O Quinze - Raquel de Queiroz

Século XX, ano de 1930, acontece a estréia do romance “O Quinze” de Raquel de Queiroz, aos seus vinte anos de idade, ainda uma menina-moça, assim podemos dizer. Ocasião esta, que foi de grande vigor para o romance nordestino. Livro escrito cuidadosamente com cada palavra colocando seus personagens no cenário da grande seca de 1915, que a romancista conheceu ouvindo o relato dos mais velhos da época. A estréia jovial e de grande importância de “O Quinze” fazia-a participante do movimento renovador do romance nordestino da geração daquele tempo. A história é conduzida em dois planos. No primeiro, encontramos Vicente, criador de gado, a professora Conceição, bem como o vaqueiro Chico Bento e sua família. No segundo plano encontram-se ainda, Chico Bento e sua mulher. Este casal e seus filhos vivem a preconizada tragédia da seca, onde os retirantes são obrigados a deixarem suas terras. Entre os personagens, mãe Nácia, avó de Conceição, porém é Conceição quem mais se sobressai, em virtude de atuar nos dois lados da história, no que concerne enredo-narrativa. Raquel, sem vivência e sem experiência, soube com inteligência e senso de criatividade, ver e ouvir o que seria importante no seu olhar regional e saber desenhar a miséria humana circundante pelas intempéries climáticas, assim como, pelo negro cinzento da injustiça humana.