A vida sexual da minha tia

A sra. Dilys Homes sobreviveu a uma infância difícil e a uma família perturbada para se casar e ser feliz em um casamento. Casou-se com Francis, um advogado bem-sucedido, um homem super-devotado que paga suas contas, banca sua ostentação e apóia-a em tudo. Entretanto, por trás dessa vida de sonhos há uma mulher que não consegue discernir sua existência. Se sente vazia, algo não preenche sua vida, algo que o dinheiro não pode comprar. Algo que nem sabe o que é. Esse é o enredo que a inglesa Mavis Cheek desenvolveu para a comédia romântica A vida sexual de minha tia (The sex life of my aunt, tradução de Noêmia Maestrini, Bertrand Brasil), uma intensa, espirituosa e moderna história de questionamentos perante o amor e o dinheiro.

Como toda narrativa com esse contexto, uma mudança na atitude da protagonista era esperada. Tudo muda, quando conhece, após o enterro de um grande amigo da juventude, Matthew, um cara sem ambições que a arrebata numa desenfreada paixão, tão intensa que Dillys nem imaginaria existir. Agora para manter o romance secreto, inventa um personagem que será seu álibi: sua velha, geniosa, atrevida e gananciosa tia. Numa seqüência de mentiras, conflitos familiares e revelações surpreendentes da tia Eliza.

Com uma argumentação interessante a autora consegue entreter com sua história, a questão da traição, as confusões que a protagonista se envolve, os sentimentos dos envolvidos e os conflitos interiores são aspectos positivos do título. Contudo há momentos que seriam hilários se não fosse o excesso de piadas sem nexo que conturbam tudo que esperávamos. Os personagens são abordados mais de forma psicológica, como se a autora quisesse que os leitores refletissem sobre aquela velha máxima: o mundo dá voltas. Por fim, o desenvolvimento da história é bem desenvolto em retratar a contraditória desordem que é a alma feminina. Se Dillys caminhará para a liberdade ou para a destruição? Deixo a pergunta para quem ler A vida sexual de minha tia comentar. Leiam. Recomendo.