladimir Nabokov em 1955 com Lolita, e como tantos outros adaptaram para o cinema e em livros, que tentaram repetir o sucesso e a receita de Lolita de Nabokov, mas não é o caso de Gabriel Garcia Marquez, apesar de os personagens parecerem os mesmos, um senhor de 90 anos recém completados,e uma jovem garota de 14, que se envolvem em um romance, agora Gabriel Garcia Marquez, descreve personagens com personalidades, e vidas que poderiam muito bem ser reais (quem sabe não são?).

O senhor de 90 anos, jornalista aposentado, nunca foi casado, é um velho cheio de manias e visto pela sua vizinhança como pão duro, que quis dar-se de presente de aniversário de 90 anos, uma noite de amor com uma jovem virgem. A jovem virgem ,chamada por ele de Degaldina, de 14 anos, é um garota, pobre que trabalha em uma fábrica e cuida de seus irmãos, até esse ponto a trama não se difere das demais, mas é durante a narrativa, que o leitor identifica na verdade, que os personagens estão invertidos, o velho, ao encontrar a garota dormindo docemente, resolve não desperta-la e contenta-se em passar noites apenas dormindo com a jovem, o velho descobre-se como um jovem de 15 anos, virgem e apaixonado, que dormia profundamente, e acorda para a vida aos 90 anos. O sentimento que nos desperta ao reconhecer a paixão e doçura do velho jornalista que descobre o amor pela primeira vez aos 90 anos, é um sentimento de revigoração, e de como ás vezes nos contentamos em coisas secundárias, como escreve o próprio Gabriel Garcia Marquez em trecho do livro: " sexo é o consolo quando o amor não nos alcança" .

Para completar a beleza da narrativa, a história se passa em uma cidade colombiana, em meados do anos 30, a cidade é elegantemente descrita pelo narrador, sempre muito bem escritos pelo brilhante Gabriel Garcia Marquez.

O livro é mais uma obra prima do genial Gabriel Garcia Marquez, que volta a ficção depois de dez anos.

Espera-se que o leitor também acorde de seu sono e desperte para a simplicidade do romance, como o narrador que Gabriel Garcia Marquez nos presenteou.

Débora R
Enviado por Débora R em 17/02/2006
Reeditado em 17/02/2006
Código do texto: T112973