Resenha impressionista para "Do que é feito o pensamento" de Steven Pinker

Sou fã do estilo do Steven Pinker, então minha opinião pode não ser totalmente imparcial. Adorei a leitura desta obra! O assunto é encantador, e mesmo com a 'densidade' do tema, o estilo é ótimo: claro, simples, acessível, eu diria 'simplificador', além de estar repleto de exemplos para todas as afirmações generalistas que faz. O professor Pinker apresenta "o que podemos aprender sobre a natureza humana a partir dos significados das palavras e das construções gramaticais, e de como eles são usados". Descreve e detalha com muitos exemplos os diferentes usos de expressões, destacando a dinâmica, as intenções e os significados do uso de Metáforas, do (não) uso de palavras Tabu, e de expressões de Hipocrisia nas relações sociais. Apresenta estas últimas como um processo 'normal' para o convívio social com minimização de conflitos ("ao manter as aparências"). Coerentemente, livre da hipocrisia, defende a Teoria da Semântica Conceitual assumindo e justificando suas opções teóricas ("Como todos os pontos de vista, destaco algumas coisas e deixa outras à sombra"). Derruba falácias de argumentação de teorias concorrentes sem ser maçante. Por exemplo, entre o Inatismo e o Culturalismo, fica com a ideia (encorajada por muitos experimentos) de que as noções inatas são apenas aquelas de espaço, tempo, causação, acontecimentos, estados, coisas, substâncias, lugares e objetivos, e as determinações dos modos básicos como essas unidades agem: fazer, ir, mudar, ser, ter. Supondo que os seres humanos detêm esse arcabouço conceitual, detalha o processo de elaboração de novos conceitos, com a criação, formação, combinação e polissemia de palavras em língua inglesa (apoiando-se em muitos - muitos! - exemplos bem interessantes!). Diz ele que, ao definir novos termos para coisas e situações da sua existência, "os seres humanos pegam seus conceitos de espaço, tempo, causalidade e substância, eliminam o peso do conteúdo físico para o qual eles foram criados e aplicam a estrutura residual a questões mais leves. (...) As pessoas utilizam as metáforas não apenas para falar, mas também para raciocinar. (...) O aparato combinatório da gramática é um reflexo do aparato combinatório do pensamento, cada expressão expressando uma ideia complexa. (...) Com o uso da metáfora e da combinação, somos capazes de ter ideias novas e encontrar novas maneiras de administrar o que nos envolve." A leitura prende e encanta ao esclarecer os significados de um mundo de processos que vivenciamos no dia-a-dia.

MALANOVICZ, Aline Vieira. "Resenha para 'Do que é feito o pensamento', de Steven Pinker". Porto Alegre: Recanto das Letras, 29 abr.2011. Disponível em: http://recantodasletras.com.br/resenhasdelivros/2940470