RESENHA DO LIVRO: A REPÚBLICA DE PLATÃO

VALTÍVIO VIEIRA

Formação do Autor: Curso Superior em Gestão Pública, pela FATEC – Curitiba – PR; Licenciado em Filosofia, pelo Centro Universitário Claretiano – Curitiba – PR, Licenciado em Ciências Sociais, pela UCB – Universidade Castelo Branco – Rio de Janeiro – RJ, Pós-Graduado em Ciências Humanas e suas Tecnologias; Contabilidade Pública e Responsabilidade Fiscal; Formação de Docentes e Orientadores Acadêmicos em Educação à Distância, e Pós-Graduando em Metodologia do Ensino Religioso, ambos pela FACINTER – Curitiba – PR.

SÃO BENTO DO SUL - SC

2010

1. INTRODUÇÃO

A política é tudo aquilo que diz respeito aos cidadãos e ao governo da cidade aos negócios públicos. A filosofia política é assim a análise filosófica da relação entre os cidadãos e a sociedade, as formas de poder e as condições em que este se exerce, os sistemas de governo, e a natureza, a validade e a justificação das decisões políticas. A República de Platão está entre as obras mais famosas da tradição filosófica sobre política.

Este trabalho tem como problema qual é o papel do filósofo-rei na concepção política de Platão?

O objetivo deste é demonstrar a concepção política de Platão para a consciência e o exercício da cidadania na atualidade.

Neste estão inseridos, a biografia de Platão, os conceitos de polis, virtude, um breve resumo da obra república de Platão e a crítica ao pensamento do mesmo filósofo.

2. RESENHA DO LIVRO: A REPÚBLICA DE PLATÃO

Platão, na verdade seu nome, era Aristócles, ele nasceu em 428/427 a.C, e morreu em 347, viveu, portanto, durante 80 anos. Platão era seu apelido, que está associado às suas características físicas. Platôs, em grego, significa “amplitude”, “largueza”, “extensão”. Como tinha a cabeça grande e um físico avantajado aos homens da época, recebeu esse apelido.

Há um dado biográfico absolutamente essencial e que, por isso, torna-se de sua origem social. Era filho da aristocracia ateniense. Seu pai orgulhava-se ao contar que, entre seus parentes figurava o rei Codros. Sua mãe, por sua vez, sempre destacava que um de seus parentes havia sido Sólon. Desse modo, foi quase natural que Platão visse na vida política o seu próprio ideal. A obra A República atesta isso.

Outro fato marcante na vida de Platão foi à morte de Sócrates. Sua decepção com o mundo da política começa, na verdade, um pouco antes, quando dois dos seus parentes mais próximos, Cármides e Crítias participaram, de forma intensa, de um governo oligárquico. Considerou que os métodos utilizados nas ações dos governantes dessa época eram facciosos e violentos e foram executados exatamente pelas pessoas nas quais ele depositava sua confiança. Ocorre que, no momento seguinte, o governo passa a ter um caráter mais democrático, e foi justamente nessa época que Sócrates foi condenado à morte. Daí seu desprezo pela democracia. Ele considerou a morte de Sócrates a maior injustiça de sua época porque condenaram à morte um homem que, segundo ele, era o maio exemplo de filosofo de todos os tempos.

O livro a república é um dos mais importantes e influentes diálogos de Platão, composto entre 389 e 369 aC, consagrado à filosofia política e tendo como tema central à justiça. Podendo ser considerado uma reflexão sobre a decadência da democracia ateniense, propõe um modelo de cidade-estado (a polis grega) ideal.

A estrutura deste Estado e o equilíbrio social são comparados ao equilíbrio individual. Assim como a sabedoria do individuo resulta de um equilíbrio entre os três elementos que o compõem (os desejos físicos, os sentimentos e a atividade intelectual), da mesma forma o equilíbrio de uma sociedade resulta de uma harmonia hierarquizada dos elementos que a compõem: a economia, a serviço dos desejos; o exercito, elemento sentimental da nação; a direção política, semelhante à função racional.

O estado justo é aquele no qual reina uma harmonia que constitui a expressão de uma ordem hierárquica e de uma separação entre os filósofos dirigentes, os soldados e os artesãos. À frente do Estado devem ser colocados os melhores, aqueles que constituem a aristocracia do saber, o que explica a necessidade de serem educados no conhecimento filosófico.

O bem, para o filósofo Platão é tudo o que possui um valor moral ou físico positivo, constituindo o objeto ou o fim da ação humana. O Mundo Sensível é a realidade material, constituída pelos objetos da percepção sensorial; mundo da experiência. Especialmente em Platão, o mundo sensível opõe-se ao mundo inteligível, do qual é cópia.

Para Platão, o diálogo consiste na forma de investigação filosófica da verdade através de uma discussão entre o mestre e seus discípulos, cabendo ao mestre levá-los a descobrir um saber que trazem em si mesmos, mas que ignoram. Em Platão, a dialética é o processo pelo qual a alma se eleva, por degraus, das aparências sensíveis às realidades inteligíveis ou idéias. Ele emprega o verbo dialeghestai em seu sentido etimológico de “dialogar”, isto é, de fazer passar o logos na troca de dois interlocutores.

A dialética é um instrumento de busca da verdade, uma pedagogia científica do diálogo graças ao qual o aprendiz de filósofo, tendo conseguido dominar suas pulsões corporais e vencer a crença nos dados do mundo sensível, utiliza sistematicamente o discurso para chegar à percepção das essências, isto é, à ordem da verdade.

A reflexão em um sentido mais amplo, a reflexão é tomada de consciência, exame, análise dos fundamentos ou das razões de algo. Ação de introspecção pela qual o pensamento volta-se sobre si mesmo investiga a si mesmo examinando a natureza de sua própria atividade e estabelecendo os princípios que a fundamentam. Caracteriza assim a consciência crítica, isto é, a consciência na medida em que examina sua própria constituição, seus próprios pensamentos.

A Polis ou Cidade-Estado grega, da qual Atenas foi o principal exemplo no período que vai das reformas de Clístenes ( século VI a.C. ) até a conquista da Grécia por Felipe da Macedônia. A polis se constituía como uma unidade política e territorial, sobretudo através do vínculo que seus cidadãos mantinham com ela, por lealdade, identidade cultural e origem. É na polis que acontece a experiência da democracia, caracterizada pela igualdade dos cidadãos perante a lei e pela participação destes na decisão política.

Para Platão, é o mundo das idéias ou formas, constituído pelas formas puras das quais os objetos no mundo sensível são cópias, sendo por natureza imutável, eterno perfeito. No mundo inteligível, a idéia de bem é percebida por ultimo e a custo, é a causa de tudo quanto há de direito e belo em todas as coisas. Na concepção platônica, o mundo inteligível constitui a verdadeira realidade, existindo separada e autocríticos, principalmente Aristóteles, levantem o problema da dificuldade de relação entre os dois mundos, de natureza diferente e oposta.

A Sociedade não é um mero conjunto de indivíduos vivendo juntos, em um determinado lugar, mas define-se essencialmente pela existência de uma organização, de instituições e leis que regem a vida desses indivíduos e suas relações mútuas.

A lei moral é o conjunto de princípios ou regras relativos à conduta humana. Também na moral, há grandes controvérsias quanto à natureza das leis. Platão e grande parte da tradição grega consideram que a lei moral é reflexa da própria lei natural, isto é, dos princípios gerais que regem o cosmo, aos quais atingimos através de nossa razão.

No livro VII da República Platão narra uma história que se tornou célebre com o nome de mito da caverna. Numa caverna, cuja entrada é aberta à luz, encontram-se alguns homens acorrentados desde sua infância, com os olhos voltados para o fundo, não podendo locomover-se nem virar a cabeça. Um fogo brilha no exterior, iluminando toda a caverna. Entre o fogo e a caverna passa uma estrada, ladeada por um muro da altura de um homem. Na estrada, por detrás do muro, vários homens passam conversando e levando nas cabeças figuras de homens e animais, projetadas no fundo da caverna. Assim, tudo o que os acorrentados conhecem do mundo são sombras dos objetos fabricados. Mas como não sabem o que se passa atrás deles, tomam essas sombras por seres vivos que se movem e falam, mostrando serem homens que não atingiram o conhecimento verdadeiro. Platão descreve o processo dialético através do qual o prisioneiro se liberta e, lutando contra o habito que tornava mais cômoda sua situação de prisioneiro (acorrentado), sai em busca do conhecimento da verdade, passando por diversos e sucessivos graus de conversão da alma, até chegar à visão da idéia de bem. Uma vez alcançado esse conhecimento, o prisioneiro, agora transformado em sábio, deve retornar à caverna para ensinar o caminho aos outros prisioneiros, arriscando-se, inclusive, a ser rejeitado por eles.

Qual é a mensagem deixada por esse mito? Várias são as interpretações. A primeira delas é que esse homem que consegue sair da caverna é Sócrates. Ele, ao tentar mostrar aos homens de sua época que existia a possibilidade de um outro mundo, não foi compreendido e acabou sendo condenado a beber cicuta. Os homens que vivem como se estivessem acorrentados são aqueles que vivem no mundo da doxa (opinião).

Em Platão, principalmente em república, as idéias são formas, modelos perfeitos ou paradigmas, eternos e imutáveis constituindo um mundo transcendente, do qual os objetos concretos do mundo de nossa experiência sensível são cópias ou imagens imperfeitas, derivadas das idéias. Não se trata, portanto, da idéia como pensamento ou entidade mental, concepção posterior na história da filosofia, mas da idéia, como a própria essência do real, considerada como existindo autonomamente. Somente se pode atingir esse mundo inteligível na medida em que, pelo processo dialético, nossa mente se afaste do mundo concreto, através de sucessivos graus de abstração, até chegar à contemplação das idéias.

Em seu sentido originário, o termo virtude designa uma qualidade ou característica de algo, uma força ou potência que pertence à natureza de algo. Esse sentido permanece na expressão “em virtude de”, por exemplo, em virtude de mau tempo, o espetáculo foi cancelado. Em um sentido ético, a virtude é uma qualidade positiva do indivíduo que faz com que este haja de forma a fazer o bem para si e para os outros. Platão considerava a virtude como inata como uma qualidade que o indivíduo traz consigo e que, portanto, não pode ser ensinada. As virtudes designam formas particulares dessa disposição para o bem: a coragem, a justiça, a lealdade.

3. CONCLUSÃO

A República de Platão faz a definição do homem justo a partir do estudo da cidade justa; a cidade ideal, papel da educação, lugar do filósofo na cidade.

Platão enuncia as condições da cidade harmoniosa, governada pelo filósofo-rei, personalidade que governa com autoridade, mas com abnegação de si, com os olho fixos na idéia do bem. A virtude suprema consiste no “desapego” do mundo sensível e dos bens exteriores a fim de orientar-se para a contemplação das idéias, notadamente da idéia de bem, e realizar esse ideal de perfeição que é o bem. Abaixo dessa virtude quase divina situa-se a virtude propriamente humana = a justiça, que consiste na harmonia interior da alma.

Para Platão, a atividade do filósofo é visão e contemplação (teoria) do mundo das essências, a teoria ou contemplação é a visão, pela alma, no término da ascensão espiritual, da idéia do bem, último cognoscível, causa de tudo o que é direito e belo.

REFERÊNCIA:

PLATÃO. A República. Trad. Maria Helena da Rocha Pereira. 2. ed. Lisboa: Caloustre Gulbenkian, 1993.

Valtivio Vieira
Enviado por Valtivio Vieira em 24/05/2012
Código do texto: T3685778
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