"CAVALOS DO AMANHECER"

Cavalos do Amanhecer é o livro de Mário Arregui que, com talento e sensibilidade, descreve a essência do gaúcho (na coragem, tradição e superstição) iluminando a cena regional.

Todos conhecem cavalos. Muitos gostam de cavalos, por vários motivos. Um cavalo no campo é a imagem da natureza, parecem ser os “Cavalos do Amanhecer”.

Sentar na varanda da casa, olhar o horizonte chimarreando enquanto o sol aponta é sentir a luminosidade da aurora o cheiro verde, e ver no reflexo o cavalo em sua solidão; onde apenas concilio palavras extraviadas do animal, enquanto minha mão desliza em seu pelo.

(CAVALO, CAVALO, CAVALO,) ASSUMO / PRUMO, / A LÚCIDA VIGÊNCIA, / MÍNIMA / MÁXIMA / CONSEQUÊNCIA, / DESSA LATENTE PAIXÃO”

(Políbio Alves)

Ao registrarem suas ideias os poetas adotam na tomada do contato poético com a figura do cavalo o ritmo da linguagem que nos oportuniza “ver” e admirar a beleza do cavalo no mundo de imagens que tomam conta da alma e, também, nos fazem sentir domadores de palavras ao nos aproximar do mítico.

“... Quem dera a pampa / pouco lhe falta / a guaiaca tomada de solidão / num palanque de guajuvira / pouco lhe fala / a espora de prata / que o pasto esconde / na sua treva verde / que um cavalo cheira / e reconhece / sem coração estrelado...” (Luiz Miranda)

Com as portas sempre abertas o gaúcho se destina à companhia do cavalo, quadro que nos leva a conhecer e compreender o retrato da vida no campo, juntamente com o poeta Luiz de Miranda, “Paixão, cavalo de ventania / cavalo de cancha reta / cavalo em freio ou parelha / cavalo, cavalo, cavalo...”, onde o poeta revela o espírito inquieto do animal que representa a liberdade na expressividade que em um gesto relembra as paisagens do pampa.

Ao poetizar sobre cavalos temos revelada a força paradoxal do animal, que consiste na alma em influxo e que mostra a riqueza do corpo se oferecendo para ser percebido, como em Renato Teixeira, “Olhando um cavalo bravo / No seu livre cavalgar / Passou-me pela cabeça / uma vontade louca / de também ir / Para um cavalgar...”