CRÍTICA DO LIVRO 1822 DE LAURENTINO GOMES

POR BENNA BANDEIRA

Esta é uma obra incrível que realmente nos mostra outra versão de nossa história, diferentemente dos livros escolares com pouca originalidade e folclore, é rico em detalhes pautados em documentos originais, com uma linguagem moderna, divertida e sem malícia.

Laurentino conseguiu fazer com que o estudo da história não fosse maçante, monótono e sem graça, pelo contrário, a leitura se tornou prazerosa, em que a cada página lida tornava-se um estímulo a mais para saber o que viria na próxima, a cada linha, uma surpresa, uma indagação, uma curiosidade.

Do ponto de vista pedagógico, a estrutura do livro é motivacional tendo em vista a maneira que foi escrita, com uma linguagem simples e clara favorecendo a aprendizagem, como também pelo paralelo feito entre o passado e o presente nos situando no cenário, contribuindo para um melhor entendimento dos fatos.

Nesta obra, o autor nos mostra uma família real cheia de diferenças, guerreira, boêmica, egoísta, fracassada, viril e covarde, que veio de Portugal apenas para fugir das suas mazelas.

De todos os integrantes reais, D. Pedro e sua mãe foram os mais intrigantes, devido seu comportamento e caráter.

D. Pedro, era boêmio, honesto, simpático, rude, fervoroso, corajoso, maçom, guerreiro e muito mulherengo, mas de todas as suas atribuições, a paixão pelo Brasil o fez o mais notável governante, mesmo que em tropeços, devido as dificuldades da própria época, foi o mais fiel de todos, ao ponto deixar seu filho menor de idade aqui, nas mãos de tutores, para nunca mais vê-lo e seguir para Portugal com sua segunda esposa e sua filha para ser rainha, também menor de idade e guerrilhar contra seu próprio irmão traidor para não perder nem um dos dois países.

Por ser seguidor da maçonaria e liberal, o Príncipe foi excomungado pela igreja católica e perseguido por uma banda rígida do próprio movimento liberal, pois neste, havia duas linhas de pensamento, uma desejava um Brasil livre, laico, democrático, um país de igualdades, proveniente da idéia maçônica. O outro segmento cria num pais controlado pela igreja católica e pela monarquia, idéia do clero. Isso fez uma confusão enorme na cabeça da maioria, pois como pode ter um grupo com duas idéias? Isto fez a diferença e causou muitas perseguições, tanto políticas como pessoais.

O mundo inteiro estava passando por transformações e o Brasil estava de fora dessa onda, pois enquanto Napoleão, que era casado com a prima de D. Pedro, estava devastando impérios, nosso Imperador estava enrraigado nas suas idéias, mas com as mãos atadas, pois estas terras de cá, não tinha a mesma potência das de lá.

Também, enquanto nosso povo estava pautado na economia rudimentar, manual, escravagista e em guerra, tanto doméstica como com a Argentina, os Estados Unidos, colonizados na mesma época pelos ingleses, estavam a milhões de anos luz a nossa frente no sentido de educação, tecnologia e estratégias.

Infelizmente os portugueses não souberam o que fazer conosco ao nos "descobrirem", durante mais de trezentos anos tinham apenas uma idéia, extrair tudo o que podiam para enriquecer seu país e aculturar nossos nativos em prol de seu belprazer. Quando a corte portuguesa veio para cá, pensávamos que tudo iria mudar para melhor, no entanto foi o contrário. D. João e sua mulher eram de uma baixaria incomum para sua posição, ele um homem sem modos, guloso e mal cheiroso, sua esposa muito devassa, de pouca beleza, educação e simpatia.

O povo brasileiro em sua maioria era analfabeto e de poucas posses, mas muito guerreiro, travaram muitas batalhas em prol de suas terras, como os pernambucanos, que perderam um terço das suas, por não concordarem com o governo, como também os baianos que não aceitavam os portugueses em seu quintal, sem falar dos mineiros que travaram a maior de todas as brigas contra os governantes da época, pois não queriam acordar com sua exigências.

Quando afirmo que D. Pedro foi um exemplo como Superior é porque mesmo com sua vida conjugal devastada por traições, boemia, muitos filhos ilegítimos, separções familiares e discórdias entre seus auxiliares, ele manteve os dois reinos, nos proporcionou a liberdade e a segurança de não sermos mais jardim dos portugueses.

Hoje somos o que somos, por que fomos o que fomos!

Poderíamos ser diferentes, mas aí seria outra história...

benna bandeira
Enviado por benna bandeira em 07/06/2011
Reeditado em 10/02/2012
Código do texto: T3019584
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