100 viagens que toda mulher precisa fazer (1) -
 
Stephanie Elizondo Griest
 
Ler um livro que se propõe a apresentar-me cem viagens que eu preciso fazer é no mínimo curioso. Desconfio dessa pluralidade, afinal antes de sermos todas as mulheres do mundo somos uma e cada qual dessa uma tem sua individualidade e percebe o mundo de maneira diferente. Portanto, deseja um destino diferente. Mas não custa tentar. E torcer para que os homens também leiam essa resenha.

Após o prefácio a autora resolveu nos oferecer dez dicas – especialmente para nós, as mulheres viajantes. Acho que tentou ser engraçada, mas não conseguiu. Pareceu-me uma verdadeira imbecil com seus conselhos e eu seriamente pensei em desistir da leitura. .Mas a curiosidade sobre os cem destinos a minha espera foi maior que a irritação então continuei.

No primeiro capítulo Stephanie escreve sobre os Santuários dedicados a Maria ao redor do mundo, levando apenas quatro em consideração: N.Sra de Guadalupe, no México, Fátima, em Portugal, a Basílica do Santuário da Imaculada Conceição, na capital norteamericana e Aparecida, no Brasil. O texto maior é sobre a nossa Aparecida o que me leva a conjeturar se não foi incluído apenas da edição brasileira. Provavelmente.

Tenho feito o propósito de visitar Aparecida do Norte. Fui lá duas vezes, mas minhas lembranças estão distantes porque já faz muito tempo. A primeira vez eu tinha cinco anos e fomos batizar minha irmã e dela resultou-me fotos com os olhos inchados de tanto chorar e um poema: Vermelho e Rosa. Eu queria uma comprar uma bolsinha rosa que havia me encantado, mas ela não combinava com meu vestido de ver Deus que era vermelho de bolas brancas. Portanto venceu a vontade de minha mãe. É interessante pensar como isso marcou a minha vida, lembrança viva ainda e assunto de terapia. A outra vez foi para um casamento, mas só me lembro bem de termos trazido conosco os noivos para deixá-los em lua de mel em uma estação de águas. Lembro-me também que a viagem ocorreu debaixo de uma tempestade e que o noivo se sentou no meio, entre mim e a noiva. Em Fátima eu também já fui, em um dia comum e tranquilo e ficamos zanzando por ali por algum tempo, visitando os lugares santificados, até nos assentarmos em um banco à sombra quando então ficamos vendo a vida passar até a hora de ir almoçar e fazer compras na grande loja das proximidades. Nem me lembro se comprei alguma coisa. 
 
Depois dos Santuários ela foi nos indicando visitar algumas cidades relacionadas com a história de mulheres famosas, algumas santas, outras bem safas, mas todas as mulheres que conseguiram de uma forma ou outra escreverem seu nome na História.
Os quinze primeiros destinos que se multiplicam em subdivisões são dedicados a essas mulheres poderosas e seus lugares na História. Anotei em minha agenda alguns deles que achei bem interessantes e possíveis de serem conhecidos como São Petersburgo, na Rússia, terra de Catarina, a Grande; Coyocan, no México onde está à casa de Frida Kahlo. Aliás, o México anda se intrometendo demais em meus pensamentos ultimamente. Desses destinos recomendados o único que conheço é Buenos Aires: duas citações no livro, a Recoleta, onde está enterrada Evita e a Praça de Maio. Tanto em um quanto em outro passei tardes muito agradáveis e endosso a recomendação. A visita ao Cemitério da Recoleta é imperdível. O passeio por entre os túmulos, simples ou magníficos é uma aula de sentimento humano. Os arredores do cemitério também possuem elementos agradabilíssimos de serem explorados.

Os onze destinos seguintes são lugares para aventuras e não me interessei muito. Mas fiquei sabendo que a estação brasileira na Antártica aceita voluntários – basta escrever e dizer a aptidão que tem. Fiquei pensando na minha aptidão – a única coisa que sei fazer relativamente bem e que poderia justificar a minha inscrição seria escrever. Eu escreveria belas histórias sobre a minha permanência nessa região gelada. Mas não me interessei por surfar, fazer safári na África, praticar rapel e canyoning, e outras atividades semelhantes. Por que eu deveria?
O terceiro grupo de destinos trata de Purificação e Beleza e como nos grupos anteriores fornece endereços, tanto locais quanto virtuais para encontrarmos os pontos indicados o que me faz deduzir que esse livro é na verdade um grande catálogo promocional, mas nem sempre eficiente – não me interessei por nenhuma das indicações. A primeira dela trata de saunas, mas posso fazer isso em muitos lugares por aqui mesmo sem precisar ir à Rússia. Lembrei-me enquanto lia da última             sauna em que estive: uma barraca de purificação no meio do mato, ocupada por umas trinta pessoas grudadas umas as outras se esfregando no barro para refrescar um pouco, tendo no centro pedras aquecidas que produziam um calor infernal. No meio da madrugada um relax e lá fomos nós tomar banho de cachoeira que na verdade era uma bica natural. Mas o sentimento do quente/gelado foi altamente purificador. Dentre esses destinos estão além de spas holísticos, locais onde se pratica o naturismo, vulgo nudismo e endereços similares. A indicação mais curiosa é sem dúvida Depilar no Rio de Janeiro.  
 
Dos cem capítulos do livro, li até agora 34. Como basicamente escrevo essas resenhas com o intuito de preservar minha memória (chamo-as de Resenhas para não esquecer) escreverei até o último capítulo. Mas vou dividi-lo em pelo menos duas partes inclusive porque vou dar uma pausa neste livro para ler Comer, rezar, amar. É que assisti ao filme e quero comparar. Então, até a próxima.