O Auto de Parati.

O AUTO DE PARATI.

Por esses dias num universo de sonhos acordei dentro desse delirio, entre Ariano Suassuna e Jö Soares, em meio paisagem exuberante, e um cèu de brigadeiro. Em meio à desconfiança e desconhecimento da minha pessoa; comprimentei-os e fui logo ao assunto, pois o sonho era meu, e eles, meus personagens.

Um tanto sem jeito e desconfortàvel no papel dele mesmo, Jô tentou atraves do seu erudito linguajar e falando em espanhol; (porque não ingles?),perguntou-me o nome, confundindo-me possivelmente, com um escritor latino-emergente, e o tipo de literatura que eu escrevia. Expliquei-lhe que, por estar dentro do meu sonho; quem fazia as perguntas ali era eu, que a sua poltrona, sua caneca, seus cenàrio e os seus músicos; faziam parte de um sonho estratègico, preparado às pressas, ao perceber na reportagem sobre a Bienal do livro em Parati. Em sua aproximação e intimidade com Ariano Suassuna, tentava explicar de algum modo, trechos de seu ultimo escrito, que versava sobre “Assassinatos na Academia de letras”.

Ariano, do meu lado direito, prestava muita atenção, e com seu olhar afiado e inteligente, não me dirigiu a palavra, esperando por certo, o momento ideal para sair do meu sonho. Acharam porém, que não deveriam intervir naquele devaneio e esperaram a ação. Perguntei ao Suassuna sobre polìticos, principalmente se tivessem que passar por um “Auto Superior”; quantos se salvariam do inferno, e quantos deles escapariam a fùria da sua pena. A resposta foi uma risada curta, porem irönica, e a certeza de que nenhum deles, com raríssimas exceções, escapariam da peixeira, ou do fuzil de Severino justiceiro, não poupando o crivo de Deus, nem mesmo o clero.

Todo de azul, num linho amarrotado, eu vi em Ariano a pessoa certa para mudar esse país, pois trazendo ele o conhecimento humano e suas raìzes, decerto rumariam os sonhos de todo seu povo, para a praça que Castro Alves ditou, e sob o olhar arguto do condor.

Jô Soares anotava tudo no seu laptop, e eu de certa forma, vià-me no seu programa, respondendo suas perguntas, tomando goles vez enquando, do misterioso lìquido da caneca. Começaram a chegar mais escritores, mais pessoas que eu não conhecia e o meu sonho acabou se transformando no “Auto de Parati,” onde os leitores de todo o mundo, numa inquisição literària, fariam ali diante daquele cenàrio maravilhoso, um sarau de ideologias. Tenho certeza, todos seriam absolvidos e aclamados pelos os deuses da sabedoria, pois levam através de sua ideias, contos e poesia o amor e a paz; o verdadeiro sonho do ser humano.

Na confusão porèm, Ariano e Jö Soares, sorrateiramente, conseguiram escapar do devaneio-sonho-literàrio, deixando-me um pouco frustado. Ainda desconcertado, entendi porèm, que como fazedores de ilusões, usaram a màgica da fuga ilusionista, para dar lugar no meu sonho, para outros sonhadores, e que de alguma forma em algum lugar de Parati, estariam no sonho de alguém.

Honorato Falcon
Enviado por Honorato Falcon em 31/03/2009
Reeditado em 23/11/2013
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