A Cidade do Sol


Ler o livro A cidade do Sol de Khaled Housseini me fez ter raiva. Em muitos momentos senti palpitação, xinguei aquelas mulheres por tamanha submissão. Aplaudi quando num ato de extrema auto defesa ela assassina o marido. Chorei quando por conta desse assassinato, ela é julgada, condenada e também assassinada... Em público...pelo Taleban. São estes os sentimentos que tive ao ler o livro A Cidade do Sol , sol que poucas vezes apareceu na história.

Khaled Housseini escreve a forma dramática como é a vida de mulheres e crianças que vivem no Afeganistão, que é o triste cenário da história. Ele retrata a vida de duas mulheres que se encontram para sofrer os mais absurdos tratamentos e violência doméstica.

O poder que os homens têm, e não é ficção, é real, é realidade, e o mais chocante, é por conta de manterem uma tradição medonhamente desumana, o abandono pelo pai de filhos “bastardos”. Khaled Housseini retrata a sociedade violenta e violentada em nome de tradições, de costumes...guerras, e guerras que devastaram aquele país, desde a anteroridade do taleban.

Mariam é dada em casamento a Rachid pelo pai aos quinze anos quando sua mãe se suicida, e, a partir daí sofre toda a espécie de tortura doméstica... E Laila, seu pai a amava, estudava em bom colégio e sempre ouvia dele que ela poderia ter tudo que quisesse porque era inteligente, mas, que quando os pais são mortos pela guerra russa ela se vê sem ninguém e acaba aceitando casar-se com Rashid. São as personagens que me fizeram chorar de raiva de sua submissão desse poder que algumas mulheres têm de aceitar, de sofrer caladas, de não contestar. Também, pra quem vão reclamar?

Marian e Laila estão sós no mundo, sem ninguém por elas e são reféns domésticas e legais de homem violento (lembrei-me de Eloá) que surram as mulheres pelos motivos mais pueris. Após todas as violências domésticas por que passam encontram uma esperança na revolução que os talibãs fazem contra os russos, mas, eles mostram as garras rapidamente, mostram que querem o poder a qualquer custo e que para eles mulheres são nada vezes nada. (não tiveram mães os...)

Mariam é assassinada em público, pois acaba matando Rashid em casa para defender Laila que aprendeu a amar. Para proteger Laila que tem dois filhos e precisa da mãe ela se entrega aos taleban que a julgam culpada por matar um homem ( um monstro).

Para Laila a vida segue com calma, pois encontra um antigo namorado com ele se casa e tem enfim uma vida saudável, embora marcada pela lembrança de Mariam, de Rashid, das guerras, das torturas...A partir de então a história mostra as diferenças, o nosso lado humano, que se pode viver harmoniosamente, respeitando as diferenças, a individualidade de cada ser, os seus desejos ...apesar da agressividade dos costumes...Mariam e Laila são exemplos da grandeza da mulher...num país dito... “ de Ala”!

Khaled Housseini é um escritor muito habilidoso. As passagens violentas não são descritas. São subentendidas. Consegue, como no Caçador de Pipas, envolver o leitor de forma contundente. Gostei do livro apesar dele me fazer sofrer também com fatos tão chocantes que fazem parte diariamente da vida de um povo atual, num momento ainda atual. Espero que Khaled tenha escrito este livro como forma de denúncia, de inconformismo e, numa tentativa de ajudar a quebrar esse regime tão canhestro e, não como fonte de renda apenas...

A Cidade do Sol foi editado pela Editora Nova Fronteira, em 2007 em primeira edição, tem 368 páginas e é outro campeão de vendas.





Foto pesquisada na Internet
MVA
Enviado por MVA em 08/11/2008
Reeditado em 08/11/2008
Código do texto: T1272977
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