RESENHA Maria do Socorro Silva UEPB/CG BAGNO, Marcos (2008), Preconceito Lingüístico: o que é, como se faz. 50ª ed., São Paulo, Loyola

Marcos Bagno é doutor em filologia e língua portuguesa pela universidade de são Paulo (USP), professor do Departamento de Linguística da Universidade de Brasília (UnB), ele também é escritor, poeta, tradutor, com cerca de trinta livros publicados, entre obras de divulgação científica, literatura infanto-juvenil, contos e material técnico-didático. Já recebeu diversos prêmios literários. Porém seus livros mais divulgados são os dedicados à discussão sobre o português brasileiro e seu ensino nas escolas. Entre eles se destacam: A língua de Eulália: novela sociolinguística (Contexto, 1997), Pesquisa na escola: o que é, como se faz (Loyola,1998), Preconceito linguístico: o que é, como se faz (Loyola,1999) entre outros. Esse trabalho se estende através de divulgação científica, palestras, cursos, seminários e em sua página na internet.

A presente obra é uma coletânea que aborda temas sobre um assunto bastante polêmico denominado preconceito linguístico. O autor revela as inúmeras concepções das gramáticas normativas que aborda o modelo de “certo e errado”, os quais trazem sérios danos à sociedade brasileira. Bagno faz crítica às ideias estruturalistas incorporando os discursos e propostas mais recentes das ciências da linguagem e da educação. O autor objetiva induzir o leitor ao questionamento do modo como os grupos menos favorecidos são tratados no meio social. Ele luta pela inclusão desses grupos discriminados por não terem tido a oportunidade de ir à escola. Ele prima pelo reconhecimento e valorização da diversidade cultural brasileira, tomando como suporte o livro de Monteiro Lobato (1934), Emília no país da gramática, os Lusíadas de Camões (1572) e outros a quem faz referência em sua obra.

O autor apresenta modelos obsoletos de ensino tradicional, os quais persistem até os dias atuais permeando a língua falada no Brasil. Com isso ele pretende quebrar o mito do preconceito linguístico e estimular o leitor a refletir sobre o tema em discussão fora dos padrões acadêmicos. Bagno frisa que apesar das diferenças, ele pretende conscientizar a sociedade que todos os seres humanos possuem capacidade de decodificação, e que as mudanças linguísticas são apenas um processo sociocognitivo que se deve a fatores sociais, criando as variações linguísticas entre falantes. Dessa forma, ele diz que a gramática não deve ser entendida como único e meio correto e imutável para construção da linguagem, já que a língua está em constante evolução.

O livro está dividido em três partes: A mitologia Preconceito linguístico que compreende o capítulo I; O círculo vicioso do preconceito linguístico II; A desconstrução do preconceito linguístico, capítulo III.

No primeiro capítulo o autor enfatiza o modelo da existência de oito tipos diferentes, de mitos que representam o modo como os brasileiros se comportam ao analisar sua própria língua. Explicita a ideia de uma cultura manipulada de modo que não reconhece o alto grau de diversidade e de variedade nas diferenças regionais, negando assim sua legitimidade. O autor salienta no mito 2 a diferença entre a língua escrita e falada enfatizando a classificação do modelo “ certo e errado “postulado pelas gramáticas normativas, fazendo com que os povos que vivem às margens da sociedade sejam excluídos do âmbito social. No mito cinco, o autor diz que é preciso abandonar a ideia de melhor ou pior atribuído a um único lugar ou comunidades falantes e no mito 8 ele aborda o domínio da língua padrão como um instrumento de ascensão social”.

Levando em consideração a visão do autor neste primeiro capítulo do livro em que ele faz críticas ferrenhas aos gramáticos e, sobretudo ao ensino tradicional nas escolas sobre a língua portuguesa. Fica em aberto uma questão: Qual seria, então, o método de ensino sugerido pelo autor para ser ministrado nas escolas? Sim, porque mesmo as variantes linguísticas necessitam de estrutura para se fazer compreender. A meu ver, a citação do autor, prima por uma inclusão completamente sem propósito, pois, como será possível que um indivíduo iletrado que nunca frequentou uma escola poderá inserir-se em uma classe social com grau de instrução elevado versado em várias áreas técnicas - cientificas sem nenhuma restrição? Como tal indivíduo se adaptará ao meio? Provavelmente como leigo tratará as informações recebidas como códigos incompreensíveis, e a função da língua não terá sido consumada.

No segundo capítulo: “O círculo vicioso do preconceito linguístico”, o autor pede atenção do leitor para as questões dos comandos para-gramaticais que funcionam disfarçadamente fixando ainda mais o preconceito linguístico.

No terceiro capítulo, Bagno aponta alguns modos possíveis para superar o problema em discussão. Segundo ele a sociedade deve se opor às normas políticas, econômicas e culturais entre outras questões como a manipulação e opressão, onde ele expressa sua opinião e diz que tais fatos só consolidam e eternizam a sociedade burguesa.

É perfeitamente notório que a obra analisada, explicita o combate ao preconceito linguístico e faz crítica os gramáticos como se eles tivessem criado a gramática com o propósito de favorecer o preconceito linguístico no âmbito social. A linguagem técnica é essencial no meio acadêmico e inconcebível sua dispensa, que absorve a verdadeira entidade da língua culta em admissão de uma comunicação coloquial sem natureza científica. Fato que invalidaria a formação acadêmica.

RESENHA

CAMPINA GRANDE

2010

BIBLIOGRAFIA

BAGNO, Marcos. Preconceito Lingüístico: o que é, como se faz. 2 ed. S. Paulo:Ed: Loyola, 2008.

Maria Lais Silva
Enviado por Maria Lais Silva em 13/09/2015
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