Folhas de Relva
Por EstherRogessi

           O livro intitulado Folhas de Relva da autoria de Walt Whitman é um eterno presente à literatura poética de todos os tempos. Considerado por muitos: “O Pai dos versos livres” esbanjou liberdade poética em seus versos.            Ao ler “Folhas de Relva” lembrei-me de Vladimir Maiakóvsk e dos seus maravilhosos versos livres, em “A FLAUTA VÉRTEBRA”. Ambos criaram as suas obras transformando, a pena em batuta; foram maestros e regentes vigorosos. Contemplo-os: eretos, batuta nas mãos regendo em vigorosos acordes.  Versos ritimados... Ora frenéticos, ora angélicos.... E o instrumento peculiar, aos que amam o "belo," em regência perfeita, sons afinados...  Enfim,  uma sinfônica mesclada com o celestial e infernal!  
           Os seus versos se encontram, interligam-se em maravilhosa poética; repleta de  incongruências vocabulares, que ao contrário de sua definição léxica denoda, a excelência de suas vivências refletidas e expostas, através dos seus sentires em versos eternizados e renovados, sempre encantando o universo... Algumas vezes, enlouquecidos,  n'outras... mansos, cordatos, porém, jamais  desajustados!  
 
FOLHAS DE RELVA
TRECHO DO LIVRO ( Walt Whitman)
 
EU CELEBRO a mim mesmo,
E o que eu assumo você vai assumir,
Pois cada átomo que pertence a mim pertence a você.
Vadio e convido minha alma,
Me deito e vadio à vontade . . . observando uma lâmina de grama do verão.
Casas e quartos se enchem de perfumes . . . as estantes estão entulhadas de perfumes,
Respiro o aroma eu mesmo, e gosto e o reconheço,
Sua destilação poderia me intoxicar também, mas não deixo.
A atmosfera não é nenhum perfume . . . não tem gosto de destilação . . .  é inodoro,
É pra minha boca apenas e pra sempre . . .  estou apaixonado por ela,
Vou até a margem junto à mata sem disfarces e pelado,
Louco pra que ela faça contato comigo.
A fumaça de minha própria respiração,
Ecos, ondulações, zunzuns e sussurros . . . .raiz de amaranto, fio de seda, forquilha e
Minha respiração minha inspiração . . . . a batida do meu coração . . . .passagem de
O aroma das folhas verdes e das folhas secas, da praia e das rochas marinhas de cores videira,
sangue e ar por meus pulmões,
escuras, e do feno na tulha,
O som das palavras bafejadas por minha voz . . . . palavras disparadas nos
redemoinhos do vento,
Uns beijos de leve . . . . alguns agarros . . . . o afago dos braços,
Jogo de luz e sombra nas árvores enquanto oscilam seus galhos sutis,
Delícia de estar só ou no agito das ruas, ou pelos campos e encostas de colina,
Sensação de bem-estar . . . . apito do meio-dia . . . . a canção de mim mesmo se erguendo da cama e cruzando com o sol.
 
A FLAUTA-VÉRTEBRA
Vladimir Maiakóvski
 
A todas vocês,
que eu amei e que eu amo,
ícones guardados num coração-caverna,
como quem num banquete ergue a taça e
[ celebra,
repleto de versos levanto meu crânio.
 
Penso, mais de uma vez:
seria melhor talvez
pôr-me o ponto final de um balaço.
Em todo caso
eu
hoje vou dar meu concerto de adeus.
 
Memória!
Convoca aos salões do cérebro
um renque inumerável de amadas.
Verte o riso de pupila em pupila,
veste a noite de núpcias passadas.
De corpo a corpo verta a alegria.
esta noite ficará na História.
Hoje executarei meus versos
na flauta de minhas próprias vértebras.

Vladimir Maiakóvski
 

Fonte de pesquisa: www.epoca.com.br ; e  Web

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EstherRogessi
Enviado por EstherRogessi em 09/06/2014
Reeditado em 18/06/2018
Código do texto: T4838306
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