"FAZER MÁ LITERATURA É DIFÍCIL"  
 E se tornam best-sellers - diz escritor cubano, o mais proeminente da atualidade - Leonardo Padura.

Causou risos na plateia, Leonardo Padura, ao dizer: “Há que se saber fazer má literatura, para se escrever um livro desses” – referindo-se ao “Código da Vinci” de Dan Brown, e aos livros de Paulo Coelho. E quem disse isso não foi qualquer um, nada mais nada menos que um dos maiores escritores da atualidade, o cubano Leonardo Padura Fuentes, em debate no último dia 15 de abril de 2014, sobre o lançamento de seu mais recente romance mundial. Ora no Brasil, falou sobre os best-sellers.

*Meu comentário pessoal: escolhi aliás esta resenha, por que não gosto de best-sellers, todos são como receita de bolo, trocam-se certos ingredientes de ordem e quantidade – mas o resultado é o mesmo: um bolo.
Gosto daqueles que o próprio leitor "levanta a poeira" e o elege para si e sua comunidade literária como dos melhores lidos até o momento. E o entrega ao julgamento da maior autoridade crítica no assunto: A Literatura.
Estes são daqueles tipos de livro que nunca são enterrados ou cremados, subsitem à morte. E como faz o mestre Ruy Castro, tem saudade de sua releitura, ou deseja ler um livro famoso, citado em bibliografias, os busca (mesmo após longos anos esgotados) nos sebos. Um livro vale pela sua alma e não pelo corpo sua arquitetura de propaganda e capa.


Voltando a Leonardo Padura, ele que é um antibest-seller, respondeu sobre seu livro (quase 600 páginas, com vários narradores e tempos verbais e sobretudo um fato amplamente investigado, o assassinato de Leon Trótski por Ramón Mercader). Longe de ingredientes e arquitetura de um best-seller; diz não saber claramente como “O Homem que Amava os Cachorros” pudesse ter virado assombroso acontecimento literário mundial.

A Editora Boitempo afirma que já vendeu até a data citada do debate 12 mil exemplares no Brasil, (um êxito inédito de lançamento, para um país cujos maiores sucessos literários têm tiragens de até 3 mil cópias), foi aclamado pela crítica e pela presidente em exercício e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Nascido em 1955 em Havana, Padura notabilizou-se pelos seus romances policiais de estilo literário como: “Ventos de Quaresma” e “Adeus Remingway – também jornalista e ensaísta, é um profundo estudioso da realidade cubana, onde tece contundentes críticas ao regime, reconhecendo em meio, o que de positivo possa ser retirado. Diz de seus “policiais” onde ficou famoso seu detetive Mário Conde, que, “por ser de fundo literário, qualquer leitor desde o começo saberá quem é o assassino e o que aconteceu. O que faz realmente fundo é a literatura.”

Mas o que me moveu mesmo a resenhar este texto foi a sua declaração no debate do SESC Consolação, na data acima citada, em São Paulo, na divulgação do “Homem que Amava os Cachorros”, o cubano caçoou de autores de best-sellers.
“Escrever livros como os de Paulo Coelho e Dan Brown ‘não é fácil’ não há muitos Brawns que possam escrever de modo tão horrível, como: ‘O Código Da Vinci’, e que possam vender milhões de exemplares”. "Há que se saber fazer má literatura para poder se escrever livros desses" – disse. Provocou grandes risos na plateia, que feita de escritores, jornalistas, e literatos, entenderam muito bem o conteúdo do chiste. Afinal era uma grande autoridade no assunto que estava falando, não um curioso nem aventureiro.

Pela visão política, criticou o modelo de socialismo soviético que norteou regimes como o de Cuba: “Stalin perverteu a utopia de uma sociedade igualitária”, respondeu ao: “ Por que então continua morando na ilha, mesmo tendo passaporte espanhol? “Porque sou um escritor cubano, nunca vou ser um escritor espanhol (creio que de resto responderia; ou de qualquer outro país), e um escritor é resultado de sua cultura e de sua experiência.”   
                     
Livro mais recente de Leonardo Padura Fuentes, escritor cubano, recém lançado no Brasil pel Editora Boitempo

Leonardo Padura Fuentes, foi jornalista por 15 anos, mas passou a dedicar-se exclusivamente à literatura. Seus romances com o personagem Mario Conde valeram-lhe inúmeros prêmios em Cuba e no exterior, entre eles, duas vezes, o Prêmio Internacional Dashiell Hammett de melhor romance em língua espanhola e o Café de Gijón, em 1995. Padura Fuentes destacou-se com esta tetralogia. Nascido em Havana, em 1955, trabalhou quinze anos como jornalista e em 1995 passou a se As quatro estações, composta de Paisaje de otoño, Passado perfeito, As máscaras e Ventos de Quaresma.
Seu romance mais recente é “O Homem que Amava os Cachorros”, que já vem se confirmando um sucesso mundial, só no Brasil que em média as melhores editoras fazem tiragens de 3.000 cópias para esse tipo de livro (de mais de 600 páginas) a Editora Boitempo comemora uma tiragem de 12.000 cópias
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Mauro Martins Santos
Enviado por Mauro Martins Santos em 21/04/2014
Reeditado em 02/05/2014
Código do texto: T4777827
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