A Menina Que Roubava Livros


Não sou uma resenhista mas, as adoro escrever sobre o que leio , eu adoro ler. Todo meu tempo livre, sempre que possível é consumido em leitura: jornal – não o perco de vista; livros, sempre tenho algum a mão onde quer que eu esteja; livro virtual, páginas na internet...

E este livro, citado no título deste texto, já o li há alguns meses, já emprestei para várias pessoas e todos que leram gostaram; minha filha achou muito chato, muito lento, muito descritivo e complicado.

Bem, o autor é descritivo, mas é envolvente e enredador; lento só nas primeiras páginas, até surpreender com sua narrativa diferente, depois é rápido; complicado, não concordei com ela. Ela gosta de leitura dinâmica, gosta de ler rápido, talvez seja esse o motivo de achar o livro complicado, chato... Eu gosto de ler devagar, saboreando as vírgulas, os pontos, as exclamações, as interrogações, de voltar e ler novamente um parágrafo ou um capítulo inteiro... Dificilmente leio um livro numa sentada, como dizem os rápidos...

Este livro de Markus Zusak, A Menina que Roubava Livros é uma história muito interessante, bem criativa – nunca imaginei a morte como indivíduo- personagem-, relatando fatos, lembranças, ter memória – e este é o caso do livro em questão. A morte é enganada por t várias vezes por uma menina, isto. Uma menina de dez anos, Liesel.

A história se passa na Alemanha nazista, entre 1939 e 1943, portanto durante a Segunda Guerra Mundial, quando sua mãe a abandonou na casa de pessoas para ela desconhecidas, e foi embora. Na viagem seu irmão morreu de fome e de frio no trem. Durante o sepultamento na neve, o coveiro deixou cair um livro de capa preta. Ela o apanhou e guardou. Seu primeiro roubo. Foi seu companheiro. O “Manual do Coveiro”.

A nova mãe falava aos berros, reclamava muito e a humilhava, mas o novo pai – Hans, que enrolava cigarros e tocava acordeom, a orientou , ajudou e a ensinou a ler e escrever depois que encontrou escondido o livro que ela roubou. Tornaram-se amigos. É colocada na escola onde fez amigos e um foi especial: Rudi Steiner. Com ele brincou, jogou futebol, correu pelos campos em neve... Talvez pela simplicidade e alegria de Liesel, apesar da situação, a Morte, não conseguiu levá-la e foi se distraindo contando as histórias, se divertindo com as cores do mundo e dissertando sobre o que via, sobre as suas observações sobre os humanos...

A Menina Liesel transformou os livros que roubou em sua ponte de salvação: com eles se escondeu num porão minúsculo com um judeu, com eles aprendeu a falar, a escrever, a ler, fugir do medo, das bombas... Neles encontrou a ternura, a solidão ficou mais leve, ultrapassou o racionamentode alimentos esquecendo-se da fome, e ela conseguiu sobreviver com sua inocência infantil, ignorando as diferenças, lidando da melhor forma com pessoas e situações tão complicadas e com seres humanos que assombraram até a Morte.

Saboreei cada parágrafo do livro muito bem desenvolvido. Ainda não tinha lido nada desse autor. Li e gostei... A estrutura da história é super diferente, com histórias intercaladas, com poesias, citações... Eu não achei complicado, nem chato, nem lento. Ele tem um ritmo próprio e certeiro para atingir o leitor e o deixar fascinado, e depois da leitura concordar com a morte sobre a sua opinião de que os seres humanos são assombrosos.
MVA
Enviado por MVA em 22/07/2010
Reeditado em 29/07/2010
Código do texto: T2393307
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