As Memórias do Livro – Geraldine Brooks



Acabei de ler o livro. Nunca demorei tanto pra terminar uma leitura. O livro é de Geraldine Brooks, com o título de As Memórias do Livro, um romance ficção, do ano de 2008, da Editora Ediouro. A autora é ganhadora do Pulitzer de Ficção.A tradução é de Marcos Malvezi Leal. Nada mal, não é?

A capa do livro tem uma foto de uma rua deserta, apresentando destruição e, uma criança em roupas notadamente maiores que ela, observando o estrago. A guerra em Sarajevo. Bósnia. A cor predominante é o marrom ou ocre. Lembrando terra...

O livro achei “chato” no começo que desanimei. Leitura lenta, muita descrição. Monotonia. Mas, como sou mais chata, reli esses capítulos depois de um mês mais ou menos de abandono da leitura e, prossegui, a mesma porque naqueles dias de recomeço, eu não tinha outra leitura ao meu alcance, o que foi muito bom. Comecei a leitura de forma rápida, porque já conhecia o texto e...surpresa! Geraldine Brooks me ganhou...A leitura disparou..e reli...Por isso demorei para terminar.

O livro conta a saga da Hagadá de Sarajevo desaparecido durante anos de guerra. A personagem Hanna Haeth é uma restauradora de livros e em plena madrugada, em Sidnei, na Austrália, ela é australiana, é convocada a desvendar a origem e a autenticidade de um livro encontrado e, aos cuidados de um Banco, por sua importância e imponência.

Cercada de policiais, num ambiente até hostil, ela começa a folhear as páginas antigas, amareladas do livro e descobre pistas interessantes: fragmentos de asa de inseto,
sal, manchas avermelhada, um pêlo branco. Tudo coletado com o devido cuidado, mão enluvada, com pinças...envelopado.

Hanna começa sua luta para desvendar o por quê daquelas elementos, quem os deixou lá, quem protegeu o livro da destruição nazista, quem fez as iluminuras... Todo o percurso da narrativa é um passeio pelo passado antigo, 500 anos atrás. Hanna vai de 1996, Sidnei, Austrália, com seus dramas pessoais, conflitos com a mãe, uma neurocirurgiã que não a perdoa por ter escolhido a arte da restauração em vez da medicina, envolvimento romântico... Ela volta , por conta de desvendar o por quê da asa de inseto, a Sarajevo de 1940, em plena perseguição nazista... contra os judeus...Segunda Guerra Mundial, com seus horrores, torturas, prisões, mortes. Encontra a primeira personagem que desafiou a Alemanha nazista para defender a Hagadá, a família Kamal. A personagem volta a 1996, sua realidade atual. O laboratório lhe dá o nome do inseto: uma borboleta que doou suas asas para fazer a tinta. Em que época? Vai a 1894,e, vai em busca de mais uma pista intrigante em Viena.

Indo e voltando, do presente ao passado, Hanna encontra vestígios da Hagadá em 1609... em Veneza – descobre a causa da mancha vermelha no livro – vinho derramado por um inquisidor – que não mandou o livro pra fogueira- guardando-o. É um padre que tem lá seus segredos escondidos a sete chaves.

Ela descobre como o sal aparece naquele livro antigo – é água salgada, do mar- e aconteceu em Tarragona, Espanha. Um menina fugindo da perseguição dos inquisidores escapa da morte escondendo-se nas cavernas onde nasce seu sobrinho; os dois fogem e ela o batiza nas águas do mar que respingam no livro.

O pêlo ela descobre quando pesquisou o ano de 1480, em Sevilha; era pêlo de gato e não de humano e era com esse pêlo que foi feito o pincel com que o artista fez o trabalho rico de pintura entre outros achados. Era cortado o pêlo embaixo do pescoço do gato especialmente criado para esse fim – fornecer pêlo para os pincéis para as escritas mais delicadas.

Hanna Heath faz uma viagem atrás de outra pelo tempo numa narrativa de tirar o fôlego. O livro parece todo feito de contos... Tem surpresas e suspenses até a última página da história. Tosos os personagens são fictícios muito bem tramados, bem construídos mostrando a inteligência arguta e perspicaz da escritora. A autora deixa bem claro que um livro tem suas memórias e muitas, muitas vidas.


“Geraldine Brooks é australiana, nasceu em Sidnei e após concluir sua faculdade em 1982, foi trabalhar como repórter e ganhou uma bolsa para o programa de mestrado em jornalismo da Columbia University. Não saiu mais de lá e logo começou a trabalhar para o The Wall Street Journal onde cobriu conflitos e crises no Oriente Médio, na África e nos Bálcãns. Em 1994, lançou seu livro de estréia Parts of Desire, inspirado em sua experiência entre mulheres muçulmanas – sucesso imediato, traduzido para 17 línguas. Em 2006 veio a consagração com March , que lhe valeu o Prêmio Pulitzer de ficção. Atualmente Geraldine vive em com a família entre Massachusetts, e Sidnei”.- da orelha do livro -.

MVA
Enviado por MVA em 24/03/2011
Reeditado em 25/03/2011
Código do texto: T2868774
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