IDEOLOGIAS APENAS IDEOLOGIAS

A obra Triste Fim de Policarpo Quaresma do autor Lima Barreto é dividida em três partes compostas cada uma com cinco capítulos, essas partes nos lembram muito páginas de uma biografia onde as folhas principais foram destacadas e anexadas propositalmente para o fim de conhecermos os pormenores de uma história às vezes cômica e muitas vezes nostálgica.

O protagonista é o Major Quaresma toda a história gira em torno de sua pacata vida, onde o amor à pátria é o seu bem maior, na obra aparecem outros personagens que podemos considerá-los como secundários foram apenas criados para dar mais divertimento e ênfase, ou até mesmo para o desenrolar mais real. Exemplo disso é o Ricardo Coração dos Outros que não tiveram nem o trabalho de dar-lhe um sobrenome devido sua condição social e querer todos os olhares ao major. Notamos devidos os acontecimentos inclusos na obra o período cronológico em que ela está inserida. O tempo descreve a vida política do Brasil após a Proclamação da República, o ambiente diversifica-se, pois ora é na cidade, ora no campo e no seu desfecho em uma prisão além de não esquecermos o ambiente da guerra.

O Major Quaresma é um homem de uma índole inabalável, onde o dinheiro, as paixões não lhe dizem nada, seu grande amor é por sua terra, por sua pátria, onde o bem mais valioso que ainda tem além de sua dignidade é contemplar as belezas e os “tesouros” encontrados em sua linda Terra, notamos críticas severas aos estrangeirismos principalmente a gêneros importados onde se ele vivesse nos dias atuais já teria morrido de desgosto devido tanta valorização de tudo o que vem de fora, era um homem extremista, amar ou odiar era seu lema tanto que foi parar em um hospício por não aderirem a uma língua nossa o tupi. O seu mundo era a valorização exacerbada de tudo que nos pertencia por direito como cultura, música, língua ate nossas plantações.

A obra trás várias abordagens e criticas implícita a sociedade da época como o militarismo metódico (podemos notar no horário correto do major) hábitos adquiridos no quartel, o preconceito aos músicos, a necessidade de um casamento para comprovar que a mulher é útil a sociedade, interesses políticos e bajulações aos mais “ilustres”, abuso de autoridade e a importância da valorização do que temos e somos, ou seja, amor à pátria.

O estudo não era valorizado como algo que modificasse mentes era apenas aceito por status, era um mérito ser médico ou um dentista, já se criticava daí as Universidades particulares.

Mas o Major tanto que lutou, mas no fim acabou descobrindo da pior forma que suas ideologias não eram aceitas e nem um pouco reconhecidas que o que realmente contava era a politicagem e amor ao seu próprio bolso e imagem muitas vezes mentirosa. Sei que ele estaria revoltado vendo o Brasil de hoje onde o mais patriotas que conseguimos ser é em época de Copa do Mundo detalhe se ganharmos, pois se perdermos destruímos os enfeites das ruas , jogamos fora nossas camisas e maldizemos os jogadores e a comissão técnica .

O Major sem perceber muito levantou uma questão de grande relevância e importância para qualquer nação à utilização de sua língua mãe, ou seja, de seus habitantes iniciais e não de colonizadores, ele fez isso por amor a pátria, mas isso é primordial a todos.

A linguagem trás poder universal, domina cria vínculos futuros, e não só em questões ufanistas, mas em questões de poder e superioridade. Podemos notar isso quando todos os colonizadores impõem sua língua, idioma, isso não é por acaso é para afirmar que é deles é que os habitantes são apenas coadjuvantes da história.

Fato que parece que não foi pensado no acordo ortográfico onde nos unificaram ainda mais aquela nação que só se apoderou do que tínhamos e ainda saíram batendo as botas com desdém .

A linguagem abordada nesta obra é para marcar território, dignificar a nação além de não ficarmos presos a historias dos outros o tupi seria uma ótima opção, mas como sempre valorizamos a cultura de outros países.

A obra nem parece ter escrita na época da Primeira República parece que Lima Barreto psicografou tudo e apenas contou com algumas sátiras tudo que nos aconteceria na atualidade, fato que podemos ver que a gênese de alguns problemas atuais vem de muito antes que pensávamos. O Major não morreu assassinado, mas as ideologias que estavam impregnadas em seu interior foram totalmente desmistificadas assim como acontece em nossa primeira decepção amorosa tudo perde o sentido imediato e paramos para ver o que fizemos e o que não recebemos em troca.

Beba Almeida
Enviado por Beba Almeida em 10/03/2011
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