Trecho de livro - CICATRIZES DE UM SEGREDO

Olá pessoal. Segue abaixo um pequeno trecho do meu livro CICATRIZES DE UM SEGREDO (Editora ZUM, 162 páginas).

Eram onze horas quando Martim acordou. Estava no banheiro, quando seu celular tocou. Era Medeiros.

- Bom dia, Martim! Como passou a noite?

- Bom dia! Acordei agora. Demorei a pegar no sono.

- Podemos ir até a universidade hoje à tarde?

- Sim. Pode ser às quatorze horas?

- Ótimo. Encontro você lá.

Medeiros sentiu uma grande vontade de ligar para Silvana e trocar o jantar de terça-feira por um almoço no domingo, mas preferiu esquecer esta idéia. Que desculpa ele daria caso ela quisesse prolongar o encontro? Mesmo estando interessado na companhia dela, o que o trazia a Novo Jardim era o trabalho, e tudo tinha seu tempo.

No horário marcado Martim e Medeiros chegaram simultaneamente em frente à universidade. Trocaram um aperto de mão.

- Boa tarde, Nélson. Tudo bem por aqui? – perguntou Martim ao vigia.

- Tudo bem. Nada de anormal.

Enquanto abria a porta principal, o reitor indagou ao detetive se ele queria ir direto à sala do cofre. Medeiros respondeu que sim. O detetive andava devagar, observando cada canto à procura de pistas. Sua memória era fotográfica. Se um vaso de flores estava dez centímetros mais para o lado do que a última vez que o viu, ele reparava. Seguiram até o auditório. Dessa vez o quadro estava no lugar. Quando Martim abriu a primeira porta, Medeiros instantaneamente agachou-se diante de um ponto vermelho no chão.

- Pincel atômico. Essa marca não estava aqui ontem.

Martim não ousou duvidar da memória do detetive. Seguiram escada abaixo com cuidado. Abriram a segunda porta e acenderam as luzes. No lado esquerdo da sala havia uma folha de jornal. Medeiros juntou-a e aproximou-se da luz. Havia uma matéria de duas páginas sobre traição. No meio do texto, a palavra ”esmeralda” estava circulada.

- Pincel atômico vermelho novamente – comentou o detetive. O ladrão deve ter deixado cair a caneta lá em cima ou fez aquele ponto propositadamente.

- Eu ficarei maluco com tudo isso. Primeiro aquele desenho a lápis no chão, depois a lâmpada quebrada e o sangue na parede e agora essa folha de jornal. O que isso quer dizer?

- Essas pistas começam a fazer sentido. Raciocina comigo. O rubi e a esmeralda estão claros aqui. Este está circulado no jornal e aquele desenhado na parede. A letra “C” desenhada a lápis no chão representa o diamante.

- Como assim?

- “C” é o símbolo do carbono. Tanto o diamante quanto o grafite são compostos de carbono. O ladrão só não deixou uma pista referente às pérolas ainda. Ele vai voltar.

- Meu Deus!

- Acalme-se. Traga-me a mesa que está atrás da porta.

- O reitor fechou a porta e trouxe a mesa até o centro da sala. Medeiros estava imóvel, olhando fixamente para a porta.

- O que houve? – questionou Martim

- Veja aquilo.

Escrito a giz, atrás da porta, havia a inscrição:

APENAS REPAREI UMA INJUSTIÇA