Tratados da Vida Moderna de Balzac

Tratado da Vida moderna

Há poucos trabalhos que examinam o ser humano em seu comportamento, abortando suas virtudes, seus pecados, seus gostos, seu âmago em um diagnóstico tão descritivo e articulado que ainda hoje não se tem igual. HONORÉ DE BALZAC (1799-1850) empreendeu um projeto de retratar a sociedade oitocentista da França, que culmina na Comédia Humana, uma das maiores realizações da ficção ocidental, onde textualizava uma “patologia da sociedade humana”, tendo como laboratório a cidade de Paris, em sua mais estupenda beleza e nos mais nefastos momentos.

Mas antes mesmo de aprofundar na vida social dos franceses, Balzac desde 1820 já esboçava alguns textos que aprofundam todos as nuances do ser humano. O próprio interargumentou sobre o porquê buscava descrever: “(...) o homem (...): veste-se, mora, fala, anda, corre, monta a cavalo ou sobe em um carro, fuma, se embriaga, age segundo regras dadas e invariáveis (...) Não se trata, pois, de obra da mais alta importância, esta decodifica as leis dessa existência exterior, de buscar sua expressão filosófica, de contar suas desordens”.

E assim antes do afresco da Divina Comédia (1842-1848). Balzac compôs em jornais estudos textuais sobre os modos de constituição do homem modernos. No livro TRATADOS DA VIDA MODERNA, publicado pela Estação Liberdade, em sua coleção de clássicos, se reúnem textos escritos entre 1830 e 1839, todos explorando as tais enfermidades sociais.

Os dois primeiros textos, datados de 1830 e 1831, respectivamente, Fisiologia do vestuário (Physiologia de La Toilette) e Fisiologia gastronômica (Physiologia gastronomique), são curtas propostas de Balzac de classificar o homem, segundo sua constituição, no caso o que se veste (a gravata, trajes com ou sem forros) e o que se come (o comilão e glutão), em ambos temos uma das marcas do remenesco balzaquiano a caracterização humana precisa e descritiva.

Tratado da Vida elegante (Traité de La via élegante) de 1830, um pouco mais longo que os anteriores, propôs a inclusão do homem em três categorias “o homem que trabalha, o homem que pensa, o homem que nada faz”. Um laboratório para a sua futura obra prima.

Teoria do mover-se (Theoria de La démarche, 1853) e Tratado dos excitantes modernos (1839, Traité dos encitants modernes), dissertações científicas que esboçam deveres traços do que seria a comédia da humanidade. Escrito para servir de apêndice à obra Fisiologia do gosto, do gastrônomo Brillat-Savarin, em 1839 chega aos leitores o “Tratado dos excitantes modernos”, texto que versa sobre os excessos no consumo de aguardente, açúcar, chá, café e tabaco. “Todo excesso baseia-se em um prazer que o homem deseja repetir para além das leis comuns promulgadas pela natureza.”

Com seu estilo situado em zona limítrofe entre o didatismo analítico e a ironia, com um quê de bem humorada coluna social, este Tratados da vida moderna vem acompanhado de posfácio de Leila de Aguiar Costa, tradutora e especialista em literatura francesa do século XIX, além de biografia do autor.

UMA ÓTIMA LEITURA PARA QUEM QUER INICIAR NA COMÉDIA HUMANA.

SERVIÇO

Tratadas da Vida Moderna

Tratados da Vida Moderna

Tratados da vida moderna

Honoré de Balzac

Tradução, notas e prefácio de Leila de Aguiar Costa

Estação Liberdade, 2009

240 p., 14 x 21 cm

ISBN: 978-85-7448-152-4

R$ 37,00

Cadorno Teles
Enviado por Cadorno Teles em 01/09/2009
Reeditado em 08/10/2009
Código do texto: T1786370
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