AS RELIGIÕES No BRASIL: CONTINUIDADES E RUPTURAS.

ALMEIDA, Ronaldo de. “A expansão pentecostal: circulação e flexibilidade.” In:TEXEIRA, Faustino & MENEZES, Renata . (Org.). As religiões no Brasil: continuidades e rupturas. 1 ed. Petrópolis, 2006. P. 111 - 122.

Em seu artigo o autor, Ronaldo de Almeida, trás uma proposta de analise do fenômeno de expansão do movimento pentecostal, mostrando desde titulo de seu texto que mostra interesse em tratar sobre o torna esse movimento tão interessante e intenso na sociedade brasileira. Ele inicia abrindo um leque de possibilidades para o que pode ser considerado com pentecostalismo, ele informa que a definição comumente atribuída ao movimento pentecostal, é a de um grupo pertencente ao meio evangélico e protestante ao mesmo tempo em que se opõe aos católicos; Almeida indaga seus leitores, com o objetivo de ampliar essa definição, sobre outras classes com as mesmas características dos pentecostais, que é o caso dos “protestantes renovados” e os carismáticos católicos. A proposta exposta no artigo é a da reflexão sobre a expansão pentecostal não pela ótica da “ruptura e continuidade”, como já propuseram em seminários, mas pela ótica da circulação e flexibilidade.

A priori o escritor fala que não pretende fazer uma síntese geral do assunto, então são lançadas três problemáticas, para servir como base do texto, que, a saber: “a fluidez dos conteúdos simbólicos; o transito religioso do ponto de vista do individuo; e os vínculos religiosos como fato de atração e integração social. Com base nesse caminho traçado de forma apriorística é levantada uma serie de argumentações para mostrar e explicar essa característica expansiva do movimento nominado pentecostal.

O primeiro ponto a ser tratado é o da fluidez dos conteúdos simbólicos, a essa parte é dado o titulo de “os mecanismos simbólicos da expansão”. Segundo Almeida é um dos fatores que tornam as denominações pentecostais, em especial as neo, tão atraente. Ele utiliza-se da Igreja Universal do Reino de Deus, ao mesmo tempo produz um ar de duvida sua nomeação como evangélica, explica o que ele chama de “sincretismo às avessas”, uma intensa dualidade entre “negação/assimilação” e inversão/continuidade. Essa dualidade é efetivada de forma que ao mesmo tempo em que a IURD combate as outras religiões, assimila sua forma de apresentação; trata as outras religiões como falsas, e atesta a presença do sobrenatural na mesma. Outro exemplo que ele utiliza é o das missões, mostrando a forma que elas negam os símbolos religiosos das outras culturas, neste caso especifico indígena brasileira. Essas missões apontam para os espíritos a quem esses povos cultuam como demônio ou forças das trevas, e em outro caso ao lhe apresentarem a proposta de batismo com espírito santo, os índios o passa por um processo de subversão enxergando como as manifestações dos xamãs. O fluxo de diversos elementos simbólicos, colocando uma visão negativa nas diferenças no universo religioso e, depois, assimilando hierarquicamente, é visto como a resposta compreender os “mecanismos simbólicos do expansionismo evangélico”, e particular entre os pentecostais.

O segundo ponto é o do transito religioso a partir do ponto de vista do individuo, ele apresenta o tópico com o subtítulo “pentecostalismo em transito”. Este ponto se baseia na survey realizada na região metropolitana de São Paulo em 2003, é falado sobre um grupo de indivíduos que fazem parte de uma classe flutuante de membros, deixa-se claro que não se trata dos “fieis clássicos do pentecostalismo. É afirmado, de acordo com a pesquisa, que muitos indivíduos no Brasil já mudaram de religião pelo menos uma vez na vida; que cerca de 1/3 dos evangélicos transitam pelas denominações; que uma grande parte dos entrevistados não era ligada a instituição mais transitando entre varias. Partindo dessas informações ele atribui essa circulação de indivíduos em religiões, e uma boa parte evangélica pentecostais, ao fenômeno de expansão do movimento do pentecostalismo. O autor nos diz que grande parte dos que praticam duas religiões, a praticam um por nascimento tradição mas ela não tem muito funcionalidade na sua vida pessoal; as pessoas buscam busca esses serviços funcionais nas áreas emocionais, financeiras, saúde; geralmente essas religiões eram as afro brasileiras, mas hoje os pentecostais oferecem uma grade gama de serviços funcionas para o homem , sendo assim alvo de constantes e grande freqüência desses membros flutuantes, que também encontram um ambiente livre onde eles são tolerados pelo menos ate o batismo. Nesse transito também se destacam aqueles que não mudam de religião, mudam de denominação, não tendo assim vínculos fortes com as instituições.

E por fim é tratado de outra problemática, “os vínculos religiosos como fator de atração e integração social. Ao escrever sua argumentação ele chama o subtítulo de “pobreza e os vínculos evangélicos”. Ronaldo de Almeida identifica como um terceiro motivo da expansão do movimento do pentecoste, pois as relações sociais são de extrema importância no mundo capitalista. Para ele a religião é um ambiente muito bom para realizar contatos importantes para a vida social. É exposto, que as pessoas que possuem poucos contatos sociais ou nenhum, tem chances raras de se darem bem no mercado de trabalho, na procura de emprego. Já no meio religioso principalmente dos cristãos pentecostais, pois em se meio os cristão criam um vinculo de auxilio mutuo, que deve-se priorizar os seus “irmãos” ou correligionários; tornando-se assim um ambiente favorável para quem busca esse tipo de auxilio. Outro ponto é o fascínio que as novas teologias cristão ( teologia da propesperidade, confissão positiva, muito presente nas denominações pentecostais, e mais ainda nas neo pentecostais, atraem muitos fieis principalmente pobres ou indivíduos em dificuldade. Assim observa-se mais um fatos que favorece esse expansionismo pentecostal.

O autor conclui que o pentecostalismo contemporâneo mesmo com essa expansão não cria vínculos fortes com os indivíduos, como ocorre com o pentecostalismo tradicional. Com isso a circulação do mesmo é acompanhada por uma maior flexibilidade da experiência, muito comum atualmente devido a uma forte tendência do pluralismo religioso e dos vínculos religiosos.