QUANDO A ESCOLA É UMA ALDEIA ( resenha do texto )

Juciara Brito

Brandão,Carlos Rodrigues o que é educação e/Carlos Rodrigues Brandão.São Paulo:Brasiliense,2006.—(coleção primeiros passos;20) 48ª reimpr. Da 1. Ed.de 1981 ISBN 85-11-01020-3 1. Educação I.título.II.Série 06-0159.

Carlos Rodrigues Brandão nasceu no Rio Janeiro em abril de 1940. Viveu ali por 26 anos se formou em psicólogo na PUC. Em 1967 ingressou como professor e na vida universitária, primeiro em Brasília, depois Goiânia e agora Campinas. Dedica-se hoje a estudos, aulas e pesquisas de antropologia social. Alguns livros publicados pelo autor: os Deuses do Povo, Diário de Campo, Educação como Cultura, Educação Popular, O que é Educação, etc.

Brandão traz neste texto o conceito de educação do ponto de vista das tribos indígenas, pesquisado por antropólogos e sociólogos que em suas investigações repensa seriamente no modelo de ensino formal centralizado. Ele introduz suas reflexões fazendo uma comparação entre bichos que aprendem de dentro para fora por meio do instinto e do convívio com a espécie e o homem que transforma partes da natureza em invenções sua cultura em situações sociais de aprender – ensinar e aprender: Em educação.

Brandão sinaliza que quando um povo alcança um estágio complexo de organização é que começa a pensar e viver com problemas as formas e os processos de transmissão de saber .Em contrapartida afirma que sociedades tribais aprendem por meio de suas relações cotidianas, cerimônias e rituais pois a sabedoria das aldeias não “leciona” e quem aprende não necessita ir à escola .Ressalta que pelo simples fato de conviver, o saber flui até mesmo quando os adultos estimulam e direcionam as crianças nos momentos de aprendizagem ,não existe um horário para ensinar. O autor enfatiza que o próprio gesto de imitar traz sabedoria e todos os elementos do clã desempenham o papel de mestre e os aprendizes tomam a dianteira à procura do aprendizado.

Na opinião do autor por menor que seja a comunidade existem formas de transmissão de saber em diversas situações pedagógicas que transforma o indivíduo em modelo idealizado pela sociedade. Ele conceitua socialização como o processo global que a tudo envolve dentro das formas vivas e comunitárias de ensinar e aprender e endoculturação como processo de aquisição pessoal da cultura que funciona sobre os educandos como situação pedagógica numa aventura humana de torna-se pessoa.

Conforme Brandão, a educação nada mais é que uma fração da endocultura, visível sempre que há relações entre pessoas e intenções de ensinar e aprender e compara o individuo à matéria prima em que tanto no pensamento tribal quanto no dos educadores, o educando é como argila a ser moldada num adulto educado, sendo a educação o que dá a forma e o polimento. E conclui que a educação aparece sempre que surgem formas sociais de condução e controle da aventura de ensinar e aprender.

Diante das afirmações do autor entendemos que a educação não se dá apenas num espaço ou tempo e nem é necessário mestre para que ela aconteça, pois ela se aprimora entre trocas e relações.