UMA INVESTIGAÇÃO EM DEFESA DE CRISTO

Por muitos anos Lee Strobel foi cético; mais propriamente um ateu. Com dificuldades de entender como pode Deus ser amoroso se manda para o Inferno aqueles que não acreditam nele? Na certeza de que, se examinadas superficialmente, as provas irão mostrar que Jesus foi um homem comum; com o diferencial de uma sabedoria e bondade superior à nossa. Jesus, para Lee, tinha sido um grande sábio judeu; mas, ser Deus? Não!

Entretanto, a conversão da esposa de Lee o levou a refletir sobre Cristo demonstrando profundas mudanças que o fizeram buscar os fatos favoráveis do cristianismo. Para isso, leu livros e entrevistou aos especialistas das áreas da arqueologia, história, literatura e demais ciências; sendo que a Bíblia foi lida minuciosamente pela primeira vez.

Lee precisando saber se as biografias de Jesus eram confiáveis, buscou uma das maiores autoridades no assunto: Craig L. Blomberg, doutor em Novo Testamento pela Aberdeen University, da Escócia, e pesquisador sênior da Tyndale House, na universidade de Cambridge, Inglaterra. A impressão de Lee sobre Blomberg foi muito otimista. A cada pergunta elaborada, Lee vai recebendo respostas firmes. Quanto à autoria dos evangelhos, Blomberg defende que o que a tradição autentica, não se pode refutar. Ao contrário dos evangelhos apócrifos de Felipe, Pedro, Maria e outros que foram escritos muito tempo depois, foram contestados e, até aos dias hoje não são aceitos como inspirados. Quanto ao evangelho de João, Blomberg admite que o autor é mesmo João; entretanto, segundo um escritor chamado Papias, havia o João apóstolo de Jesus Cristo e um outro João, que era um ancião. Blomberg afirma que, para ele, a autoria do evangelho de João é mesmo do apóstolo amado por Cristo. Lee continua levantando questões, como por exemplo, o documento “Q”, inicial da palavra alemã Quelle, que significa fonte. Lee recebe a informação de que é com se fosse um The Best Of; ou, o melhor de...; Isto é, uma coletânea de citações que atestam o ministério de Jesus Cristo. A causa da diferença entre João e os sinóticos é explicada por Blomberg, porque João quer mostrar que Jesus é um com o Pai. Jesus é o próprio Deus. Nos sinóticos, implicitamente, pode se perceber isto: Jesus anda sobre as águas, Jesus perdoa pecados e intitula-se o Filho do Homem, fazendo referência aos escritos de Daniel 7.13, 14.

Buscando verificar se a intenção dos autores era realmente historiar a verdade dos fatos narrados, Lee acena com a opinião de que muitos críticos são contrários a esta opinião. Outras questões levantadas: Os escritores das biografias de Jesus teriam capacidade de registrar todos aqueles fatos? Como assegurar se tal material teria sobrevivido intacto antes de ter sido efetivamente narrado nos evangelhos? Os escritores eram honestos em suas declarações? E quanto a harmonia que deveria existir nos evangelhos? E as contradições entre o discurso de cada um dos evangelistas? Por amarem a Jesus os escritores não poderiam forçar a imagem de bom mestre? E quanto aos momentos embaraçosos, não teriam sido acobertados para protegerem a si mesmo e a Jesus? Os discípulos de Cristo não iriam corroborar uns com os outros apenas para autenticarem uma idéia? E quanto a possibilidade de existir algum contemporâneo que teria opinião contrária, ou que quisesse corrigir os evangelhos, ou qualquer erro de relato que fosse? A todas estas questões, Lee recebeu as respectivas respostas de modo convincente. E, impressionado com a segurança de Blomberg ao defender a autoria dos evangelhos, Lee se dá por satisfeito e disposto a saciar suas dúvidas.

Para Lee, existir uma documentação é uma coisa e provar que ela é autêntica é outra. Partindo do princípio de que a Bíblia que temos hoje em mãos é resultado de cópia de cópias de documentos antigos, o célere investigador quer saber se são confiáveis as biografias de Jesus que chegaram até os dias de hoje e se existem outras que foram abafadas pela Igreja. Assim, disposto, parte para encontrar com Bruce M. Metzger que é mestre, doutor honorário por cinco faculdades, além de autor dos melhores livros quando o assunto é Novo Testamento. É tão proeminente, que até hoje os especialistas em Novo Testamento continuam a procurá-lo em busca de discernimento e conhecimento. Quanto a termos em mãos as cópias de cópias dos manuscritos originais, Metzger defende que não é só a Bíblia que se encontra nesta situação, mas outros livros também. Porém, quanto ao Novo Testamento, quando comparado com outros escritos, a vantagem é que muitas cópias sobreviveram. Sobretudo, quando se encontram em lugares geograficamente distantes, e confrontadas, verifica-se a harmonia entre umas com as outras. Metzger defende como prova dos escritos sagrados, a diversidade de papiros e pergaminhos existentes principalmente se comparados a qualquer outra obra literária antiga. E esta conclusão tem apoio de outros estudiosos famosos; como por exemplo, F. F. Bruce, autor de “Merece confiança o Novo Testamento?” e de Frederick Kenyon, ex-diretor do Museu Britânico e autor de “A Paleografia dos papiros gregos”. Quanto à possibilidade de haver erros dos escribas copistas, Metzger afirma que as doutrinas não correm riscos de quaisquer naturezas. A autenticidade do Novo Testamento também é defendida. Metzger convence Blomberg que o Novo Testamento é incomparável.

Lee passa a investigar se existem outras evidências favoráveis a Cristo, além de suas biografias. Para ele a prova corroborativa autentica as questões históricas. Por isso, passa a entrevistar Edwin M. Yamauchi, um hábil conhecedor de vários idiomas; entre eles o egípcio, ugarítico, árabe, siríaco e chinês. Foi presidente do Instituto de Pesquisas Bíblicas e presidente da Conferência sobre Fé e História. Em 1968, participou das escavações no Templo de Herodes, onde foram encontradas provas da destruição do templo. Também é autor de várias obras sobre arqueologia; enfim, para Blomberg Yamauchi está habilitado para dirimir suas dúvidas. Assim, inicia sua entrevista sobre qual a confiabilidade histórica dos evangelhos na opinião de Yamauchi, e tem como resposta que os evangelhos são as fontes mais completas e fiéis que podem existir, e que as eventuais, apesar de não apresentar maiores detalhes, são valiosas como provas corroborativas. Os historiadores Josefo e Tácito, e também Plínio, o Jovem, são usados por Yaumachi para demonstrar como outros escritos históricos e biografias corroboram com o Novo Testamento. Blomberg se dá por vencido ao se deparar com provas sobre como os fatos sobre os relatos de outras obras, até fora da Bíblia, confirmarem serem autênticas as evidências sobre Jesus.

As biografias de Jesus são confirmadas, ou não, pela arqueologia? Este é o próximo ponto investigado por Blomberg. Ciente de que as provas científicas contribuem para a constatação do que se investiga, Blomberg procura por John McRay que esteve pessoalmente nas escavações das ruínas no Oriente Médio e que é dotado de alto conhecimento em descobertas antigas sobre os limites arqueológicos, para explicar se a arqueologia é capaz de elucidar suas dúvidas sobre a confiabilidade do Novo Testamento. McRay afirma que a arqueologia, apesar de ter trazido grandes contribuições, não pode provar que o Novo Testamento é a palavra de Deus; mas, seguramente, a arqueologia comprova os registros bíblicos quanto a localização geográfica e histórica dos eventos. Não há como duvidar da credibilidade da Bíblia quanto às descobertas arqueológicas mostra com exatidão o lugar ou evento descrito nos escritos bíblicos. Lee afirma ter ficado muito espantado pelo fato de a arqueologia desvendar no manuscrito 4Q521, pertencente à coleção dos manuscritos do mar Morto, uma versão de Isaías 61 em que consta a frase “os mortos são ressuscitados”, confirmando assim a identidade de Jesus como o Ungido de Deus. Para Lee não restam mais dúvidas: a arqueologia comprova a veracidade das biografias de Jesus Cristo.

A questão para Lee agora é saber se o Jesus da fé é mesmo o Jesus histórico. Assim, Lee vai consultar o Dr. Gregory Boyd, que é um professor muito conceituado e autor de livros e artigos que discordam das conclusões dos acadêmicos do Seminário Jesus, que afirmam que Jesus jamais falou 82% do que se encontra registrado nos evangelhos; onde, somente 2% dos 18% restantes são realmente atribuídos como autênticos. Boyd aponta para o Jesus da fé como sendo o mesmo Jesus histórico. Para Lee, já encontrou provas suficientes nos testemunhos oculares e nos documentos que corroboram com a declaração do Novo Testamento de que Jesus é o próprio Deus encarnado.

Partindo do princípio de que todo indivíduo deixa atrás de si marcas psicológicas comportamentais evidentes, Lee entrevista Ben Witherington III, erudito e autor de vários livros e artigos sobre Jesus Cristo que se encontram em várias obras acadêmicas especializadas; Lee começa perguntando se Jesus não teria sido em tanto misterioso acerca de si mesmo e se esse mistério não denotava uma dúvida dele, sobre ser ou não o Messias ou o Filho de Deus. Witherington responde que Jesus não poderia, simplesmente, revelar às pessoas de seu tempo “Oi, sou Deus” ! Porque não compreenderiam o conceito da Trindade; só conheciam o Deus Pai. E, também, porque o cerne de sua mensagem era outro. Jesus não pretendia ser enquadrado em quaisquer categorias; por isso, sempre foi muito cauteloso. Ao se observar como Jesus se relacionava com os discípulos, com João Batista, com os líderes religiosos de seu tempo e com as autoridades romanas, poderá se perceber que os relacionamentos de Jesus, seus atos e seus milagres testificam que ele via a si mesmo como o Filho de Deus.

Surgiu, então, uma nova questão: “Jesus era louco por afirmar ser o Filho de Deus?” Para solucioná-la, Lee passa a entrevistar Gary R. Collins. Mestre e Doutor em psicologia, por vários anos leciona e escreve sobre o comportamento humano. Collins dá uma resposta curtíssima para Lee: “Não!” Collins demonstra que pessoas com distúrbios comportamentais, às vezes, afirmam ser quem não são. Os psicólogos prestam atenção, então, em seus procedimentos. Assim, suas atitudes inadequadas denunciam o quadro psicológico em que se encontram. Jesus chorou, ficou irado e falou claramente, com autoridade e eloqüência. Este comportamento é perfeitamente adequado e esperado de pessoas consideradas psicologicamente normais. Lee, conclui assim que Jesus era, portanto, um homem psicologicamente saudável; e também, as pessoas com quem ele se relacionava. Jesus também não hipnotizou ninguém, como afirma Iam Wilson, garante Collins demonstrando que não se pode hipnotizar a todos em uma multidão, visto que nem todos são suscetíveis à hipnose; em segundo lugar, a hipnose não funciona com os céticos; terceiro, a hipnose não explica um túmulo encontrado vazio; quarto, o hipnotizado deve estar ao alcance, no mínimo da voz, do hipnotizador, o que não aconteceu com o mestre do banquete onde Jesus transformou a água em vinho. Lee conclui que não há qualquer sinal de esquizofrenia ou demência em Jesus. E, quanto a afirmar ser Deus, Lee concorda com Philip Schaff que diz: “... uma mente como essa... é capaz de se enganar... a respeito de seu próprio caráter?”

Jesus é onipotente, onipresente e onisciente? Como, se ele mesmo afirma não saber questões sobre o futuro, conforme Marcos 13.32? E quando Colossenses 1.15 afirma ser ele “o primogênito de toda a criação”? Com essas perguntas em mente Lee vai encontrar-se com Donald A. Carson, professor e pesquisador do Novo Testamento, que já escreveu vários livros e é especializado nos assuntos sobre o Jesus histórico, pós-modernismo, gramática grega e teologias paulina e joanina. Carson defende que os milagres não são suficientes para autenticar Jesus como Deus, visto que muitas outras pessoas também fizeram milagres. Para Carson, a ressurreição e o perdão de pecados oferecido por Jesus são as provas de sua divina identidade. Carson explica à luz de João 3.16, segundo a versão do rei Tiago, que o significado do termo que consideramos como “Filho Unigênito”, deve ser lido como o “Filho Incomparável e Amado”, ou o “Filho Único”; assim, são dirimidas as dúvidas quanto a Jesus ser o Filho de Deus. Jesus, o Deus Filho, não é um deus inferior porque tem a mesma essência do Deus Pai. Só Deus pode perdoar pecados. Pensando assim, Lee conclui que todos os atributos de Deus previstos no Antigo Testamento se encontram, também, em Jesus Cristo.

Baseando-se na certeza de que cada indivíduo possui as suas próprias impressões digitais, e, por isso, elas são provas incontestes de que tocamos em qualquer objeto onde tenham sido “carimbadas”, Lee vai encontrar-se com Louis S. Lapides para confirmar se era realmente o Messias. Lapides, um jovem judeu com qualificação de Mestre em Teologia e em estudos semíticos, deixou Lee impressionado com seu histórico acadêmico. Lapides começa a narrar sobre sua história espiritual, primeiramente como um judeu ortodoxo que freqüentava a sinagoga e cumpria os ritos religiosos de sua crença. Ao ser questionado sobre o que seus pais falavam a respeito do Messias, foi sucinto: “nunca tocaram no assunto”. Foi mais longe ainda, afirmando que nem sequer na escola judaica ouviu falar sobre o Messias. Quanto a Jesus, o que ouviu era superficial; quase nunca se falava sobre Jesus. Lapides, além de não ver sentido em para quê se adorar um homem crucificado com pregos nos pés e mãos, não via sequer uma relação entre Jesus e o povo judeu. Por ter sido instruído a ter cuidado com os cristãos, que considerava ser como gentios, acabou por desenvolver um sentimento negativo em relação aos cristãos. Entretanto, Lapides nem sempre era fiel ao judaísmo em virtude de seus pais terem se divorciado e a religião não ter impedido isso. Por muito tempo entregou-se às vicissitudes, perambulando entre bares e esquinas, envolvendo-se com religiões orientais, para fugir do judaísmo que falhou com sua família. Entre tantas outras coisas, tentou suicidar-se e usou drogas. Quando chegou à Califórnia encontrou-se com budistas, aos quais considerou vazios. Depois foram os cientologistas, hindus e até satanistas, com os quais passou a crer que o poder maligno pode agir como uma entidade; mas, em um certo dia encontrou com alguns cristãos que lhe mostraram que quando Deus cria algo, todos podem ver porque ele é objetivo. Isso ficou martelando em sua mente que, cheia de vãs filosofias, fazia com que acreditasse ser como Deus. Ao ouvir falar de Jesus, esquivou-se argumentando ser judeu, e como tal não cria em Jesus. Ao ouvir sobre as profecias quanto ao Messias, ficou espantado porque eram citados textos que ele conhecia muito bem, das Escrituras Hebraicas. Com a Bíblia que ganhou de um pastor em mãos, passou a ler o Antigo Testamento procurando informações com respeito a Jesus nos escritos de centenas de anos antes de seu nascimento. Descobriu algumas profecias, como por exemplo, a de Deuteronômio que anuncia um profeta maior do que Moisés. Ao deparar-se com Isaías 53 Lapides paralisou entendendo uma profecia, setecentos anos antes de Jesus nascer, sobre o Messias que, além de sofrer, iria morrer pelos pecados de Israel e do mundo; e, concluiu só poder se tratar do Jesus crucificado que estava retratado nas Igrejas católicas, quando era criança. Agora, tem o entendimento de que pagar pecados por meio de sacrifícios de animais não tem mais fundamento, porque encontrou Jesus o Cordeiro sacrificial de Deus que resgatou todos os pecados de uma só vez. Em sua busca para saber se Jesus era o Messias, Lapides se depara com quarenta e oito citações sobre o seu modo de nascimento: seria virginal, em Belém, descendente de Abraão, de Isaque e de Jacó e da família de Davi, entre outras. Com os olhos no Novo Testamento, na primeira página, logo de cara, encontra a “genealogia de Jesus Cristo: filho de Davi, filho de Abraão...”. Lapides, então, toma a decisão de ter somente Jesus Cristo como o seu salvador pessoal e tem uma mudança de vida promovida por Deus. Seus pais, não aceitaram sua conversão. Foi quando encontrou Débora, uma judia messiânica, ovelha daquele mesmo pastor que tinha lhe dado a Bíblia para ler. Um ano depois, se casou com Débora, que lhe deu dois filhos. Fundaram um trabalho que abriga tanto judeus como gentios que estão sendo restaurados em Cristo. Respondendo porque mais judeus não aceitam Jesus como o Messias, Lapide afirma que muitos têm medo da provável rejeição de seus familiares e amigos e, por isso, nem sequer se aproximam das profecias sobre o Messias. Para Lapides é impossível haver coincidência nas previsões proféticas quanto a Jesus. Somente Jesus cumpriu todas as profecias relativas ao Messias. Nem sequer o Talmude alega que o cumprimento das profecias foi falsificado. O homem Jesus não poderia ter escolhido o seu lugar de nascimento, como morreria, nem planejar como faria para ressuscitar. Assim sendo, Jesus não poderia ter cumprido as profecias de modo intencional. Lapides afirma que as profecias resistiram todas as críticas em todos os tempos, provando serem verdadeiras.

Lee aprendeu com um patologista forense que pessoas mortas “contam” histórias. Isto quer dizer que, ao se examinar um cadáver é possível identificar as circunstâncias de sua morte. A evidência médica pode determinar se uma morte foi acidental ou não. Pensando nisso, Lee buscar respostas sobre a questão da ressurreição de Jesus Cristo, entrevistando Alexander Metherell, que além de estar devidamente credenciado para falar do ponto de vista médico e científico, era imparcial e cuidadoso. Há uma idéia, no Alcorão, de que Jesus não morreu na cruz; dizem os muçulmanos que ele fugiu para a Índia. Outros dizem que Jesus desmaiou de exaustão, ou que talvez tenha tomado um remédio que o fazia parecer morto; e, ao tocar no túmulo frio e úmido, reviveu mais tarde. Assim, dizem estes teóricos da conspiração, que Jesus não ressuscitou e, sim, que o que houve foi uma ressuscitação casual. Então, Metherell começa a traçar a trajetória até a cruz, passando primeiro pelo momento depois da última ceia quando Jesus vai ao Getsêmani com seus discípulos, e onde passou a noite inteira em oração. Com certeza, afirma Metherell, passou por muito estresse psicológico porque já antevia o sofrimento pelo qual iria passar. Foi acometido de hematidrose, que é o processo onde a ansiedade extrema ocasiona a liberação de produtos químicos que rompem os vasos capilares nas glândulas sudoríparas que sangram misturando-se ao suor; e, assim, com a pele fica muito mais sensível que o normal, Jesus chega ao loção onde iria receber os açoites. Por perder muito sangue, segundo Metherell, Jesus passou por quetro situações muito difíceis; primeiramente, porque o coração precisa bombear muito mais sangue, onde não há; segundo, porque quando há queda de pressão sangüínea, isto acarreta em desmaios ou colapsos; terceiro, os rins param de produzir urina para conservar o que sobrou; e por ultimo, a pessoa tem muita sede. As provas na Bíblia destes fatos estão quando Jesus cai com a cruz nos ombros e precisa da ajuda de Simão para ajudá-lo. Mais tarde ele mesmo diz ter sede, quando já está na cruz e lhe dão vinagre para beber. Antes de ser pregado, por causa do sofrimento dos açoitamentos, Jesus já se encontrava muito debilitado. Ao ser pregado na cruz pelos pulsos, o prego passava pelo nervo central que vai até a mão. A dor que Jesus estava sentindo era insuportável de tal forma que foi necessário inventar o temo “excruciante”, que significa literalmente “da cruz”. Isto porque não existia um termo para explicar a angústia da crucificação. Com os nervos das mãos e dos pés esmagados pela crucificação, os braços esticados, os ombros saindo do lugar com as juntas se distendendo, se vê cumprida a profecia do Salmo 22: “Todos os meus ossos estão desconjuntados”. Daí, chega-se à causa da morte na crucificação: A asfixia, por exaustão do corpo, levou Jesus a morrer de ataque cardíaco. Quanto à certeza de que Jesus realmente morreu na cruz, Metherell atestou afirmando que os soldados romanos eram responsabilizados em caso de um crucificado conseguir fugir, pagando com sua própria vida; também, apontou como os soldados eram especialistas em matar pessoas, e por isso se certificavam sempre se o crucificado estava de fato morto antes de ser retirado da cruz. Após passar por tudo que passou, Jesus não poderia ter simplesmente desmaiado ou sobrevivido, afirmou Metherell.

Lee pensando em corpos que desaparecem, tanto na ficção quanto na vida real, e nunca mais são vistos, começa a refletir que como Jesus foi visto depois de sua morte, teria seu corpo realmente desaparecido no túmulo? As escrituras afirmam que Jesus foi visto vivo e foi visto morto, e depois foi visto ressuscitado. Os céticos afirmam que o acontecido ao corpo de Jesus ainda é um mistério, por não haverem evidências para uma conclusão definitiva. Outros afirmam que o caso está encerrado, por haverem provas suficientes de que o túmulo de Jesus realmente estava vazio. Com tudo isso borbulhando em sua mente, Lee vai encontrar-se com William Lane Craig que é um homem muito convincente em seus argumentos, e que procura ganhar pessoas que são alvo do amor de Deus. Craig é um renomado autor de livros sobre ciência, filosofia e teologia. Ele não acredita que o corpo de Jesus tenha sido devorado por aves de rapina ou por outros animais; apesar de ser este um costume, para os crucificados, daquela época. Craig começa a discorrer sobre as evidencias do sepultamento de Jesus citando primeiramente 1 Coríntios 15. 3-7, onde há menção pelo apóstolo ao transmitir um dos primeiros credos da igreja. Para Craig este credo ganha confiabilidade por apresentar a declaração da crucificação, do sepultamento, a ressurreição e as aparições de Jesus. Craig demonstra ainda como a arqueologia comprova a inviolabilidade do túmulo daquela época, relatando que um acentuado declive em direção à entrada permitia que uma pedra, em forma de disco, fosse rolada e encaixada em frente à passagem; e, finalizando, uma pedra menor servia de calço para firmar o disco. É lógico que para rolar esta pedra para cima seriam necessários vários homens, que com certeza seriam percebidos pela guarda do túmulo. Lee termina por se convencer de que o túmulo de Jesus realmente estava vazio, aceitando assim os argumentos de Craig como uma primeira parte da defesa da teoria da ressurreição.

Surgem agora novas interrogações: Jesus teria realmente aparecido depois de ressuscitar? Ele foi visto após sua morte? Baseando-se na tese de que o desaparecimento de um corpo não apresenta prova substancial de ressurreição visto haver notícias de roubos de cadáveres em várias partes do mundo, Lee vai entrevistar agora o doutor Gary Habermas; Harbemas já vivenciara um embate desta natureza com o filósofo ateu Antony Flew, do qual saiu vencedor. Doutor em filosofia e em teologia, Harbemas escreveu alguns livros que tratam da ressurreição de Jesus, além de ter escrito mais de cem artigos, publicado em vários jornais, sobre o mesmo tema. Habermas começa afirmando a Lee que não existem testemunhas ou relatos descritivos sobre a ressurreição, arremata explicando que como a polícia utiliza evidências para solucionar crimes, é assim que ele encara a questão da ressurreição: baseia-se nas evidências dos relatos históricos de que Jesus foi crucificado e de que foi visto pelos discípulos, pelo apóstolo Paulo e a mais de quinhentas outras pessoas; “pessoas mortas não fazem isso!”, finaliza. Ainda segundo Habermas, o credo apostólico estava em uso em menos de vinte anos após a ressurreição; mas concorda com estudiosos que o datam entre trinta e dois e trinta e oito anos pós-ressurreição. Assim, tal material por estar tão próximo de suas testemunhas de que Jesus ressuscitou e apareceu aos céticos Paulo e Tiago, e a Pedro e demais discípulos, é uma prova incontestável de que Jesus apareceu após a sua morte. As aparições de Cristo não são lendárias, como afirma Habermas; entre outras coisas, os discípulos tomam a ressurreição como ponto central da pregação da igreja antiga. As lendas só explicam como uma história pode ter começado, mas jamais explicam como a história ficou maior ou os relatos das testemunhas oculares. Afirma Habermas que as pessoas que viram Jesus ressurreto não foram acometidas de alucinações porque, primeiramente, todas contaram basicamente a mesma coisa; segundo, as pessoas que têm alucinações têm mente fértil e cheias de expectativa, ao contrário das que viram a Jesus e se encontravam amedrontadas e cheias de dúvidas; terceiro, alucinações não explicam aparições; quarto, em via de regra as alucinações são provocadas por drogas ou privações físicas. Habermas cita ainda o sentido especial que a ressurreição tem para ele, que é a esperança de reencontrar sua esposa que ressuscitará juntamente com todos os que estão em Cristo, quando ele encontrará também a Jesus. Dessa maneira, Lee se dá por satisfeito quanto a questão da aparição de Jesus após a sua morte.

As evidências circunstanciais provam fato a fato, testemunha a testemunha, que um determinado acusado é realmente o culpado, qualquer que seja o crime. O testemunho de pessoas é fator preponderante para a solução de qualquer que seja o fato em análise. Então, aliado às provas circunstanciais defende-se a máxima de que “não há crime perfeito”. Lee, após esmiuçar as evidências do túmulo vazio e os relatos das testemunhas oculares da ressurreição de Jesus, convicto de que realmente acontecera a ressurreição, vai buscar respostas sobre a existência de fatos secundários que apontam para a ressurreição. E, para isso, passa a entrevistar J. P. Moreland que é mestre em teologia e tem vários artigos publicados em mais de trinta revistas, e também é autor de mais de dez livros. Lee pede a Moreland que forneça cinco provas circunstanciais que Jesus realmente ressuscitou, tendo como resposta em primeiro lugar, que os discípulos morreram por crer e afirmar sobre a ressurreição de Cristo; eles não tinham nada a ganhar, do ponto de vista material, pelo contrário, tinham tudo a perder... E, por isto, perderam suas vidas. Como segunda prova, Moreland apresenta a conversão dos céticos, Paulo e Tiago, que não acreditavam em Jesus antes da ressurreição. Após a ressurreição abraçaram a fé cristã... Isso não poderia ter acontecido se não tivessem experimentado o Cristo ressurreto. A terceira prova são as mudanças que aconteceram nas estruturas sociais fundamentais para os judeus. Jesus propõe uma nova religião e seus seguidores estão dispostos a abrir mão ou alterar as instituições que lhes foram ensinadas desde a infância. Agora, os seguidores de Jesus deixaram de oferecer sacrifícios, não entendem mais que têm que obedecer às Leis de Moisés como identidade de destaque, percebem que não há necessidade de se guardar o Sábado como o dia do Senhor, passam a entender que a Trindade é a representação do Deus Pai, do Deus Filho e do Deus Espírito Santo como o único Deus e, por último, que o Messias é aquele que sofreu e morreu pelos pecados do mundo, a saber, Jesus, e não um líder político que destruiria os exércitos romanos. Após ensinar doze discípulos por três anos e, cinco semanas após ter sido morto e ressuscitado, este número de seguidores subir para mais de dez mil, e todos dispostos a mudarem esses cinco costumes tão fundamentais por vários séculos de existência como povo; isto só pode ter uma explicação: eles viram Jesus ressuscitado, encerrou Moreland. A quarta prova mencionada por Moreland foi a instituição da Ceia e do Batismo. A ceia é a celebração da ressurreição, a vitória de Jesus sobre morte; ao celebrar a Ceia se declara, na verdade, que Jesus ressuscitou. Quanto a Batismo, Moreland explica que, ao descer às águas a pessoa celebra a morte de Jesus e ao sair da água comemora a ressurreição de Cristo. A prática do batismo sempre foi um costume judaico. O surgimento da Igreja é a quinta, e última, prova apresentada por Moreland. A Igreja tem início logo após a morte de Jesus e venceu todas as ideologias que tentaram competir com ela, e chegou ao império romano. Para Lee, o caso parecia estar encerrado. Com estas cinco provas incontestes, concluiu que Jesus ressuscitou; e que apenas a ressurreição explica todos estes fatos.

Por quase dois anos Lee peregrinou entrevistando os mais hábeis homens numa profunda investigação sobre Jesus Cristo e os fatos que o circundam. Diante das evidências, agora só restava a Lee uma última questão: “O que fazer com elas?”. Apresenta ao leitor uma oportunidade para refletir sobre a importância de crer, receber e tornar-se, que se encontram no evangelho de João 1.12. Uma necessidade mais do que intelectual, a experimental, deve ser a reflexão de cada um de seus leitores, a partir de agora. Depois de ler esta obra, entrevista por entrevista; os argumentos de cada especialista; analisando as respostas, testando cada uma delas com lógica e bom senso, Lee espera que cada um chegue à conclusão de um argumento positivo em favor de Cristo. Lee, satisfeito, conclui que Jesus é o Filho especial de Deus.

Em minha opinião a obra “Em Defesa de Cristo” é uma leitura agradável, de fácil compreensão e que nos leva à refletir profundamente sobre nossas convicções e que argumentos apresentaremos em defesa de Cristo. Lee Strobel, questionando seus entrevistados com uma certa sede em desmerecer a fé cristã, é convencido pouco a pouco de que as evidências psiquiátricas, arqueológicas, históricas, cientificas, e todas as demais, serviram apenas para conduzi-lo à conclusão de que sua investigação o levou à defesa de Cristo. É como dizem os especialistas “contra fatos não há argumentos!”.

Penso ser leitura indicada para os Pastores, Seminaristas e estudiosos da Palavra de Deus. É, de fato, uma leitura muito agradável e cativante; além de considerar esta obra como um autêntico testemunho do poder transformador que até mesmo o mais desdenhoso cético pode ser alcançado pelo Amor e pela Graça de Deus.

Junho de 2007