LIVRO GURUPÁ E POEMAS DO VENTO - O ESPAÇO MANÉ GARRINCHA ABRE ESPAÇO PARA A POESIA

O que parecia ser uma tarefa fácil, não passou de um ledo engano, quando achei que analisar o Livro ”Gurupá”, mas, ao passos em que eu ia lendo cada poema e cada poesia, e, deparando-me com o próximo acabava por descobrir que o autor Júlio Cesar, apesar de ser um seu primeiro trabalho, já surgia como um poeta completo, não pelo rigor da gramática ou de uma escola literária, mas sim por uma diversidade impressionante de estilos, mostrando uma sensibilidade na sua maneira de escrever, tornando o seu estilo bastante peculiar. O Júlio se atira nos versos falando da natureza bucólica com tamanha volúpia e, ao mesmo tempo se joga no concreto das cidades grandes e cheias de características múltiplas, em apenas um folhear de página; É capaz de navegar das memórias da infância à realidade atual de uma contemporaneidade cruel.

A poesia do Júlio é variada, não se prende a um só dogma ou estilo poético. É romântica, é objetiva, é observativa, é analítica, é crítica, às vezes sonora, às vezes behaviorista, à vezes tem até traços do abstrato, do concreto, é realista e se analisar mais a fundo, localizaremos mais traços nesta nova poesia que surge. O Júlio flutua naquilo que a sua alma sente no momento por isso os seus versos, são diversos e, quando nasce de um poeta deste quilate,principalmente de alguém que é da área das exatas, os sentimentos tornam-se versos mais exatos e, em razão disto só poderia sair exatamente uma primeira obra que merece aplausos e o pedido de: Júlio, agora não dá para parar de escrever poesias! Não tenha medo da crítica! O seu Antiode já é uma resposta às críticas.

O Gurupá é um livro maravilhoso! Transita por vários períodos literários. Fala doa amor e do desamor; Da natureza ao inverso; Da vida e da morte; Do forte realismo dentro de um mundo moderno de mais, onde o ser é apenas um detalhe. Um ser elegíaco para o sistema que mata e, quando não mata, aleija.

Para ilustrar esta diversidade do Júlio Cesar, discorro de alguns versos do Gurupá como paradigmas para que se tenha uma idéia da dinâmica da poesia deste novo poeta que está surgindo na praça.

...” Atrás da borboleta vai uma garotinha pisando a grama, descalça. Corre e sorri com dentinhos brancos de leite..”

...”O pudim de ricota não saiu a tempo, mas a sepultura já está lá, cuidaste de tudo..”

...”São Paulo não pode para/ O metrô não pode parar/ Então o rapaz? ( que estava parado) acelerou o passo e pulou na frente do trem(que não parou)/ O rapaz nunca mais trabalhou e muita gente perdeu a hora...”

..Sou só/ Sem céu/Sem sacro/Sem santo/Sem Sato..”

..” Nosso amor acena/do prédio em chamas,/entre labaredas./Nosso amor arrefeceu/condenou-se./Nossos liquidos cristalizados,/cravados na rocha..”

...” O jardim não contém o tráfego,/ massa autoritária/de metais e petróleo bruto..”

...”Queria escrever um poeminha/que fosse um passarinho/um tico-tico./Para brincar no telhado/ e correr no quintal./ Então à noitinha,/quando me viesse a tristeza/meu poeminha cantaria...”

...”Com suas cartas de suicídio nas mãos/todos os mortos do amor sorriem/Ao som do último tango/descansa, meu camarada...”

...”Dezoito e trinta:/os morros de Minas devoram a vida/ e a noite devora os morros de Minas...”

...” O poeta não faz versos/apenas sopra/todas as tristezas...”...”Deus existe/sempre que o crente/carece de graça...”

...”Meu filho nada, luta judô/ e vai pra escola./O meu engraxa, cuida de carro/ e cheira cola...”

Esta pequena amostra da poesia do Julio Cesar, já deixa clara a idéia do que você encontrará nas 132 páginas de versos, embarcando em uma pequena viagem através do Gurupá e poemas do vento, que são mensagens poéticas, algumas com semelhanças aos haicais e outras semelhantes às quadras. Como poderão constatar, não é tarefa fácil, falar sobre um livro cheio de variados poemas e variadas poesias escritos por um poeta que chega para ficar não como mais um e sim para marcar o seu nome na nossa poesia.

O Julio disse : Tentei dourar palavras na gordura fervente, com cebola, alho, tomate, Me deliciei com o cheiro do refogado, o que não garante a qualidade do prato mas recompensa com alguma vantagem. O Carlos comparou a uma costura de palavras, usando a palavra coser e, parafraseando o próprio Julio, darei talvez , a minha maior definição sobre o Livro Gurupá e poemas do vento: É uma feijoada completa e bem feita, com direito a um copo de caipirinha, uma cerveja gelada, caldo de feijão com pimenta malagueta, doce de leite de sobremesa,uma rede amarrada entre dois coqueiros na beira do mar com o barulho das ondas e a brisa soprando, e, na praia, enquanto casais fazem amor, trombadinhas roubam turistas.

Júlio Cesar, parabéns pelo livro e nunca pare jamais de fazer poesia, porque a sua é muito rica camarada!

ESPAÇO CULTURAL MANÉ GARRINCHA DIA 17/12/2011 ÚLTIMO SARAU

Quando recebi o convite do professor Adailton para ir ao lançamento de um livro de peosias, matutei, matutei e, no sábado ensolarado, ao ler o site do Espaço Mané Garrincha e ao comentário feito acerca do Gurupá, pelo camarada Carlos, confesso que fiquei curioso e, após aprontar-me, desci as ruas da COHAB, tomei o metrô na estação Arthur Alvim, desci na estação Sé, ai das catracas, subi à esquerda pelas escadas rolantes, depois continuei à esquerda em um longo corredor, desci algumas escadas de concretos e já estava na rua indicada para a localização do Espaço Mané Garrincha. Na rua um tanto desértica estava povoada de alguns moradores de ruas com suas carroças cheias de recicláveis (Lixo) (Um bom cenário da realidade brasileira) Ao fundo, uma avenida movimentada pelo trânsito infernal. Ao identificar a casa exata, construção antiga, toquei o interfone, e, sem pestanejarem a porta foi aberta e eu adentrei ao local, subindo as escadas. Perguntei pelo Adailton e indicaram-me a sala onde o mesmo se encontrava com um grupo de estudos de sociologia, sobre Marx. De início fiquei meio deslocado, mas ao ser apresentado ao Gurupá, e lendo as primeiras páginas, já havia me encantado com o livro e já tinha a certeza plena de que uma linda obra estaria sendo lançada naquela tarde e noite de sábado, ensolarado. Aos pouco as pessoas chegavam, e aos poucos eu já começava a me sentir em casa. Julio, o autor, quando iniciou emocionadamente o seu exórdio, falou a mesma coisa que o meu amigo poeta Novais Neto falou ao lançar o seu primeiro livro, Flutuando na Areia, que fez parte do roteiro da Novela Tieta.;Eis que o livro nasceu e já está no meio de nós. O Julio, parece um sonho, mas ele está aqui.As lágrima da companheira Daniele, é a prova de tudo e de toda a alegria sobre o primeiro livro. O Carlos leu o seu comentário espetacularmente, e logo depois, iniciou-se o Sarau com uma quantidade de poemas lidos. Poemas de autorias próprias e de escritores consagrados, como Fernando Pessoa, Drumond, Cora Coralina e outros mais. As pessoas ali , presentes, se mostraram completamente apaixonadas pela poesia e pela música. Foi uma tarde e noite, fantásticas! Agradeços ao Espaço Cultural Mané Garrincha pelo grande evento do lançamento do Livro Gurupá e poemas do vento do Julio Cesar.

Adailton, Marcos,Bia, Ana Beatriz, Paulo Jorge, Prado, Roberto, Carlos, Sardinha , Joumar, Tabita, Ana Paula, Neusa Costa , Julio Cesar e Daniele e outros cujas assinaturas não me deixam identificá-los , foram maravilhosos naquele dia 17/12/2011, último Sarau do espaço cultural, (ONDE O LIVRO GURUPÁ FOI DIVINAMENTE LANÇADO.)