A arte de insultar

Ao longo da vida, por diversos motivos, somos obrigados a lidar com todo tipo de provocações e insultos. Apesar de toda cautela, muitas vezes, acabamos nos descontrolando por causa de uma ofensa e geralmente no momento em que menos gostaríamos. O resultado nem sempre é agradável!

Em função disso o filosofo alemão, Artur Schopenhauer escreveu uma obra chamada A arte de insultar (Ed. Martins Fontes).

O livro é dividido em duas partes: Na primeira (Um alfabeto de insolências) a mais interessante, o ensaista e comentador Franco Volpi demonstra como utilizar o insulto ao seu favor e as melhores maneiras de lidar com esse tipo de situação.

O próprio Schopenhauer confirma: Quando perceber que o adversário é superior e a partida está perdida, seja ultrajante e ofensivo. Uma só grosseria supera qualquer argumento.

Na verdade o autor era contra esse tipo de recurso, sendo que ele deveria ser utilizado somente em último caso.

Já a segunda parte (A arte de insultar) serve mais como uma curiosidade a respeito dos insultos que Schopenhauer desferiu ao longo de sua carreira filosófica. Entre essas ofensas, algumas são engraçadas, outras bem preconceituosas, mas no geral extremamente críticas.

Conseqüentemente o livro demonstra que insultar requer treino, sendo uma ciência a ser praticada, consideradas por muito como uma verdadeira arte.

Abaixo vou colocar alguns dos insultos que velho e rabugento Schopenhauer lançou sem dó nem piedade contra a humanidade:

Amigos

Os amigos se dizem sincero, os inimigos o são.

Bem-aventurança

Existe apenas um único erro inato, que é o de acreditarmos que vivemos para sermos felizes.

Cérebro

O cérebro é parasita ou pensionista do corpo inteiro.

Os aperfeiçoadores do mundo

Quem veio ao mundo para instruí-lo seriamente e nas coisas importantes, pode dizer-se felizardo quando consegue salvar sua própria pele.

Deus como pessoa

Quando se estuda o budismo desde as suas origens, ilumina-se a mente; nele não existe aquele discurso estúpido do mundo criado a partir do nada, nem do sujeito inesperado que o criou. Que horror essa sujeira toda!

A morte

Se, numa discussão, um dos muitos que gostariam de saber tudo, mas se recusam a aprender qualquer coisa, nos perguntar a respeito da continuação da vida após a morte, a resposta mais adequada e mais correta é: “Após a morte você será o que era antes de nascer”.

Casamento

Casar-se apenas “por amor” é não ter de se arrepender muito cedo. Casar-se de maneira geral significa colocar a mão dentro de um saco sem ver o que há dentro dele e esperar tirar uma enguia de um emaranhado de serpentes.

Monogamia

No que concerne o relacionamento sexual, nenhum continente é tão imoral quanto a Europa, em conseqüência da monogamia que vai contra a natureza.