Livro: Ensino de Ciências e Cidadania

Segundo o livro “Ensino de Ciências e Cidadania”, a noção de ciência no meio didático ainda está agregada a assuntos que a restringem, dessa forma, há um afastamento da amplitude de conceitos que podem ser tratados a partir dela, que é conhecida pela memorização de vocabulários e por apresentar assuntos como plantas e corpo humano mas, para que a visão de ciência seja associada a algo mais abrangente, o movimento de alfabetização científica precisa ser constante e suprir as barreiras da sala de aula, para problematizarmos seus impactos na sociedade e para que sejamos participantes efetivos na tomada de decisões sobre assuntos que a envolvam.

As instituições de ensino são carregadas de dificuldades que impedem que o discente seja um colaborador. O empecilho inicial acontece nos currículos, uma vez que os professores não estão dispostos a abrir mão do isolamento disciplinar para ocorrer maior interdisciplinaridade, visto que isso acarretaria em opiniões divergentes entre os alunos e exigiria uma mudança de postura tanto na maneira de lecionar, quanto nas discussões que poderiam ser desenvolvidas, o que torna as matérias fechadas e redondas ao longo do percurso estudantil, assim como há a criação de ideias distorcidas da ciência, impedindo sua interação com a tecnologia e a sociedade. Porém, ela faz-se presente fora dos muros da escola, faz parte do nosso dia-a-dia, de nós e do desenvolvimento tecnológico que nos cerca e é de grande relevância que tenhamos domínio sobre o conhecimento científico para desfrutarmos de uma melhor qualidade de vida. Sendo assim, possuir alfabetização científica na contemporaneidade é fundamental, pois a popularização da ciência tornou-se algo muito mais cumulativo e arquitetado, aberto a mudanças e variações, comportando rupturas e gerando influência nas relações sociais, políticas, econômicas e ideológicas, fornecendo uma ideia de identidade coletiva necessária à participação social e à concretização do processo democrático.

Com o público sendo sujeito ativo no procedimento de divulgação e não somente receptor de informação, tornando-se componente essencial de qualquer proposta atual de alfabetização científica, fica fácil integra-lo às decisões sobre o que, o como e o motivo pelo qual é inevitável propagar/discutir as informações a respeito da ciência.

Ao meu ver, a ciência transcende o período escolar, ela está presente na formação dos indivíduos para a vida, não dependendo única e exclusivamente do lugar-escola, a alfabetização cientifica deriva também da integração de espaços tanto formais quanto informais, como da ação e mediação de várias instancias sociais. Porém, o que nos é transmitido sobre ciência é reduzido à uma difusão mecânica de conteúdos e regressa à simplificação. É necessário que aconteça uma reestruturação do projeto político-pedagógico das instituições de ensino, transformando as concepções iniciais dos professores, para que sobrevenha um trabalho coletivo e reflexivo com as turmas, sob perspectivas da interdisciplinaridade, sendo assim, a ação docente não deveria ser produzida na individualidade e sim, através da participação de todos os agentes educacionais, para que o aluno não apenas receba um emaranhado de informações e conteúdo desconexo, mas para que seja receptor de estudos pautados em situações sociais, próprias do cotidiano e em conformidade com o seu repertório cultural e suas vivências.

Ensinar ciência precisa ter como uma das principais funções a formação do cidadão cientificamente alfabetizado, capaz de reconhecer, identificar, compreender e fazer uso dos conhecimentos científicos em seu dia-a-dia, no exercício consciente de sua cidadania e dar condições aos alunos para compreender processos naturais e tecnológicos, dominar, linguagens, enfrentar problemas, desenvolver curiosidade e a preço pela cultura científica, fornecendo forças e referenciais que lhes permitam entender o mundo que os rodeia e comportar-se nele como atores responsáveis e justos, desse modo, a escola precisa ser um sistema aberto, o processo educativo não pode ser um elemento fechado, solitário, conforme a visão mecanicista, mas reativo, relacional e modificado em presença de outros autores. Num processo de mudança, as condições institucionais e a falta de cultura institucional escolar que adote essas ideias, limitam as potencialidades de propostas inovadoras.

Por fim, a pratica docente precisa ser pautada na perspectiva do aprender a ser, na qual o ensino de ciências para os sujeitos conduza à tomada de consciência com base na liberdade de pensamento, discernimento e sentimentos mediante as situações que lhes são apresentadas ou desenvolvidas no processo de ensino e de aprendizagem, postura que desenvolve visão solidária, de modo a perceber que o outro também é importante, convergindo para mudanças de atitude.

Nonname
Enviado por Nonname em 28/05/2017
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