Todos os Nomes – José Saramago- resenha-



O livro de José Saramago, Todos os Nomes, de 1997, pela Editora Companhia das letras, é excelente.Têm como “pano de fundo” os temas universais: a vida e a morte.

Saramago torna a leitura lenta ao escrever sem pontuação, com parágrafos grandes numa belíssima confusão, dando nós em nossas mentes. Mas a criatividade do homem é demais e ele se sai muito bem nesse estilo. Usa nesse romance muita metáfora e perífrases para situar os personagens secundários, eliminando seus nomes.

Nesse romance ficção quase não há nomes próprios, apenas uns poucos. Um é o espaço inicial da história o prédio da Conservatória Geral de Registro Civil, o Sr. José , personagem central; Ariadne, alusão a personagem mítico e, Minotauro também mítico.

O personagem principal, Sr. José, é um funcionário exemplar da Conservatória Geral de Registro Civil, de 26 anos de trabalho, dedicadíssimo: não falta, não adoece, não reclama , não aborrece. É de meia- idade, vive sozinha numa casa que é germinada ao seu local de trabalho que é antigo, mas mantida assim apesar do avançar dos tempos para manter a arquitetura característica de um período da história da cidade e da rua. Sua casa era ligada a esse prédio, mas, por ordem do conservador geral foi proibido de entrar ou sair por esta porta que dava para sua casa, nos fundos, obrigando-o a entrar e sair pela porta da frente como todos, visto que um antigo funcionário, ao buscar informações no arquivo morto, situado nos fundos do prédio, ficou perdido lá dentro, por vários dias.

O Sr. José se distraía em recortar e guardar os recortes de notícias de celebridades, em horas de tranqüilidade, de folga. Arquivara já muitos recortes. Mas, ele burlava a ordem de proibição à noite, entrando lá para fazer suas pesquisas. Porém, sentia-se triste com a situação de abandono do arquivo, sentia medo de ser surpreendido ali sem autorização e, pior que tudo tinha fobia, medo de altura, quando precisava pegar algum documento no alto.

Certa noite de pesquisa, encontra a ficha de uma mulher de trinta e seis anos, incompleta, com somente duas anotações: do casamento e divórcio. Automaticamente copia a ficha e decide investigar a vida dessa mulher e, transforma-se num detetive, com credencial e tudo.

Começa a pesquisa pelo endereço contido na mesma, mas ninguém sabe dela. Nem os vizinhos e alguém indica a companhia telefônica. Descobre a madrinha dela – a mulher-do-rés-do-chão. Descobre que ela está morta. Suicidou-se...

Nessa sua pesquisa para conhecer detalhes da vida da mulher morta, por que ela praticou o tresloucado ato, numa noite, andando pela cidade, sob intensa chuva, invade uma escola em busca dos boletins escolares da mulher. Passa a noite, e o dia ali, escondido remexendo arquivos.

Depois vai para o cemitério, outro cenário, e, anda por entre os túmulos e, descobre o da mulher . Fica triste e acaba dormindo sob uma oliveira, tem sonhos esquisitos com pastores de ovelhas, que filosoficamente conjetura sobre os suicidas, que são pessoas que quiseram se esconder de outras pessoas, e, que como trocava todos os nomes das lápides, era a sua função, de não querem ser encontradas. A morte deve ser respeitada. A vida respeitada. Ambos muito valorizados. O ser humano respeitado em toda a sua dignidade. O insulamento , a condição social são elementos bem destacados. Bem pertinente ao momento atual.


MVA
Enviado por MVA em 15/08/2010
Reeditado em 31/08/2010
Código do texto: T2438732
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.