Resenha: Nem só de pão vive o homem, mas de toda palavra
Livro: Cartas Marcadas
Autora: Celly de Freitas
João Pessoa- F&A- 2013
As palavras são suspiros da alma
Pitágoras
Cartas Marcadas, de Celly de Freitas, marcam a poesia paraibana por ser uma obra que mostra a que veio. Suas reflexões é como bálsamo àqueles que, ora, precisem de uma dose de ânimo para suas tristes vidas. Como dizia o escritor Antoine Saint Exupér “Amar não é olhar um para o outro, é olhar juntos na mesma direção.” Para viver é necessário a mão e apoio de outro. A autora reinventa, a partir das próprias lágrimas, a máxima que impele a superação de suas angústias vividas: que o Amor é o maior remédio pra corações feridos. Além disso, dá a receita de cura, encontrada em Deus e na sua criação. No Amor em si próprio e no seu próximo. Na natureza. Enfim, na verdade (verdadeira de Deus) daqueles que não se deixam abater perante as vicissitudes da vida.
Ver-se: “Agora, só restam lágrimas e dores no peito/ No espelho, uma imagem invertida/ Pedindo a Deus que dê um jeito/ Para curar esta ferida.” (p. 13) e, ainda, em Amar é verbo? (p.20) “Não vejo problema em optar/ Na mais pura sabedoria/Que amar é também sofrer/ Mas também amadurecer/(…)Pessoas são pessoas, nada mais/ O que difere são os gostos/ A maneira de agir e reagir/ Ou a mera forma de transgredir// Amar não é verbo?/ Todos já falaram isso/O difícil é saber traduzir/E mais ainda persuadir”
A poetisa empolga-nos com sua lira. Vai além das nossas expectativas, ao dirigir-se Aos Poetas (p.26) “Salve os náufragos da vida, todas as almas perdidas/ E os guerrilheiros da fantasia/ Salve a sutileza dos poetas, a esperteza dos profetas/Que colocam pitadas de amor e dor em suas obras.” Curado com amor. O Amor é seu mote. O eu-lírico contagia àqueles que são tocados pela cura, e na p. 45, em ‘Cura alopática’ sentencia: “Se os meus comprimidos estão te fazendo bem/ Que bom saber, porque as tuas drágeas me fazem delirar/ Esse composto vitamínico é muito além de biotônico/ Mostra a cada dia, uma nova fórmula de amar…”; coroando-se no outro, no amor carnal, no mais sublime amor de toda nossa existência “Se xarope muitas vezes sou/ Desculpe-me, mas quem mandou ser elixir/ Nessa nossa história de amor.”
Por fim, só posso dar os parabéns a autora por essa bela obra, afinada ao ritmo das emoções. Os seus cento e vinte seis poemas são a plena consagração dos conceitos românticos, recheados pela força vital do amor, sentimento que espero não morra jamais. Parabéns, Celly de Freitas! Que seu livro Cartas Marcadas seja o primeiro de muitos!