O tudo de Mário Prata

Mario Prata é o mais despojado dos nossos cronistas, bocudo mesmo, e isso cai maravilhosamente bem em seu tipo de texto, extremamente ágil e bem-humorado. Também há nele uma originalidade que hoje se tornou difícil de ver no gênero, cada vez mais refém dos modelos que deram certo. A ousadia de Mario Prata na linguagem, na temática, nos títulos e nos hiperlinks das crônicas de “Minhas tudo” são um ótimo exemplo disso. O cronista incorpora muito bem a ironia e principalmente a auto-ironia do gênero, sem medo de sua exposição – ao contrário, usando-a para conquistar o leitor e, frequentemente, levá-lo a uma boa gargalhada.

Muitos textos parecem ser uma piada atrás da outra. Uma espécie de stand up escrito. E Mario Prata faz um tipo de crônica difícil de ser feita, que é a de quem defende uma tese qualquer sobre o cotidiano e em cima dela faz todas as demais piadas e conclusões do texto. Sem uma aguda percepção da realidade, esse tipo de texto pode causar o estranhamento e a discordância do leitor logo de início. Mas Mario observa muito bem o “tudo” que o cerca, e consegue assim se inscrever entre os poucos cronistas atuais que mantém o mesmo nível dos clássicos.

Henrique Fendrich
Enviado por Henrique Fendrich em 01/08/2013
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