Li a presente obra ainda na adolescência, agora apenas adaptando melhor minha compreensão. Suspeito em falar, pois o fascínio é exercido em mim nos ambientes de época, na elegância dos tílburis e nos vestidos pesados da época. As imensas cartolas, enfim. O folhetim que virou livro, e alvo da crítica e tradução de muitos sociólogos e literatos.
     Publicado inicialmente em 1892, já fase realista de Machado, utilizando a técnica da ironia e do severo pessimismo como avaliação da personalidade e costumes da época, o autor narrando a saga de Rubião, em terceira pessoa, parece na minha opinião, querer isentar-se das loucuras do poeta Quincas e a relação entre os demais personagens, parecia prever a repercussão que obteria assim como sua obra anterior, Memórias Póstumas de Brás Cubas.
     Um fundamento teórico denominado Humanitismo era a base de Quincas. Viveu tempos rodeados de outros seguidores. Resume-se a teoria da seguinte forma: não há morte nem dor, a falta de uma é condição de vida fundamental de outra, logo se completam. A vida é severa, as conquistas devem ser obtidas através de muita luta ou guerras, e o vencedor coroado e privilegiado. Rubião nada mais era que um recém-formado seguidor de Borba, em seu modo de pensar, muitas vezes na vida era preciso vencer ou desafiar os outros para se obter o sucesso. Do longo relacionamento de amizade, Pedro Rubião passou a ser o herdeiro de Quincas, com a condição de que cuidasse do cachorro homônimo ao dono. Parte então o herdeiro para o Rio de Janeiro onde apaixona-se por Sofia, esposa de um capitalista que o recebeu com a intenção de tomar-lhe a fortuna, utilizando como chamariz sua própria esposa, desculpa para frauda-lo. Esse amor não correspondido propositalmente o levou a loucura com o tempo. Tudo conspirou contra ele, até mesmo o médico recebeu uma alta soma em contos de réis para se ver livre no tratamento de Quincas.
     Termina os seus dias regressando a Minas Gerais, onde se formou, sobre uma tempestade a porta da igreja (fato principal). Repetia as palavras do velho Quincas “ao vencedor, as batatas”... morre pensando ser Napoleão.  Ao final já não se distinguiam os risos e o choro, quem era o vencedor e o vencido. Jamais abandonou o cão, que morreu três dias depois.
 
     Tudo esta muito bem subentendido, o que gera alguma dificuldade nas leituras Machadianas. Nada é totalmente explícito. A simplicidade e a descrição metódica do ingênuo Rubião, em junção ao predomínio da vontade e destemperos burgueses, faz dessa época do resquício fim da monarquia no Brasil, uma obra ímpar, rica em detalhes, que merece leitura delicada e compassiva para uma absorção a contento. 
 
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Adam Poth
Enviado por Adam Poth em 25/10/2012
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