Aquisição da Linguagem (SCARPA, Ester M.)

SCARPA, Ester M.. Aquisição da Linguagem. In: MUSSALIM, F.; BENTES, A. C. (Org.). Introdução à Lingüística: Domínios e Fronteiras. São Paulo: Cortez Editora, 2002. v. vol. 2, p. 203-232.

A Professora Ester Mirian Scarpa, atualmente bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq e Professora titular da Universidade Estadual de Campinas, possui vasto conhecimento na área de Linguística, possui mestrado, doutorado e pós-doutorado nessa área. Sua atuação se dá especialmente nos temas de aquisição da linguagem, analise prosódica e aspectos prosódicos da perda linguística e ainda com a aquisição de segunda língua.

A obra “Introdução à Lingüística” é composta por oito áreas relacionadas aos estudos linguísticos: Semântica, Pragmática, Análise da Conversação, Análise do Discurso, Neurolingüíistica, Psicolinguística; Aquisição da Linguagem e Língua e Ensino: Políticas de Fechamento.

No entanto, o objetivo do presente trabalho é analisar somente o capítulo sete, no qual Scarpa aborda o tema sobre a “Aquisição da Linguagem”. Neste, a História e Abrangência, Temas e Abordagens Teóricas, o Cognitivismo Construtivista de Piaget e Vygotsky, o Interacionismo Social, o Período Crítico, Estágios de Desenvolvimento da Linguagem e ainda Algumas Conclusões são minuciosamente relatadas.

Fato que desperta curiosidade entre leigos e muito discutido entre pesquisadores é a linguagem da criança. Há registros e relatos sobre a aquisição da linguagem desde muitos séculos atrás. No entanto, estudos mais aprofundados sobre como a criança aprende e adquire a linguagem começaram a serem desenvolvidos recentemente.

A Aquisição da Linguagem pode ser considerada uma área híbrida e ao mesmo tempo heterogênea e multidisciplinar. Que possui subáreas, no entanto, cada uma com seu próprio campo de estudos.

A primeira é a aquisição da língua materna que trata de redescobrir componentes clássicos dos estudos da linguagem, por exemplo, fonologia, semântica e pragmática, sintaxe etc. Seguido da aquisição de segunda língua que envolve a verificação de processos que envolvem a aquisição de segunda língua tanto em adultos como em crianças. E a aquisição da escrita que abarca o letramento, processos de alfabetização, relação entre a fala e escrita, etc.

Ao término dos anos 50, estudos relacionados aos processos e mecanismos da aquisição da linguagem começaram a serem desenvolvidos por Chomsky. Na época a corrente dominante era o Behaviorismo, teoria que defende que a aprendizagem da linguagem está ligada com o fator de exposição ao meio e decorrente de mecanismos de comportamento, por exemplo, reforço, estímulo e resposta. Com isso, aprender a língua materna seria como a aquisição de outras habilidades e comportamento, por exemplo, andar de bicicleta e dançar.

Em contra partida, Chomsky toma a postura inatista e passa a considerar que a aquisição de linguagem seria adquirida pelo fato de possuirmos um disposto inato, já inscrito em nossas mentes. Chomsky relata que em um tempo muito curto (que ocorre no máximo até os 24 meses), a criança quando exposta normalmente a uma fala composta por frases truncadas e/ou incompletas, tem o poder de domar um conjunto intricado de regras ou princípios básicos que organizam a gramática interna do falante.

Após as colocações inatistas de Chomsky surgiram duas novas vertentes teóricas o cognitivismo construtivista e o interacionismo social.

O cognitivismo construtivista aos olhos de Piaget defende a ideia de que o aparecimento da linguagem se dá na superação do estágio sensório-motor, em torno dos 18 meses, através de um sistema simbólico de representações. Já a proposta de Vygotsky, propõe que o desenvolvimento da linguagem (incluindo o pensamento) possui origens sociais e externas, nas trocas comunicativas entre a criança e o adulto.

O interacionismo social se distancia das teorias até então apresentadas. Nesta vertente, fatores sociais, comunicativos e culturais são utilizados para a aquisição da linguagem. A interação social junto com a troca comunicativa entre a criança e seus interlocutores passa a ser um tipo de requisito básico para o desenvolvimento linguístico.

A questão do período crítico trata da dificuldade que os adultos possuem em adquirir uma segunda língua em uma situação formal, ou seja, na escola. Apesar de todo esforço, erros e principalmente um sotaque estranho aos ouvidos dos falantes nativos sempre estarão presentes. Segundo Pinker (1994) obter sucesso total aquisição de uma segunda língua na idade adulta pode até existir, no entanto, é raro e depende apenas de talento.

A aquisição de uma linguagem normal, segundo Pinker (1994) é garantida até os seis anos de idade, comprometida entre os seis até um pouco depois da puberdade, e a partir disso, se torna rara. Pinker ainda diz que o período crítico acontece por causa das mudanças maturacionais que ocorrem no cérebro, como o declínio da taxa de metabolismo e do número de neurônios no decorrer da idade escolar e da redução do metabolismo e do número de sinapses cerebrais na adolescência.

Há estágios de desenvolvimento linguístico pelos qual a criança passa no período pré-escolar. Segundo Bates e Goodman (1997), por volta dos 03 a 04 meses, a linguagem se inicia através de balbucio, primeiro com vogais. Entre os 06 e 12 meses ocorrem às combinações de vogais e consoantes de complexidade crescente. Já entre os 10 e 12 meses, as palavras surgem, mas a compreensão de palavras pode iniciar algumas semanas antes. Em seguida, durante várias semanas e meses, as crianças produzem enunciados de uma palavra. No início o vocabulário é comprimido, mas há um inesperado acréscimo entre 16 a 20 meses. As combinações de palavras iniciam entre 18 e 20 meses, no entanto, primeiramente tendem a ser telegráficas. Em outro momento, dos 24 aos 30 meses, ocorre outra explosão vocabular e dos 03 aos 03 anos e meio, grande parte das crianças normais já dominam as formas sintáticas e morfológicas de suas línguas maternas.

O capítulo se concluiu de forma que há várias teorias focadas na área da investigação sobre a aquisição da linguagem. Algumas envolvem polêmicas que ainda encontra-se em aberta e em inquirição. A questão da relação entre as teorias seja entre o inato e o adquirido, ou entre o biológico e o sócio histórico entre outros, pode-se afirmar que este campo permanece em aberto, no qual há várias possibilidades de investigações.

Fatos importantes e necessários foram explanados, aqueles que possuem interesse, sejam alunos ou professores, em conhecer e se aprofundar no estudo sobre aquisição da linguagem poderá obter informações em uma linguagem acessível com exemplos interessantes e compreensíveis.

Por: Ana Paula Jacyntho

3º ano de Letras Português/Inglês

(FAFIUV/ União da Vitória – PR)

Ana Paula Jacyntho
Enviado por Ana Paula Jacyntho em 05/06/2012
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