A ilha encantada, livro de Helyete Rossi

A obra a ilha encantada tem seu conteúdo explicitado no subtítulo - contos sobre açorianos de santa catarina. Com nove narrativas, bem elaboradas, seguras e muito bem escritas. Na mistura de linguagens, o falar popular sai apanhado com aquela seriedade e facilidade de quem conviveu com as gentes descritas. Episódios e pessoas, temas e ocorrências foram captados nos povos da Ilha de Santa Catarina. Ali, quase dois séculos atrás, se entaizaram os açorianos e lá permaneceram, muito isolados e mantendo seus costumes e crenças, sua linguagem e costumes.

Um dos melhores aspetos da obra em tela radica nesse pormenor de trazer o açoriano vivo para a obra. Gente de origem humilde, que humilde continuou, permanecendo firme em “crenças belas e inocentes”. Helyette revela ótimas condições para tratamento destes temas.

Dentre as nove narrativas merece destacada “Zequinha Galego”, que, com foros de realidade, impressiona pelo modo como congemina e orquestra uma crença popular. A curva temática penetra mo mundo da magia rural misturando homens e plantas. O próprio Zequinha, filho de um ipé de folhas amarelas, terá de ser assassinado e enterrado aos pés do ipé de folhas amarelas que foi seu pai. As restantes oito narrativas voltam aos temas populares como a benzedeira, a mula sem cabeça, o lobisomem. A história o colar de pedras azuis, de temática índia, é simplesmente uma narrativa perfeita no gênero.