A TRAGÉDIA INTERMÉDIA: SÓFOCLES

KITTO, H.D.F. A Tragédia Intermédia: Sófocles. IN: _____________. A Tragédia Grega. Coimbra: Armênio Amado Editora, 1990. 2v. 335 p. 12 x 19 cm.

H.D.F. Kitto nasceu nos finais da era Vitoriana, no Gloucestershire. Freqüentou a Crypt Grammar School e o St John’s College, de Cambridge. Durante os estudos foi aliciado por um professor obstinado a cursar Filologia Clássica. Continuou a sua formação como Assistente de Grego na Universidade de Glasgow, de 1920 a 1944, até ser nomeado Professor de Bristol. Em 1962 jubilou-se. Entre os seus livros contam-se The Greeks (<<Os Gregos>>, n&#61616; 78 da Coleção Studium, em versão portuguesa do mesmo tradutor da presente obra) e Form and Meaning in Drama. Escreveu também Sophocles: Dramatist and Philosopher e mais recentemente Poiesis – Structure and Thought. Viajou pela Grécia e escreveu um livro sobre ela, In the mountains of Greece que tem sido muito louvado e pouco lido.

Apesar de não ser estritamente necessário o conhecimento das obras: Édipo Rei, Electra enriqueceria ainda mais a compreensão da obra de H.D.F. Kitto. Segundo o Autor a história de Rei Édipo é bem de carácter Grego; algo de desagradável é profetizado, as pessoas envolvidas tentam afastar a profecia e consideram-se a salvo, mas de um modo natural, embora surpreendente, a profecia cumpre-se. Como conseqüência natural da fraqueza e das virtudes do caráter de Édipo combinadas com as de outras pessoas. Havendo uma sugestão de em segundo plano de um determinado poder ou desígnio através de uma ironia dramática, porém, devemos ter uma certa relutância em interpretar isso como sendo Determinismo frouxo. Pois os personagens não são fantoches dos poderes mais altos; agem no seu próprio direito, fato este ressaltado pelo coro na ode que segue imediatamente à catástrofe. No geral o que acontece tanto ao personagem principal como secundários é parte da teia geral da vida humana. Todos os pormenores do Rei Édipo são imaginados a fim de fazer valer a fé de Sófocles neste logos subjacente; eis a razão porque é verdade afirmar-se que a perfeição de sua forma implica uma ordem do mundo. Quanto a ser ou não benfazeja fica a dúvida.

Seguindo um método descritivo a partir de um levantamento bibliográfico, H.D.F. Kitto objetiva, por meio de seu texto pretende não só registrar como evoluíram a forma e o estilo do drama, mas pergunta igualmente porque se verifica essa evolução permitindo ao leitor analisar a tragédia grega Édipo Rei, contando e questionando qual a intenção dos poetas trágicos , destacando especialmente Sófocles e Ésquilo e fazendo referências a algumas obras do gênero e dotando o leitor de muitas respostas sobre o tema.

O Autor tem uma opinião crítica definida e procura nas próprias peças a sua aplicação. Com este livro se escreveu uma obra de crítica lúcida e penetrante que todos os estudiosos de literatura apreciarão.

Há manuais, histórias e estudos especializados, mas poucos livros que tratem as peças simplesmente como tal. Neste livro, o estudioso que da literatura clássica quer da moderna, encontrará o que precisa. Ficando a indicação para estudantes de Filosofia, História, Letras, Artes, principalmente Teatro.

O estudo feito sobre este tema leva constatar como evoluíram a forma e o estilo do drama, a conhecer algumas gestões levantadas por Sófocles e a intenção deste em não responde-las. E como o Autor nos apresenta série de alternativa de respostas referentes aos poetas do gênero, mas principalmente um excelente questionamento sobre estes.