Maré de sangue

Sinopse: Na Londres do início do século XXIII, arrasada, dividida por gangues de criminosos, fechada e cercada por meios-homens, mutações genéticas que serviam de escravos e que foram abandonadas à própria sorte, um casamento poderá ser a única esperança para a paz, entre a filha de um dos líderes que controlam a cidade e o seu jovem rival. Entretanto, a manifestação de uma misteriosa criatura no meio da cerimônia modifica tudo que era almejado.

Primeiro volume de uma série de dois romances, Maré de Sangue, traz um universo que mistura mitologia nórdica, guerra entre gangues a la Máfia, um pouco de A ilha do Dr. Moureau e ficção científica como em Blade Runner. Escrito por Melvin Burgess, premiado autor inglês, Bloodtide, título no original, é uma história de vingança em frente a uma cruel traição, de uma violência bem ímpar e com cenas bem tórridas de sexo.

O cenário aborda a Londres de 2200, cercada por um muro semelhante ao que fora construído na época do Império Romano, construído para manter as gangues e a ralé dentro da zona urbana destruída pela guerra e isolando os experimentos genéticos, conhecidos como meio-homens fora da cidade.

A narrativa gira em torno de duas famílias que controlam a cidade de Londres no futuro, os Volson e os Conors. Durante gerações, os líderes desses clãs, lutaram entre si, num terrível conflito que dividiu o que restou de Londres. Um tratado de paz será firmado com o casamento da filha de Val Volson, Signy, com o líder dos Conors. Entretanto, a cobiça de Conor leva a traição, que assassina a família da noiva numa visita que fariam em seu território e mantém sua esposa prisioneira em sua fortaleza. A ação mergulha a cidade numa guerra muito pior que as anteriores, um conflito que se espalha e traz os meios-homens para a batalha. A única esperança fica nas mãos de Siggy, o irmão gêmeo de Signy, que escapou da emboscada.

A narrativa cheia de ação torna-se a partir daí bem violenta, para não dizer extremamente sangrenta. Baseado na saga nórdica dos Volsungs, Maré de sangue tem de tudo para manter o leitor interessado do começo ao fim. A linguagem que Burgess para narrar a história utiliza diferentes pontos de vistas. Em vez de usar a primeira pessoa, cada capítulo é diferente, com a opinião de cada personagem que narra a cena, permitindo aos leitores a compreender seus motivos.

Os personagens têm de lidar com suas emoções em certos momentos num devastador isolamento, tão sozinhos que maculam as próprias páginas. Cada qual é descrito minuciosamente nos capítulos referentes, seus sentimentos são abordados em grande parte das páginas do livro. O amor, o ódio, a traição, a morte, a esperança, o destino Os deuses brincam com os personagens e seus destinos, como quando Odin, no casamento de Signy com Conor, crava uma faca em uma torre de vidro indestrutível e promete a arma a quem conseguir retirá-la, honra que cabe ao jovem Siggy.

Um conto épico futurista que entusiasma pela concepção apocalíptica que dá ao cenário, pelo universo distópico e pela combinação rara de mitologia nórdica e engenharia genética. Recomendo.

Cadorno Teles
Enviado por Cadorno Teles em 02/08/2011
Código do texto: T3134982
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