"Meu vestido côr do céu": primeiro romance que li na vida! (só moças liam romances). O presente veio de minha  filha,  precioso tesouro que me chegou num bauzinho antigo, incorporando o próprio tempo. Inevitáveis as lágrimas de emoção, ao tê-lo outra vez  nas mãos: Biblioteca das Moças, Volume 67. Romance de M. Delly, do original francês "Ma Robe Couleur Du Temps" (transcrito do original) traduzido para o Português por Tito Marcondes. Impresso nos Estados Unidos, em 1955.  Relíquia em papel, esse livro me traz, como que por milagre, outra vez a adolescência, meus verdes anos, tempo em que eu sonhava com amores românticos e pensava que a vida  poderia ser cor-de-rosa... Ou cor do céu! Ah, que  prazer escrever estas lembranças...


"Meu Vestido Cor  do  Céu"
 
Gillette d’Arbiers perde o pai, o Capitão d’Arbiers, numa expedição em Marrocos. Ela e a mãe se mudam para Tours, onde têm amigos. Ali tornam-se vizinhas do casal Barduzac, a quem a mãe, em vias de morte, acaba por confiar a tutela de Gillette. A menina tinha então quatorze anos.  Aos dezoito, após formar-se professora num convento de Madres,  ela vai para a casa dos tutores, em Vila das Palmas. Madame Barduzac e a pupila vivem às turras, e a vida da moça ali não é nada fácil, o que a faz sonhar com a maioridade.
 
 Para participar da festa dos Samponi, Gillette confecciona  o próprio vestido em crepe azul-claro. O lindo vestido cor do céu haveria de  marcar momentos importantes ao longo da vida da moça, a começar pela noite em que conheceu o primeiro namorado, o médico Marcos Borday, por quem foi pedida em casamento, meses depois.
 
Coincidindo com sua maioridade, Gillette recebe do tutor a notícia de que está arruinada: a fortuna deixada pelos pais fora toda comprometida pela falência do Banco de Loire. A moça parte para  a Quinta da Meulière, único bem que lhe restara, em Vendéa. Ali, reencontra sua ama de leite, Catarina Bardeaume que junto ao marido ajuda a moça a se estabelecer em sua velha residência. Ainda na estação, Gillette trava também seu primeiro encontro com o riquíssimo Visconde de Trézonnes - rapaz tido como frio e de temperamento duro e arredio - dono de grande fortuna e da riquíssima propriedade, o castelo da Bottellerie onde passava temporadas quando não estava em Paris.
 
Apesar da vida pobre e modesta, Gillette é feliz. Ocupa-se de novos ofícios e trava boas amizades. Através do Senhor Rouchenne, ancião que lhe quer grande bem, ela estreita relações com o Visconde de Trézonnes - muito cobiçado pelas mulheres, inclusive por Angelina, filha de Catarina. Da admiração crescente entre Guy Trézonnes e a Senhorinha d’Arbis nasce o  amor, e  o Visconde a pede em casamento. A princípio ela fica em dúvida por recear o temperamento um tanto estranho do rapaz, mas acaba por aceitar o pedido, quando numa discussão com Angelina, cujo motivo era justamente o Visconde, provoca a rival dizendo que está noiva do castelão.
 
O Visconde e Gillette se casam, têm um filho, e dividem seu tempo entre Paris e o castelo da Bottellerie. Angelina, moça rebelde e de temperamento indomável, depois de muitos desgostos dados à família, parte para Paris. Ali se entrega à vida mundana e acaba por contrair uma doença respiratória que a leva à morte.
 
O casal de castelões vive feliz, no grande amor que os une.

("Brigada", Dé!)