Visita a Londres (extraído do livro Álbum de Recordações)

Era um domingo aquele dia em que, após o café matinal, seguimos em direção a Londres. O destino inicial era o porto de Calais, onde deveríamos embarcar no Ferry Boat que nos levaria à capital inglesa.

As visitas ao longo do caminho atrasaram a viagem e perdemos a hora. Como opção, viajamos a Oostende, na Bélgica, e lá ficamos no aguardo da próxima embarcação para irmos a Londres.

Nesse interregno, passeamos pela zona marítima da cidade belga, batemos algumas fotos e almoçamos confortavelmente. Um companheiro do grupo quase não deu conta de comer os mexilhões que lhe foram servidos. Ninguém pensou em ajudá-lo na saborosa tarefa.

O ônibus embarcou conosco no navio. Diversos outros veículos foram transportados à terra firme dentro do gigantesco casco da embarcação. Na parte superior, ocupamos assento em cadeiras do restaurante e ficamos a contemplar o mar.

A viagem durou duas horas, aproximadamente, tempo que nos permitiu visitar as lojas de souvenir e um pequeno supermercado onde nos abastecemos de alguma coisa.

Não enjoei do mar. Estava ansioso para pisar o solo da Grã-Bretanha, um antigo sonho a se concretizar.

Na terra dos Beatles, fiquei hospedado no Central Park Hotel, bem próximo do Hyde Park. Passeei pelo famoso parque com a esposa e a filha, admirado da beleza e do esplendor das árvores que oxigenam o centro londrino.

Andei às margens do rio Tâmisa, atravessei algumas pontes, e até me lembrei de PC Farias, aquele chefe da quadrilha das Alagoas, amigo do ex-presidente da República brasileira, Fernando Collor de Melo, expulso do poder por corrupção. Sim, elle! Lembrei-me do seu comparsa PC, porque este havia pedido que suas cinzas fossem derramadas no rio Tâmisa, após a cremação do seu corpo, evidentemente. Parecia que o destacado membro da escória alagoana estava prevendo sua morte para breve.

O Tâmisa, nunca é demais repetir, é o mais nobre rio da Europa.

Fiz compras na Oxford Street, inclusive na famosa loja Harrod´s, mundialmente conhecida, com idade superior a cento e quarenta anos. Novamente, fui superado nos gastos por minha mulher, que não esqueceu as lembranças com as quais presentearia os filhos, o genro, a nora e, principalmente, a netinha.

Oxford Street é uma rua movimentada, com calçadas largas e bem cuidadas, digna de artéria urbana de alta significação comercial e turística. As lojas, boa parte delas estabelecidas em prédios da época vitoriana, são elegantes e espaçosas. O leito da rua é percorrido pelos tradicionais táxis pretos, de modelo incomum, com o volante à direita, e pelos ônibus de dois andares, de cor vermelha e estilo igualmente inconfundível.

Estive no Piccadilly Circus, praça de fama internacional, símbolo londrino, situada no cruzamento com a Regent Street, a rua da moda. Ali está localizado o Café Royal, lugar de encontro de intelectuais e artistas. No centro da praça, vê-se a escultura de um arqueiro com seu arco estendido. Esculpida em 1892, a estátua representa Cupido, o deus do amor que os gregos chamavam de Eros.

Na Trafalgar Square, outra praça muito freqüentada pelos turistas, encontra-se, ladeado de fontes, o monumento ao Almirante Nelson, herói da batalha de Trafalgar, ocorrida em 1805.

Visitei a Abadia de Westminster, mandada construir por Eduardo, O Confessor. O templo foi concluído em 1065 e serviu à coroação do rei Guilherme, O Conquistador. Todos os monarcas, a partir de então, foram coroados nessa igreja.

Em 1220, o rei Henrique III iniciou a reconstrução da antiga Abadia; as obras duraram trezentos anos para chegar ao estágio de hoje. É construída em estilo gótico, com arcos e teto abobadado. Seu interior é deslumbrante; exibe ricos detalhes artísticos e lindos vitrais.

Em Westminster encontram-se túmulos de reis, rainhas e príncipes, inclusive o do príncipe Albert, esposo da Rainha Vitória, falecido ainda jovem.

Ouvi as badaladas do Big Ben.

Conheci o Palácio de Buckingham.

Assisti à troca da Guarda Real, cerimônia marcante para o turista; um maravilhoso desfile de ordem e disciplina, presenciado por milhares de pessoas aglomeradas para assistirem à parada dos elegantes soldados da Rainha, trajando seus fardamentos vermelho-preto, complementados pelos inconfundíveis gorros de pele-de-castor (?).

Um bonito espetáculo!

O Castelo de Windsor, residência de verão da Família Real foi visitado em 24 de setembro de 1996. Cruzei os umbrais do palácio, verdadeira cidade construída de pedras e em alvenaria em estilo gótico. Milhares de metros quadrados de área repleta de salões soberbamente decorados. Exibem lustres de cristais, móveis de requintado acabamento, afrescos, telas, esculturas e uma infinidade de outros objetos de arte, tudo em profusão.

Um templo de extraordinário esplendor!

Despedi-me de Londres, após visitar o Museu de Cera de Madame Tussau. Fui fotografado ao lado de James Dean, Ayrton Sena, Nigel Mansel, Elvis Presley, Margareth Tatcher, dos Beatles e de Indiana Jones, representado por Harrison Ford.

Pernoitei mais uma vez em Londres. Estava preparado para a nova etapa da viagem. Dormi um sono inquieto, pois viajaria a França no dia seguinte.

Iria conhecer Paris.

"Paris, minha bela Paris, por quem sou perdidamente apaixonado, estou ansioso por te conhecer! Conto as horas, os minutos e os longos segundos que nos separam. Logo, logo te verei linda, como imagino seres. Aguarde-me, mon amour!" – disse eu, pra mim mesmo, envolto em grande sentimento de ansiedade.