Tupancy: traços de sua história.
 
Este é o mais novo livro de Juraci da Silva Martins, cujo lançamento aconteceu no próprio Distrito de Tupancy, em 14 de julho de 2013. O livro propõe-se a abranger aspectos da história de um dos “quinhões” do município de São Sepé, o 5º. Distrito – Tupancy. E ao repassar a história do lugar intercalando-a com poesias próprias e de outros poetas, a autora apresenta também sua percepção pessoal e sensível dos fatos vividos. O livro, organizado em quatro partes ou capítulos, inicia-se  com o seu belo poema em homenagem à terra Tupancy.
 
Na I Parte – Primeiros habitantes – a autora procura salientar o aspecto da formação inicial do Tupancy, proveniente de grupos indígenas que ali habitavam, em especial, os Guaranis. Resgata também a origem do termo Tupancy na língua guaranítica, formado das palavras TUPÃ – o Sol e CY – Lua (divindades masculina e feminina, adoradas pelos índios)
Desde o Descobrimento, com a expansão dos povos europeus em nosso território, os indígenas vão sendo dizimados e encurralados com a redução de suas áreas originais pelo processo de escravidão e de apropriação territorial pelo homem branco europeu. Aqui nos são dadas algumas noções a respeito desses povos, suas crenças, hábitos e alimentação.
Esta Parte é entrecortada com poesias de alguns autores, entre eles alguns estrangeiros.
A autora não inclui aqui a influência do negro, conseqüência da escravidão, na formação do Distrito.

Na II Parte – Religiosidade popular – Juraci passa a tratar da cultura do homem brasileiro nessa região. Com rebuscadas palavras, resgata os lugares e as pessoas que fizeram parte de suas vivências interioranas, quintianas. Chama a atenção para a cultura do lugar decorrente do modo simples do viver pacato das pessoas. Entre crônicas, envolve-se na descrição da religiosidade do povo, citando especialmente o Pe. Otávio e as atividades religiosas desenvolvidas para a construção da Capela da Mãe de Deus. São registrados, então, traços do povo local, seus costumes, suas crenças, a educação primeiramente ministrada em residências particulares e depois a educação escolar. Menciona os primeiros professores e os atuais e o exemplo de dedicação desses mestres e mestras. 
Segue-se, nesta parte do livro, a narrativa de fatos pitorescos em crônicas a respeito dos costumes, da construção da Capela e do monumento dedicado à Mãe de Deus. Assim, vai surgindo o perfil de personagens que viveram e trouxeram benefícios à comunidade quintiana, incluindo aqui alguns de seus próprios familiares.

Na III Parte – Destaques da comunidade – a autora dá visibilidade a pessoas nascidas ou que viveram em Tupancy e que ajudaram a construir essa comunidade. Há aqui o retrato de vultos interessantes e suas principais contribuições, a sua formação, mencionando as atuações como radialista, dentista, médico, advogado, escritor, pecuarista, agricultor, político, etc. Entre esses personagens, menciona o Sr. Félix Simões Pires e sua esposa Amélia Augusta Garcia de Freitas, citando também seu filho, Dr. Inocêncio Pires, médico dedicado e humanitário, que exerceu o cargo de prefeito de São Sepé. Outra pessoa de destaque é João Luiz Vargas, nascido no Tupancy, que veio a ser prefeito de São Sepé, em 1982. Juraci dedica o relato sobre um dos primeiros moradores da localidade o Sr. José Mervilo Picada da Silva e sua esposa Maria Jovelina Costa e Silva, seus avós paternos. Inclui também uma página em memória de seus pais Abílio Costa e Silva e Julieta Pereira Santana e Silva, mencionando seus exemplos de amor, honestidade e dignidade como conduta da vida familiar. Outro destaque cabe a Vilmar da Silva Santos (o Paciência) e sua poesia. De grande importância são também os seus relatos a respeito de pessoas do povo. Menciona ainda pessoas de grande valor para a comunidade do interior, como curandeiras. Registra também o belo poema ao benzedor Paulino Vidal. 

Na IV parte – História e estória – fechando os componentes do livro são contadas passagens sobre as crendices, costumes, tradições e vivências de pessoas do lugar, lendas, time de futebol, festas, e apoio à saúde da população local.
O importante é o resgate da memória do lugar trazido à tona com sensibilidade e emoção contidas nas palavras de Juraci Martins. Fala-nos de um lugar lindo que merece valorização, enquanto ainda intocado pelos desajustes que o mundo de hoje nos apresenta. Percebe-se nas entrelinhas a saudade de um lugar, seu berço natal e acolhedor de sua juventude, que fora guarnecido pelo zelo das pessoas que ali viveram outrora. Oxalá, o Tupancy possa ser preservado pela memória e pelo presente como patrimônio entregue às gerações do futuro. O livro de Juraci Martins Tupancy – traços de sua história cumpre esse papel.

Recomendo a leitura.
Maria Aparecida Dellinghausen Motta.
Enviado por Juraci da S Martins em 29/11/2013
Reeditado em 29/11/2013
Código do texto: T4592168
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