O Guardião de Memórias


Corre o ano de 1964, um inverno intenso, quando a história em ficção de Kim Edwards, O Guardião de Memórias, começa.

Uma gestante, esposa de um ortopedista, entra em trabalho de parto. Por causa de um acidente, o médico obstetra que fria o parto, não pode comparecer a tempo e o marido David Henry, é obrigado a fazer o parto da esposa, com o auxilio de uma enfermeira, que era apaixonada por ele.
Tudo lhe vem à mente naqueles breves segundos e a sua decisão foi rápida: dar a criança. Evitar sofrimento para a esposa que ele adorava. Não contava com a tristeza da esposa ao saber que a filha morrera – ele mente à esposa – ela faz o funeral da filha mesmo sem o corpo presente o que o magoa mais. Dá a criança. Não a quer.

E a história se desenvolve, o tempo vai correndo. A distância acontece entre eles. Ele mortificado pela mentira e pelo remorso. Ela não supera a morte da filha. Cuida do filho, mas não esquece a filha que nunca viu. O menino cresce, torna-se músico e com problemas de relacionamento com os pais

Cada capítulo, cada ano é descrito de forma magnífica. O crescimento do filho por eles. O crescimento da filha pela enfermeira e seus desafios que ele sequer desconfia. Cada situação é descrita de forma surpreendente.

Vinte e quatro anos se passam e ele morre. A enfermeira, Caroline, procura a esposa de David, Norah, e conta-lhe que filha está viva. Ela se dá conta que sua filha agora lhe é uma estranha. Seu filho tem uma irmã que supunha morta, que visitava o túmulo com sua mãe. Ódio do pai toma conta dele, de Norah.

Fica a mensagem de que só o amor incondicional. O verdadeiro vence todas as barreiras. Vence o preconceito, a intolerância, a traição. Que nossas reações desencadeiam ações imprevisíveis e invisíveis. Que estamos ligados no universo por cada ato que praticamos voluntário ou involuntário. Que colhemos o que plantamos, sim, de um jeito ou de outro.

A escritora desenvolve a narrativa de forma envolvente. A passagem do tempo nos remete dos nos 60, com seus traumas, lutas, reivindicações, até 1989. Encaixa muito bem as épocas, personagens, detalhes dos personagens, o psicológico de cada um, detalhes de lugares com odores, cores, que nos parece estar presente nos locais descritos.

Cada pessoa é um guardião de memórias que nunca se apagam, que se agarram à nossa mente, que nos saúdam ou nos destroem.

Imagem: Internet
MVA
Enviado por MVA em 26/07/2010
Reeditado em 26/07/2010
Código do texto: T2399801
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.