Uma cena inusitada. Numa importante avenida de uma metrópole também importante, ás cinco da tarde, hora de volta pra casa do trabalho o trajeto é interrompido, por que a ambulância, os bombeiros, a polícia estão tentando dissuadir um homem de suicidar-se.
 
Naquela confusão um mendigo consegue furar o cerco protetor e sobe ao vigésimo andar onde o homem, um grande empresário, que tomou um revés financeiro, tenta suicidar-se. O mendigo aos rápidas palavras senta-se ao seu lado no parapeito do prédio, declama um poema e abre um sanduiche envelhecido e põe-se comê-lo calmamente. O suicida não entende nada.

Eu leitora, comecei a rir da situação. Imagine você querendo acabar com a vida e alguém do seu lado, nem aí, e ruidosa e calmamente começa a comer? O que ele queria então ao subir até lá? Chamar a atenção? Dissuadir o suicida? É isso, mas o dito suicida não quis ouvi-lo e, após algum tempo percebe-se lá de baixo que os dois conversam e, que o mendigo não se impôs à vontade do suicida que o ouve entre espantado e atento.

Acontece que depois de longos minutos de tensão, ansiedade o homem desiste e decide descer do prédio e segue o andarilho que o leva sem exigência à companhia de outros desajustados da sociedade: bêbados, desempregados, drogados, ladrões, punguistas etc... Ninguém tinha onde ficar, onde dormir, onde alimentar-se, banhar-se. O lar, a casa eram as ruas, o dormitório as sarjetas, as marquises, embaixo dos viadutos.

O andarilho era um homem estranho, diferente. Suas palavras levavam as pessoas à reflexão, como esse que acabara de salvar do suicídio, que vendo seu projeto de vida tinha se esfacelado – era um professor doutor universitário muito egoísta, individualista e durante o diálogo com o andarilho percebe ser um ser inacabado, em construção.

O ex- suicida conta que se apaixonou por uma aluna, traiu a esposa, contraiu dívidas e que seu filho está envolvido com drogas. Em determinado momento o professor indaga quem ele é, e Le responde que é um vendedor de sonhos, vendendo coragem, alegria e também vírgulas e pontos, para que as pessoas escrevam suas histórias.

O psicólogo, o delegado, os médicos, a multidão... Espantados  vêm o maltrapilho aparecer e com muito entusiasmo começa a dançar junto com outros mendigos que arrastam o professor para eles. Júlio Cesar se transforma com essa alegria simples e agora se junta aos que chamam o mendigo de Mestre.

O Mestre para de dançar e pergunta a todos que são eles, o que querem, qual seu
sonho. Todos se espantam quando ele faz seu discurso. Precisamos de sonhos, sonhos não sucessos, dinheiro, mas uma oportunidade da acabar ou sair do conformismo que molda as pessoas como uma forma. Para ter felicidade é preciso saber viver com a beleza de tudo, sem culto a personalidade, à beleza e ao sucesso. A sociedade atual é cheia de armadilhas, de intolerância, de fobias, sem amor. Na hora de dormir, foram para debaixo do viaduto e Júlio descobre que para dormir bem é preciso primeiro repousar em si mesmo.

O andarilho, diante de tudo isso fica conhecido, famoso, virando notícia jornalística, seguido por fotógrafos, jornalistas. Num cemitério, faz homenagem a um morto que fora muito poderoso e ele alerta para o estress da competição econômica e social.

Mas esse Mestre acaba desmascarado num grande evento em que não fora convidado a dar uma palestra. Lá mostram um doente, num hospital psiquiátrico. É ele. Um mega empresário que perdera sua família num trágico acidade de avião.
O andarilho maltrapilho era o maior empresário do mundo, dono da Megasoft, que daria toda sua fortuna por mais um dia junto da sua família, junto com seus filhos.

O autor do livro é Augusto Cury, foi publicado pela Editora Academia de Inteligência Ltda, em 2008. É um livro de ficção. É de leitura rápida interessante com diálogos surpreendentes que levam o leitor à reflexão sobre as atitudes e comportamentos atuais e diários.
MVA
Enviado por MVA em 18/01/2011
Reeditado em 18/01/2011
Código do texto: T2736828
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